𝟏𝟓 | 𝐃𝐎𝐑 𝐃𝐄 𝐂𝐀𝐁𝐄𝐂̧𝐀

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— A única coisa difícil, príncipe — o menino aponta um dedo pra mim —, vai ser quando a bomba explodir. — Vejo quando ele desvia o olhar pra não sei quem, que não estou prestando atenção. — E eu não quero estar aqui quando isso acontecer.

— Meu cria!!! — Murilo, lá do outro lado, acompanhando de Rios, chama por Endrick que não perde tempo em caminhar em direção ao zagueiro do time.

Suspiro de alívio assim que estou sem o pivete. O moleque está determinado a colocar juízo na minha cabeça, mesmo que eu não precise.

— O que foi isso? — Zé questiona, desviando o olhar de Endrick o qual acaba de se juntar com Murilo, e olhando pra mim de novo. — Os papéis se inverteram? Agora o poste que mija no cachorro?

— Endrick acha que eu vou voltar com a Isabella — digo, coçando a cabeça e subindo numa das bicicletas. — E pelo visto ele não quer que isso aconteça.

— E você vai? — Piquerez abre a boca pela primeira vez, me olhando com certa dúvida e... não sei dizer que tipo de olhar é aquele, mas não parece ser de aprovação.

— Voltar com a Isabella? — Ele assente. — Claro que não, Piquerez. Estamos... é... tentando manter a relação o mais amigável possível por causa do Tom.

— Hum. — Ele resmunga, franzindo as sobrancelhas, mas decide dar de ombros ao olhar para seu celular de novo.

— E você?

— O que me tienes? — Ele volta a pergunta, com o olhar bobão de dúvida e o sotaque proeminente.

— Com quem 'cê 'tá flertando agora? Não sai desse celular. O dedo vai ficar com câimbra.

— No estoy flertando com ninguém.

— Ah, é a morena — Zé informa com uma risadinha, fazendo Piquerez bufar de nervoso. — Uma modelo que tem um caso com o Vini Jr.

— E você quer, por quê? — Questiono em dúvida. — Se ela 'tá comprometida, você mete o pé.

— O Bobão tem fama de talarico.

Piquerez ergue o dedo do meio pro Zé antes de olhar pra mim.

— No estoy saliendo con ninguna morena. Estoy de buena.

— Mentiroso! — Zé bufa, me obrigando a duvidar de tudo que Piquerez diz. — Ela 'tava aí enchendo o saco do nosso uruguaio. Fidelidade parece não ser o forte dela.

— E nem o dele — entro na pilha, rindo.

Desde que Piquerez chegou no time e nos tornamos próximos, ele não consegue ficar firme com nenhuma mulher. É sempre um ciclo doentio. Ele se interessa, eles ficam, depois ele se cansa e começa a dar um gelo até a mina meter o pé. Piquerez não nasceu pra namorar ou ele está determinado em não arrumar uma mulher até ter trinta. Vai saber. Tem cara que é preservado.

— Já disse. Estoy de buena.

— E 'tá de "buena", por quê? — Zé questiona. — Alguém já conquistou seu coração? Ah, espera. Isso nunca aconteceu, né?

— Quem conquistou, Bobão? — Pergunto, curioso. — Conta pra gente.

— ¿Por que no cuidan de sus vidas?

Damos risadas e o assunto morre quando Marco, o preparador técnico, brota na academia, batendo as mãos umas nas outras.

— Bora treinar!

Seguimos o treino calmamente e, graças ao bondoso Deus, acabamos no horário, às cinco.

Consigo ter tempo até de sair pelo portão principal e tirar foto com alguns fãs que sempre estão ali na frente pra conseguir qualquer mísero contato com a gente. Eu acho isso foda. É a melhor parte de ser jogador, ter esses momentos com os torcedores.

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