✨Capítulo X | A caverna✨

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     Quando chegaram na caverna, Poco preparou uma fogueira e tirou de sua bolsa uma pequena panela, que encheu com neve e pôs para ferver, com algumas folhas de hortelã.

     Ao lado da fogueira, Carl aquecia suas juntas congeladas. Vez ou outra, ele reparava a Jacky observando o Fang, que estava mais afastado com o Buster, informando sua localização ao Darryl.

     — Parece que alguém aqui foi flechado pelo cupido… — cochichou, cutucando ela com o cotovelo.

     — Do que você está falando, Carl? — perguntou, voltando sua atenção ao amigo.

     — Desde que pisamos na ilha, você não para de observar o Fang. Acha que não notei?

     — Não seja ridículo — cochichou de volta, ignorando o pequeno rubor que se formava em suas bochechas.

     Carl sabia que falar de romance com a Jacky era algo complicado (pra não dizer “proibido”!). Era algo que realmente a deixava muito mais mal-humorada do que de costume.

     No fundo, ele só queria que a amiga abrisse o coração de vez em quando, mas obviamente isso estava fora de questão. Jacky odiava demonstrar algum tipo de sentimentalismo.

     Assim que terminaram de falar com o Darryl, os homens se sentaram com eles ao redor da fogueira.

     — A segunda chave está em algum lugar dessa caverna — disse Fang — Devemos explorá-la com cuidado.

     — Agora me lembrei porque o nome “Bosque Invernal” me soava tão familiar… — disse Buster, atraindo a curiosidade de todos — É pela lenda dos Yetis!

     — Yetis?! — indagou Carl, assustado.

     — Sim, imensas e peludas criaturas, que vivem em regiões frias como essa! — respondeu o rapaz, se empolgando ao ver que atingiu o resultado que esperava — Dizem que de tempos em tempos eles saem de suas casas nas montanhas para caçar humanos nos vilarejos próximos.

     — E... N-ninguém escapava?

     — Ninguém escapava quando essas criaturas começavam a atacar! — afirmou, com um sorriso maroto — É melhor tomarmos cuidado, pois eles podem estar nos observando agorinha mesmo!

     Sem esconder o medo, Carl se encolheu e agarrou o braço da Jacky, que tentava manter uma expressão apática, apesar de também ter se assustado.

     — Para com isso, cara — Fang o repreendeu, dando um soquinho no ombro dele — Yetis não existem!

     — Ah, tá! — zombou o amigo — Da mesma forma que não existem vampiros, zumbis, dinossauros falantes…

     — E não se esqueça do corvo antropomórfico! — ressaltou Carl.

     — Tá bom, tá bom… — Fang ergueu as mãos — Mas isso é só uma lenda. Nunca foi provada a existência dessas criaturas!

     — Mesmo assim, acho melhor estarmos preparados para tudo. Por isso… — ele abriu o casaco e tirou algumas facas de caça, que gostava de levar consigo para qualquer emergência, e as distribuiu entre o grupo — Trouxe armas!

     — Uau… — Carl analisou as facas, boquiaberto — Você é um caçador ou algo assim?

     — Na verdade, meu pai era um soldado, e me ensinou a usar essas belezuras aqui quando fiz dez anos — respondeu, bastante orgulhoso — Eu e Fang servimos o exército durante sete anos. O Poco estava lá antes de nós dois. Conta pra eles, amigo!

     — É isso mesmo — concordou o mariachi, servindo chá pra todos assim que ficou pronto — Eu vim de uma família de músicos itinerantes, e desde que descobri os meus poderes de cura, resolvi que ajudaria a sociedade com eles. Então, assim que atingi a maioridade, entrei para o exército e passei a auxiliar os feridos no campo de batalha.

     — E como era lá? — perguntou Carl, curioso.

     — Era… Aterrorizante! — continuou — Ver o estado daquelas pessoas terrivelmente feridas, e por vezes até mortas, foi traumatizante pra mim. Eu queria poder salvar todos, mas isso era impossível. Quanto mais eu os salvava, mais feridos chegavam. Não acabava nunca!

     — Conhecemos ele no campo de batalha — disse Fang — Buster havia ficado muito ferido e eu o levei para a enfermaria. Lá, o Poco tocou uma música muito bonita no seu violão e o ferimento dele sumiu!

     — Ficamos tão impressionados com as habilidades dele, que resolvemos voltar mais vezes só para ouvi-lo tocar. Foi aí que nos tornamos amigos!

     — Então, dois anos depois, nós vencemos a guerra! — exclamou Fang — A vida de um soldado era muito dura, mas é uma grande honra servir o nosso país!

     — Isso é que é coragem… — murmurou Jacky, impressionada.

     — Quando a guerra acabou, decidimos nos afastar do exército para viver uma vida mais tranquila — contou Poco — Mas então aconteceu muitas coisas e o Fang decidiu viajar para Brawl Stars.

     — Obviamente nós quisemos ir junto, pois amigos não se separam nunca! — afirmou Buster, envolvendo o ombro do amigo.

     — Além disso, é sempre bom mudar de ares um pouco.

     — Me disseram que você estava indo para Brawl Stars, Fang — começou Jacky — Estava de mudança?

     O rapaz hesitou por um segundo, apertando o copo de chá em sua mão, mas depois respondeu:

     — Estou atrás de uma moça que é muito especial pra mim… Soube que ela está em Brawl Stars.

     — Oh, sim… — ela responde, tentando disfarçar sua decepção.

                        ***

     Após terminarem o chá, o grupo se levantou e começou a explorar a caverna. Carl percebeu uma certa mudança no comportamento da Jacky, que havia ficado calada pelo resto da conversa, e já não mais andava ao lado do Fang como antes, decidindo ficar pra trás.

     — Jacky…

     — Nenhuma palavra! — cochichou, claramente sabendo o que ele estava pensando.

     Carl suspirou, optando por não dizer nada, mas sabia que uma hora ou outra, ele teria que conversar com ela sobre isso. A caverna era enorme, como se tivesse sido construída por dentro. Buster, que filmava durante todo percurso, estava cada vez mais convencido de que não estavam sozinhos naquele lugar.

     E realmente não estavam.

     Do outro lado da caverna, os Black Bulls também exploravam o local. Bull ia à frente, observando o mapa, enquanto Bibi e Crow o seguiam, encolhidos de frio.

     — Não sei não, gente… — começou Bibi, ajeitando o cachecol, que cobria metade do seu rosto — Faz tempo que estamos andando e a paisagem não muda.

     — Bull, fala a verdade — começou Crow, com as penas eriçadas, que lhe dava uma aparência cômica — Estamos perdidos, não estamos?

     — Tenho certeza que estamos perto — respondeu, sem tirar os olhos do mapa — Aqui diz que a chave está guardada no meio dessa caverna. Devemos ficar atentos a qualquer coisa suspeita!

    — Agora que você falou, olhe em volta. Esse lugar é tão grande. Nem parece que foi feito naturalmente. Aposto minhas penas que alguém mora aqui!

     — Qual é, Crow. Quem moraria em um lugar tão frio desse? — indagou Bibi.

     — Monstros da neve, talvez? Sabe que não é muito difícil essa possibilidade!

     — Fala sério…

     — Olha, Bibi — Bull olhou para ela — Embora eu também ache improvável alguém morar aqui, devemos estar prontos para tudo.

     — Tudo bem, então — ela tirou um revólver de sua cintura — Se houver monstros aqui, eles vão levar chumbo!

     — E veneno — completou Crow, rindo em seguida.

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⏰ Última atualização: Nov 29, 2023 ⏰

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