42. O cadáver de Allyson Hale

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— Não tem problema, podemos ir pra casa.

— Não — Me endireito quando percebo que algumas pessoas olham pra nós. Apoio apenas uma mão na parede dessa vez e respiro fundo — Não consigo mais lutar por ninguém, sinto falta da minha antiga vida.

— Flor, olha pra mim. Ei, Allyson, pra mim — Minha visão foca em seu rosto bonito — Falta pouco, eu prometo. Se quiser eu te levo ao shopping amanhã, podemos ver um filme e comprar uns sapatos. Ainda pode ter sua antiga vida.

— Você é maravilhosa, sabia disso? — Tiro uma mecha de cabelo que caiu na sua testa, e apesar de me sentir melhor, a culpa me invade pelo que fiz naquela semana com o David.

— Ei, você! — Nick grita e me viro assustada — O que é que você tá pensando?

— O quê?

— Pare de nos enrolar e diga logo que quer com a gente. A Alcateia Lupa não luta com Nephilins, somos um povo livre! Desembucha.

— Você vai ouvir ao mesmo tempo que todos, não se ache mais especial que nós, Nick, agora volte ao seu lugar e espere.

Os olhos dela brilham de raiva, e a cena familiar quase me faz sorrir, ela ainda não foi com a minha cara, mas não posso deixar de admirar essa garota. Um dia, talvez, até sejamos amigas.

Ela não concorda, mas também não discute, e se retira pelo canto lateral do galpão. Os outros a observam sair, seguindo-a com o olhar depois de ela ter desafiado a Filha da Profecia. Mas não me importo nem um pouco com o que pensam. Não sou a capitã deles, nem a rainha. Não sou melhor nem pior que qualquer um deles, e já é hora de começarem a me ver como sou: mais uma pela causa, e nada mais.

— Estamos prontos — Peter anuncia vindo até mim e a rodinha começa a se formar quando subimos no palco improvisado — Não estão felizes — Ele sussurra.

— O conselho? Imaginei — Sussurro de volta e ele se afasta me dando um espaço — Em primeiro lugar eu queria me desculpar por ter demorado tanto para convocar essa reunião desde que cheguei, mas tudo é sempre uma loucura com a gente né — Sorrio e dou um tempo para secar as mãos na saia — Em segundo lugar eu queria dizer que minha visita à Grécia foi... reveladora, descobri coisas que podem nos ajudar, que vão nos ajudar, elas estão guardadas, ahn... na Caixa de Pandora, que está tão bem escondida que daqui a pouco nem eu vou conseguir achar — Algumas pessoas franzem as sobrancelhas — Ok, então, a má notícia é que Darko conseguiu uma gota do meu sangue, isso não é o suficiente pra ele assumir sua forma original, mas já consegue comandar o exército horrendo dele. Ele precisa de mais, por isso ainda está atrás de mim, e das pessoas que vieram comigo hoje – Meu olhar encontra o de Jordan e ela sorri pra mim, me encorajando a continuar – Aquele é Miriel, filho de Lúcifer, que está ao lado de Kaleesa, do clã de Tubal Cain. No outro canto estão os gêmeos Nick e Daniel, primeiros herdeiros de Licaão. Embora ainda não saibamos com o que exatamente estamos lidando, preciso da ajuda de vocês, estão comigo?

Ouço gritos de aprovação e sorrio.

— Adam prometeu nos vingar dos Caídos, e você? Por que arriscaríamos tudo por você? — Uma garota no fundo pergunta e fico nervosa. Mais suor nas mãos.

— Eu sei que parece uma via de mão única agora, mas acho que se derrotarmos Darko, vamos...

— Promessas vazias! — Um velho grita.

— Os Nephilins que Adam recrutou estão mortos! Ele os matou, eu vi os corpos quando fui procurá-los, eu só peço que confiem em mim. Darko...

— Nem sei se esse Darko é real — O argumento do velho faz com que mais pessoas duvidem da minha lealdade.

Flor da meia-noiteWhere stories live. Discover now