A queda

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Destino. Uma palavra tão bonita para descrever a consequência de nossos atos. Como diz o ditado, tudo realmente está escrito, só que a lápis. Qualquer mudança de planos pode alterar drasticamente os resultados. De variações ínfimas a finais trágicos, toda ação e decisão podem afetar a história de uma pessoa ou do mundo inteiro.

Mesmo com isso em mente, o Oráculo estava contente e tranquilo. As pessoas ao seu redor ainda não desconfiavam de sua existência e seus planos seguiam como ele queria. As engrenagens giravam, as peças se encaixavam. Tudo estava nos conformes. Analisando toda a situação, ele achava até graça, sorrindo orgulhoso.

Aestus e Orkan estavam ficando a cada dia mais fortes e experientes. Spes conseguia proteger seus amigos, unindo o grupo. Hadria, por mais excêntrica e apática que fosse, se provou uma adição essencial à equipe. O Oráculo se afeiçoou a eles, assim como as pessoas se sentem próximas de personagens em um livro. O Mago era seu personagem favorito nessa história que se desenrolava. Sempre animado e feliz, tão fofinho.

Ao se concentrar e avaliar a situação atual de seus heróis, o Oráculo tomou um susto, se inteirando do perigo em que se encontravam. Mesmo assim, ele riu. Era incrível como eles sempre se metiam em encrenca e conseguiam achar uma saída. Era como se alguém muito poderoso estivesse os ajudando.

Ele soltou uma risada alta e gostosa, atraindo olhares das pessoas à sua volta. O Oráculo se controlou, tentando não chamar atenção ao seu rompante de risos, limpando a garganta e esfregando o rosto. Ele se concentrou novamente, visualizando o futuro próximo dos seus aventureiros. Obviamente eles iriam se safar. A história deles ainda ia longe.

Seus heróis, tão pequenos em suas visões, seriam capazes de tantas grandes mudanças. Logo seus caminhos cruzariam com Hiner e Baruc, os reais protagonistas da história atual de Kairos. Algumas verdades reveladas, reviravoltas inesperadas. O caminho era sinuoso e complicado.

O Oráculo fechou os olhos e se concentrou. Ele imaginou toda a situação como um jogo de tabuleiro e os personagens como bonequinhos. O mapa de Kairos se apresentava como um mapa aberto sobre uma mesa. As peças estavam dispostas em suas posições atuais. Quatro delas na mina de Foscor, as outras ainda dispersas, ainda não tendo entrado em jogo. O Oráculo apanhou uma pequena miniatura de Aestus. Era uma ótima representação do Cavaleiro: forte, segurando sua espada com uma mão e apontando para frente com a outra. Um líder nato.

"Por que os protagonistas são sempre tão chatos? Os heróis sem defeitos." Pensou o Oráculo. "No entanto, sua fachada de perfeição e detentor da moral já está rachando. O que tem no seu interior, Aestus? Por que você tem tanto medo de se abrir?" E recolocou o mini Aestus no tabuleiro.

Em seguida, ele pegou a peça de Orkan, que estava agachado, segurando suas adagas, com um sorriso debochado em seu rosto. O Oráculo imitou a mesma expressão do bonequinho, se divertindo.

"Você está se tornando uma grande surpresa, Orkan. Continua tolo e imprudente, mas melhorou bastante. Mal sabe a bagunça em que se meteu, né?"

Já sorrindo, o Oráculo pegou a peça que representava Spes. Ele analisou o pequeno Lagomorfo, que vestia seu manto branco e segurava seu cajado brilhante erguido à sua frente. Um personagem tão bonzinho, mas que guardava segredos tão profundos. Que orgulho ele sentia do Mago. Digno de ser o protagonista da história, mas preferia se manter como um coadjuvante. Fantástico!

"Tão bondoso, tão brincalhão, mas tão quebrado por dentro. O que seus amigos vão pensar quando descobrirem seu passado, pequeno Spes?"

A miniatura de Hadria foi a seguinte. A pequena Bruxa estava de braços cruzados e séria. Era possível sentir sua apatia só de olhar para seu rosto, até menos quando se tratava de sua réplica.

Os Guerreiros do DestinoWhere stories live. Discover now