𝟎𝟒 | 𝐒𝐎𝐙𝐈𝐍𝐇𝐎𝐒

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Ele não foi aquele tipo de homem que sonha em ter filho, depois abandona pra mãe se virar pra criar a criança, e foda-se. Não. Veiga é participativo. É presente. Sou grata por isso.

Apenas isso. Porque de resto, quero que ele vá se foder.

Mi Rubia! — Um uruguaio todo felizinho se apoia no vidro do meu carro assim que abro a porta e olha diretamente pra mim. — Dame una carona?

No tienes carro, Joaco? — Pergunto de volta, em espanhol porque meu cérebro só conseguiu associar uma resposta nesse idioma.

Joaco abre um sorrisão assim que falo em seu idioma natal. Ele se empolga, afinal, prefere muito mais falar em espanhol do que em português comigo. Na verdade, com todo mundo, mas aqui no Brasil é meio difícil.

Lo tengo, pero prefiero viajar en tu carro, contigo.

Reviro os olhos. Claro que ele prefere vir no meu. Esse safado não sai do meu pé por nada mesmo. Piquerez é o tipo de amigo que se aproveita o máximo da boa vontade dos outros. E por nós dois termos praticamente crescido juntos, temos uma relação quase que de irmãos. Opa. Espera aí. Irmãos que se pegam não é legal, né? Porra, vou ter que pensar em outro tipo de relação que nos define bem.

— E... — ele continua falando, sorrindo de canto. Um maldito sorrisinho malicioso. — Me debes.

— Não te devo, não — falo em português porque minha indignação é mais rápida do que meu raciocínio em espanhol. — Não sou uma mulher de dívidas. E você sabe disso, mi bien

Com dinheiro, não mesmo. Prefiro muito mais guardar o dinheiro que preciso para fazer a compra à vista. Esse negócio de cartão de crédito é a maior loucura de todos os tempos. Se eu começar nessa vida, eu não saio mais. Odeio ficar devendo.

Agora em outros quesitos da minha vida pode até se dizer que sim. Endrick que o diga. Ainda preciso falar com a mãe dele e limpar de vez a minha barra.

Eres una mujer de palabra entón? — Piquerez se aproxima mais de mim até conseguir, de repente, tocar em meu queixo e erguer minha cabeça na altura dele. — Me debes una foda.

Meu corpo esquenta com o poder que a proximidade do jogador tem sobre mim. Sinto um arrepio descer pela minha espinha, minha respiração falhar e minhas pernas se fecharem em busca de atrito.

Hijo de puta, sabe como me possuir com apenas um toque e um maldito olhar.

— Devo é? — Passo a língua pelos lábios, para umedecê-los e atrair a atenção de Joaco para lá. — Não me lembro de ter aceitado nada naquele depósito.

Su cuerpo dizia mucho más que palabras. — Sinto sua mão subir pela minha cintura e fico ainda mais arrepiada. Jesus, estou no estacionamento do Allianz, isso aqui é muito ousado da nossa parte. — Assim como estás diciendo ahora.

Sorrio, contente de sua ousadia e nada resistente a suas palavras tentadoras ou seus toques convidativos.

Por que, Joaco?? Por que tinha que ser tão bonito?

É difícil resistir a esse homem gostoso desse jeito. É difícil dizer "não quero transar com você, tenha respeito, estamos num estacionamento". Minha mente me trai muito nessas horas. Ela é minha pior inimiga. Porque a única coisa que consigo pensar é em Joaco tirando minhas roupas. Aqui e agora. Foda-se o lugar.

Cadê minha sanidade? Cadê?

E vou te falar, o que começamos naquele depósito deixou o gostinho de quero mais, afinal fomos interrompidos. Claramente se tornou um dever terminar o que começamos.

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