Olhar penetrante

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Não entendia e nem estava pronta para entender, mas o homem enchia os olhos de todos os que estavam em volta, principalmente das mulheres. Joy desceu primeiro e entregou o capacete ao irmão, ajeitou os fios de cabelo e caminhou em minha direção. Me tomou em seus braços e sorriu.

- Bom dia.

- Bom dia, Joy - Devolvi o sorriso.

- Bom dia - Ela sorriu ainda mais e cumprimentou Blake, que por algumas frações de segundos, não desmaiou.

- Bom dia - Tentou manter postura, mas não pode esconder o sorriso de felicidade.

Joy se virou para trás para mirar o irmão e eu a acompanhei. E pela primeira vez, pude visualizar seu rosto, descoberto. Seus cabelos eram brilhantes e alinhados, a barba por fazer e bem detalhada, algumas sardas discretas espalhadas pelo nariz e testa, um piercing no canto do lábio inferior e seus olhos verdes, penetrantes. Céus. Ele ajeitou os capacetes no braço esquerdo e caminhou em nossa direção, sem me olhar nos olhos. Cumprimentou Blake.

- Essa é minha irmã, Gabriela - Blake apontou para mim, e sorriu.

- Prazer, Gabriela - Abriu um sorriso ladino e pela primeira vez me fixou os olhos. Estendeu a mão direita em forma de cumprimento e me penetrou somente com o olhar. Me fitou de cima a baixo, discretamente - Nathaniel.

- Prazer, Nathaniel - Meio desconcertada e com a mão direta colada na do homem, rebati.

Nathaniel descolou nossas mãos e olhou para Joy - Vou guardar os capacetes no armário, fique atenta no vôlei.

- Eu vou contigo - Blake afirmou, e caminhou atrás do homem.

Mirei os dois saírem e me intriguei. Os olhos verdes de Nathaniel pareciam me dizer algo, mas eu não sabia o que. Eram viciantes. Pareciam me penetrar ou buscar uma memória estúpida em minha alma.

- Vamos entrar também? - Joy questionou.

- Vamos.

Virei-me para acompanhar Joy e percebi diversos olhares de todo tipo, vindo para nós. Não liguei, mas vi Joy olhar na mesma intensidade para quem olhava para ela, quase igual ao olhar intenso do irmão. Adentramos a classe e nos sentamos nos devidos lugares.

Por sorte, as três primeiras aulas passaram como foguetes. O sino soou para o "descanso" e observei Joy se levantar, parecendo afoita e feliz.

- Vamos na quadra - Ela pediu, com os olhos brilhando - Meu irmão vai jogar.

Afirmei com a cabeça e segui seus passos. Adentrei a quadra e sentei-me ao lado da ruiva, na arquibancada. O vôlei sempre foi um dos maiores jogos da faculdade. Os melhores campeonatos e competições eram os relacionados ao vôlei. Blake sempre gostou de participar, então sempre esteve dentro das participações. Alguns jogadores entraram em quadra, incluindo Blake e Nathaniel.

Rolei os olhos pelas arquibancadas e observei que maioria das pessoas que estavam ali, eram meninas. Me questionei por dentro, mas nada disse. Os homens começaram a primeira partida e Nathaniel fez um ponto, quando fez, se virou e procurou Melina, e para ela, jogou um beijo. Minha mente pareceu explodir. Nathaniel estava jogando um beijo para a ex namorada do amigo dele? Que idiota.

E além de idiota, logo pra ela? Que desperdício. Imediatamente olhei para Blake, que retribuiu o olhar, calmo e sereno. Estranhei, mas nem precisei ditar nada, Joy fez por mim.

- Ele não sabe que a insuportáveis é a ex do Blake - Ela olhou para mim e fingiu ânsia, brincando.

- Ah, não? Achei que soubesse.

Ela negou com a cabeça e voltou a atenção para a quadra. Como Blake não havia contado da ex namorada? E mesmo se não contou, como conseguia ver o amigo dar vestígios claros de que estava com ela? Meu deus.

A partida chegou ao fim e os homens saíram de quadra. Esperei alguns segundos ao lado de Joy até que Blake surgiu, com Nathaniel atrás.

- Jogaram bem - Joy soltou um sorriso aberto, e mirou os olhos de Blake.

- Obrigado - Ele agradeceu.

Nathaniel nada disse. Meu irmão sentou-se em minha direita e Nathaniel no degrau debaixo, em minha frente. Sua respiração era desregulada e seus fios de cabelo estavam molhados, de suor. Seus olhos se encontraram com os meus e ali, permaneceram.

- Está tudo certo para depois? - Blake questionou, olhando nos olhos de Nathaniel.

E com o olhar fixo no meu, rebateu a meu irmão - Tudo certo.

Nathaniel remexeu a língua pelo piercing no lábio inferior e depois os molhou. Seus olhos pareciam buscar algo nos meus, como se os perfurasse e olhasse minha alma. Era estranho, mas ao mesmo tempo me causou arrepios. Desviei o olhar por vergonha e percebi o sino soar.

- Mas já? - Joy bufou, em reprovação.

- Te encontro na saída, pestinha - Nathaniel se levantou e mirou os olhos da irmã. Pegou impulso para caminhar para longe, mas parou quando encontrou meus olhos.

- Até mais, Gabriela.

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O encontro veio ai! 🫶🏼 Demorei um pouquinho mais para escrever por conta dos compromissos do dia a dia, mas prometo ser mais ágil🥹

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