𝟏𝟎 | 𝐅𝐄𝐋𝐈𝐙? 𝐀𝐍𝐈𝐕𝐄𝐑𝐒𝐀́𝐑𝐈𝐎

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Por isso, porque tenho claro conhecimento de meus deveres como mãe, pulo pra fora da cama e entro no banheiro só para mijar, lavar a cara e escovar os dentes. Mas, antes disso, faço questão de dar uma olhadinha no meu celular.

Eu silencio tudo quanto é coisa, então as notificações que eu recebo são as que preciso responder e ficarei, de certa forma, contente em lê-las. Realmente me anima, afinal há diversas mensagens de parabéns. Amigos, colegas, parentes e até pessoas que não converso há anos.

Mas a falta de uma mensagem em particular me toca mais do que a quantidade de notificação que recebo.

Será que o Piquerez se esqueceu do meu aniversário?

Que péssimo melhor amigo eu fui arrumar, puta merda. E ele já está acordado porque hoje tem treino. Então não tem desculpa. Ele deve ter esquecido ou... está bravo ainda.

A reação dele quando soube que transei com o Veiga foi bem diferente de como pensei que reagiria. Ele ficou com ciúmes. Joaco nunca ficou com ciúmes. Pareceu até que ficou decepcionado comigo. Tudo bem. Eu também fiquei. Mas ele é meu melhor amigo, né? Me julga, mas no fundo me entende.

Desde aquele dia ele vem agindo estranho. Mas, bem, posso estar sendo só paranóica. Faz só dois dias.

Ignoro essa preocupação desnecessária, largo o celular e depois caminho direto e reto pra cozinha, o que não é nada longe do meu quarto.

Eu moro num apartamento maior do que o comum, mas não grande o suficiente para se tornar cansativo. Logo logo vou sair daqui e comprar uma boa casa, grande o suficiente pra minha mãe poder morar comigo também. Odeio vê-la sozinha.

Falando nela, assim que chego na cozinha a figura feminina em frente ao balcão, usando um avental, me chama a atenção de imediato, não esperava sua presença tão cedo pela manhã. E ela não está sozinha. Um mini querido decidiu acordar cedo.

— NÃO, MÃE!!! — Tom grita assim que me avista chegando na cozinha e os pegando no pulo. — Não era pra você ver a surpresa.

Tom e minha mãe estavam decorando um bolo de aniversário. Tinha duas camadas e o recheio era verde com morangos. Havia chantilly verde em cima também que Tom estava mais lambendo do que espalhando.

— Aí, meu Deus! — tampo os olhos. — Vamos fingir que não vi nada.

— Agora não vale mais, você estragou a surpresa! — Tom abaixa os ombros, completamente frustrado de seus planos não puderem ser executados. Eles queriam me acordar com o bolo e cantando parabéns.

— Desculpa — tiro a mão do rosto e faço uma carinha de pena. Realmente não queria estragar o momento, acabei acordando mais cedo do que devia.

— Tudo bem, mamãe — Tom se esforça para não se importar. — Vem aqui ver o que a gente fez.

Sorrindo me aproximo deles e observo o bolo com mais atenção.

— Tom que escolheu o recheio, filha — informa minha mãe, toda contente com meu dia especial.

Uma pontada de culpa me atinge bem no  meio do peito em me sentir tão cansada, querendo nem levantar da cama, quando as pessoas que me amam estão empenhadas em me deixar animada.

— Você ajudou a vovó, filho?

— Ajudou a comer só se for.

O menino está todo sujo de chantilly verde. A boca manchada. O cabelo loiro todo bagunçado. E eu nem vou falar do avental do homem aranha que ele está usando. Além de ser incrivelmente fofo, está todo sujo.

INTERE$$EIRA ━ palmeirasWhere stories live. Discover now