Se eu fosse um ambiente de trabalho

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Após um delicioso banho relaxante em que se deu ao luxo de utilizar todos os produtos caros presentes no banheiro de Lady Sam, Mon agora encarava o closet monocromático com uma feição desgostosa. Só havia preto e cinza. Uma ou outra peça branca perdida, mas todo o resto extremamente escuro. Não existiam cores na vida dessa mulher? E todas as entrevistas dizendo que amava vermelho? Tinha certeza de que em pelo menos três ocasiões diferentes ela falou sobre.

Entretanto, a questão mais importante era: quem não tinha pelo menos uma peça rosa?

Um crime!

Tentada a vasculhar, mas sem saber até onde poderia bisbilhotar a intimidade de Lady Sam, escolheu a peça que estava mais à vista: um macacão preto de mangas curtas, simples e elegante. Nos pés, procurou par de algum calçado que não fosse salto alto e falhou miseravelmente na missão – sem opções, calçou uma sandália com as letras YSL marcadas de forma grande demais e que lhe oferecia a menor possibilidade de queda. Por fim, a maquiagem de produtos nunca vistos antes serviu apenas para ressaltar toda a beleza do rostinho daquela que faria qualquer Miss renunciar ao título.

Sentia-se linda.

Quer dizer, Lady Sam estava linda.

Era tão bizarra a sensação de estar no corpo de outra pessoa que sentia como se estivesse numa gameplay em que controlava a personagem principal, daquelas que Yuki adorava assistir pelo notebook: eram suas decisões, seus movimentos e seus sentimentos, mas num corpo que não lhe pertencia. Loucura total.

Balançou a cabeça para evitar pensar demais em todas as questões que envolviam atualmente a sua vida e pegou o celular para chamar um carro de aplicativo para levá-la até a sua casa e encontrar Lady Sam. Inclusive a chefe nesse meio tempo havia ligado outras cinco vezes, tanto para apressá-la quanto para expressar o terror de descobrir que tem uma stalker número 1 ao vasculhar sua intimidade – Mon particularmente sentia-se mais ofendida pelo termo pejorativo que pela invasão de privacidade. Contudo, o som do toque do celular interrompeu o pedido do carro e Mon suspirou pela centésima vez antes de atender.

Está atrasada. – A voz do outro lado soou autoritária.

– Já estou a caminho, Lady Sam. – Respondeu com toda a paciência que passou anos exercitando.

Quantos minutos?

Com agilidade, saiu da aba da chamada e voltou para o aplicativo, iniciando o pedido por um motorista e vendo que, após ter a corrida aceita, ele estava há dez minutos de distância. Percebeu, então, que não sabia exatamente em que parte da cidade estava, só se utilizou do GPS para encontrar o seu ponto de embarque.

Havia um limite de informações que Lady Sam disponibilizava para a impressa e seu endereço não estava incluso. Mas com certeza ela residia numa área nobre de Bangkok, muito distante de sua humilde residência no subúrbio.

– Hã... Acho que talvez uns trinta, Lady Sam. – Respondeu com incerteza, mordendo a unha do dedo indicador.

TUDO ISSO? – O grito fez com que afastasse o aparelho celular da orelha, impressionada com a frequência que sua própria voz conseguia alcançar. – Droga, eu tenho que estar na empresa em quinze minutos! Mude o destino para a Diversity, Mon, e me encontre no hall de entrada.

E desligou.

Com medo do que poderia acontecer caso não a obedecesse, Mon rapidamente mudou o destino e observou com alívio o tempo até o desembarque diminuir pela metade.

Sem saber direito quais os itens essenciais para a sua chefe, pegou a bolsa que estava sob a cômoda – julgou que fosse a que ela utilizou na noite passada – e desceu as escadas, preocupando-se apenas em trancar a porta da frente e o portão de entrada. Correu até o carro que já estava parado em frente à casa e entrou no veículo, só então podendo observar a fachada luxuosa. "Ei, aquilo ao fundo é uma piscina?", sorriu animada. O verão estava se iniciando e as temperaturas mais altas não tardariam a ser rotina. Seria bom poder refrescar-se sem precisar pagar por isso.

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⏰ Last updated: Sep 24, 2023 ⏰

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