-Como ela ta?- Abel perguntou e eu ri sem graça.

- Triste por não ter vindo.- Falei.

- Bom, vamos. Peguem suas coisas.- Ele falou e fomos para o ônibus.

Novamente o clima tenso do time estava lá e toda a calmaria que Milena havia trazido, esse clima ja tinha matado.

Resolvi colocar meus fones e ficar escutando música, Scarpa assistia algum vídeo de skate, Piquerez estava com fone também, alguns conversavam baixinho, outros estava apenas olhando pro nada. E assim chegamos na arena, era bem grande e ja tinham alguns torcedores la nos esperando.

Agora era só esperar e tentar relaxar enquanto não entrava em campo.

Fomos levados até o vestiário e os alongamentos começaram, enquanto alguns iam aquecendo, outros iam repassando as estratégias.

Abel e Joao Martins conversavam sobre algo e parecia estar animando os dois.

Fomos guiados para dentro do campo para a apresentação e comecei a tocar bola com Gomez. Corremos um pouco, treinamos os últimos chutes e voltamos para o vestiário.

Coloquei meu uniforme e amarrei minha chuteira. Esperei pelos outros e então Abel iniciou seu discurso e logo depois Gomez e Weverton finalizaram com algumas palavras motivadoras.

O time do Athletico ja estava posicionado com as crianças e nós ficamos esperando pra entrar.

Após longos minutos cantando o hino, cumprimentando e finalmente nos posicionando, o jogo foi iniciado. Começamos com alguns passes tentando abrir o jogo.

A disputa era equilibrada e parecia impossível falar quem faria o primeiro gol ate que erramos.

Um passe certeiro pra pequena área resultou no primeiro gol da partida. 1×0  para o Furacão.

Olhei para Abel na lateral do campo e ele não possuía expressão alguma, aquilo me assustou.

Os minutos foram passando e mesmo com chutes pro gol nada entrava, o goleiro pegava todas mas a diferença de gols não aumentava, Weverton defendia todas.

Ao fim do primeiro tempo a tensão presente no vestiário era maior ainda.

- Animo galera, a gente consegue!- Gomez falou tentando ajudar.

Sentei e peguei uma garrafa de água, joguei a maioria do líquido em meu rosto e pescoço e depois troquei de camiseta. Abel falou o que tinha pensado pra tentar salvar o jogo no próximo tempo e depois voltou para seu caderno.

Ficamos la descansando os 15 minutos e então voltamos para o campo.

Os jogadores que ainda não tinham entrado desejam boa sorte e falavam palavras legais e tentavam ajudar.

O apito foi dado e a bola voltou a rolar e o time continuava tentando avançar até que eu senti uma dor terrível.

Não entendi direito o que havia acontecido, uma hora eu estava tentando salvar a bola e na outra eu estava no chão sentindo a pior dor do mundo na meu tornozelo, na hora eu ja sabia o que seria.

- Chama ajuda!- Alguém falou, eu apenas apertava a minha perna pra ver se a dor passava.

- Ta doendo muito.- Falei.

Passaram um spray no meu tornozelo e me ajudaram a levantar, mas a dor não diminuía.

- Consegue continuar?- O fisioterapeuta perguntou e eu fiz que sim.

Ele me olhou desconfiado mas saiu com as coisas, eu tentei andar mais um pouco mas estava mancando.

- Não vai dar Veiga.- Dudu disse me olhando apreensivo.

A dor era insuportável que eu mal aguentava ficar em pé, deitei no chão e esperei que Abel fizesse a troca.

Quando eu sai do campo, os jogadores me cumprimentaram e Abel veio falar comigo.

- Vai dar tudo certo rapaz.- Ele disse e eu senti algumas lágrimas em meus olhos.- Vamos cuidar disto, okay?

- Ta doendo tanto.- Eu disse e recebi o saco de gelo dos fisioterapeutas.

Assistir o restante do jogo ali sentado sem poder fazer nada foi torturante. A dor não passava, o time perdeu, todos estavam pra baixo.

Assim que eu entrei no vestiário com a ajuda dos fisioterapeutas eles me ajudaram a sentar e então eu peguei meu celular.

Tinham muitas ligações perdidas, tanto de meus familiares quanto de Milena.

"- Finalmente!
Se você não me atendesse eu ia pegar um aviao pra Curitiba serio.
Como você ta?
Que raiva daquele jogador.

-Oi Mi
Não sinta raiva dele, nem eu tô.
Meu tornozelo ta doendo muito e eu lesionei.
Soube na hora que senti essa dor.

-Eu sinto muito Rapha.
É muito grave?

-Vamos voltar pra São Paulo e eu vou fazer uma série de exames.
Mas acredito que seja bem grave.
Nunca senti tanta dor.

-Queria estar com você.
Vou estar te esperando aqui tá.
Me avisa quando chegar.

- Aviso sim princesa.
Obrigado por ligar.

-To com saudades.
Te vejo depois ta.

-To com saudades também."

-Vamos ter que cuidar muito bem disso.- Um dos fisioterapeutas disse.- Mas ja aviso, pelo tamanho que tá seu tornozelo, não vai ser fácil.

- Obrigado pela ajuda.- Falei e ele me olhou triste.

Seria assim agora, olhares tristes, com dó. Tomei um banho para relaxar o corpo e coloquei minha roupa do aeroporto.

O restante do time ja estava tomando banho e eu estava esperando eles junto de Piquerez e Scarpa.

- Como ta?- Scarpa perguntou apontando para o tornozelo.

- Ta péssimo, a dor não passou e disseram que é grave.- Falei frustrado.

- Sinto muito Rapha.- Piquerez disse.- Espero que não seja tão grave assim.

- Eu também Pique. Eu também.- Respondi cansado.

Todos estávamos quietos após o discurso de Abel, na coletiva ele falou apenas o básico. No ônibus não houve muita conversa também, no avião a maioria de nós dormiu ou pelo menos tentou.

Os fisioterapeutas me recomendaram muito gelo na região do tornozelo e disseram que no dia seguinte ja começariam os exames e o tratamento.

Quando chegamos em São Paulo ja era de madrugada então eu optei por dormir no CT, avisei Milena, suspirei frustrado e por mais que a dor estivesse forte, os analgésicos me apagaram.

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Nem só de flores se vive um leitor.
Meu trauma cinematográfico é esse jogo contra o Athletico, doi dms ver o Veiguinha lesioando naquele dia (felizmente tudo ocorreu bem depois.

Bᥱιjᥲ Fᥣ᥆r; Rᥲρhᥲᥱᥣ VᥱιgᥲWhere stories live. Discover now