𝟏𝟖 | 𝐆𝐈𝐍𝐄𝐂𝐎𝐋𝐎𝐆𝐈𝐒𝐓𝐀

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— É... — coço a nuca, sem saber como explicar. — É meio complicado.

— Ainda não decidiu qual método contraceptivo usar, Isa? — A testa dela se franze em preocupação. — Já eliminamos o anticoncepcional por causa de todo o seu histórico com o cisto. A melhor saída seria o DIU. Sem hormônio.

— Eu sei. Mas toda vez que eu marco pra colocar, alguma coisa acontece. Ou preciso ajudar o Tom. Ou tenho que ficar mais tempo no estúdio. Ou minha mãe precisa de mim. — Nem estou mentindo, parece que o destino gosta de brincar comigo. — Nunca consigo ter tempo.

— Certo, e o que você está fazendo pra não engravidar? Camisinha?

— Não sou uma pessoa que tem a vida sexual tão ativa assim, doutora.

— Certo. Então isso não mudou muito do ano passado pra cá. — Ela verifica no monitor. — Não tem namorado, nem peguete, nem nada do tipo, né?

— Bom, não exatamente.

Fernanda segura as mãos e olha fixamente para mim, esperando uma resposta.

— Arrumei um ficante fixo — é como decido descrever o Joaco. — Mas, tipo, em média, a gente se vê uma ou duas vezes por semana. Temos vidas corridas e... meio que nossa relação é secreta.

— Certo. — Ela dá de ombros para essa informação, pois está mais preocupada em proteger a minha vagina. — Devemos nos preocupar mesmo assim se estiver usando só a camisinha. 'Tá fazendo mais alguma coisa? Tabelinha? Coito interrompido?

— É... — Jesus, é muito ruim ser pega no erro com tanta facilidade. — Vez ou outra eu verifico meu período fértil no aplicativo.

— É realmente um milagre você ainda não ter engravidado. — Ela fica meio incrédula. — Vamos reverter isso já! Ainda mais você não se sentindo capaz de ter outro filho. Como anda a sua menstruação?

— Atrasada.

— Atrasada?? — Ela aumenta um pouco o tom de voz. — Quantos dias?

— Era pra ter descido anteontem. Então... dois dias? Mas não precisa se preocupar com isso. — Não deixo de lembrá-lá. — 'Tá atrasada por causa da minha semana estressante.

— Você fez um teste de gravidez?

— Sim — respondo na lata.

Ontem, depois daquele dia conturbado, com crise de ansiedade, com um teste fodido que me esforcei muito para passar e agora aguardo ansiosamente o resultado, fiz questão de comprar um teste de farmácia. Eu estava aflita e precisava me aliviar de alguma forma.

Eu tinha passado mal durante o dia. Vomitei e estava me sentindo meio mole. Sintomas de gravidez, não é mesmo? É claro que quando cheguei em casa, esse assunto ficou me atormentando.

Me arrepio só de pensar em estar gerando outra vida dentro de mim. Não posso estar grávida de novo. E se estou, preciso ao menos correr atrás disso o quanto antes. Me cuidar. Cuidar do meu bebê e essas coisas.

Por isso, ontem, deixei Tom com o pai dele, sem nem descer pra conversar com Veiga (como ele queria), fui pra farmácia logo em seguida, comprei e mijei naquele potinho.

— Qual foi o resultado? — a minha doutora me pergunta, já com a caneta em mãos. — Dependendo, a gente nem faz o transvaginal hoje e já vai direto pros outros exames.

— Ah, não. — Nego em paz com esse assunto, porque, pode acreditar, não terei preocupações futuras. — Deu negativo.

— Ah — ela solta um suspiro imediato de alívio. — Menos mal. Ótimo, vamos seguir pro exame. — Ela indica o outro lado da sala. — Pode retirar a roupa, vestir a camisola e se sentar lá na cadeira atrás da cortina. Já te encontro lá.

INTERE$$EIRA ━ palmeirasWhere stories live. Discover now