Memórias Póstumas de Uma Mãe Adolescente

Meu Pedacinho do Céu

Estou namorando com Oliver, um rapaz muito bonito da escola há alguns meses. Estou completamente apaixonada por ele.
Alguns dias depois da nossa primeira relação, notei que minha menstruação não desceu como deveria. De início, tentei pensar positivo, pois afinal meu ciclo sempre foi desregulado.
Mas e se eu estiver errada? Será que é o que eu estou pensando? E se for, o que a mamãe vai fazer comigo quando descobrir?
Fiquei com essas dúvidas na cabeça durante algumas semanas até que finalmente resolvi fazer um teste de gravidez de farmácia para sanar essa dúvida de uma vez por todas. E eu estava certa, eu realmente estava grávida.
Ao voltar para casa da escola naquele dia, durante o almoço mamãe notou que eu estava quieta demais.
— Qual é o problema Anabel? — perguntou ela.
Eu fiquei meio pensativa sobre o que fazer pois sabia que uma hora ou outra, eu teria que contar então respirei fundo e disse de uma vez.
Ela me fitou com um olhar de desaprovação. Antes de falar qualquer coisa, ela fechou os olhos e suspirou tentando processar tudo aquilo.
Um adendo: ela nunca foi com a cara do Oliver então obviamente ela não estava nada feliz com a notícia.
— O seu namorado já sabe? — perguntou ela com uma expressão completamente séria após se acalmar.
— Não, eu descobri hoje. Eu não tenho ideia de como contar!
— Eu tenho certeza que ele vai te largar assim que você contar. Eu te falei Anabel, esse moleque não é de confiança!
Eu apenas fiquei calada e de cabeça baixa ao invés de discutir como eu costumava fazer pois apesar de discordar dela, eu precisava de ajuda e ela era a minha única esperança, já que eu sou só uma adolescente e estar grávida aos 16 anos é a prova de que eu sou totalmente irresponsável.
— Olha só minha filha, você não precisa se preocupar com nada. Eu vou te ajudar no que for preciso tá bom? Eu não vou deixar você passar por isso sozinha! — ela pegou minha mão.
— Obrigada mãe! — eu respondi a abraçando com lágrimas nos olhos.
  Isso me confortou muito. Não pensei que ela aceitaria tão rápido mas fiquei muito feliz por ela não ter me deixado.
Meu maior dilema agora era contar ao Oliver sobre isso. O que a mamãe disse sobre ele me deixou com a pulga atrás da orelha. Será que é só implicância por parte dela ou ele realmente me abandonaria grávida de um filho dele?
Mas enfim, alguns meses se passaram desde então e como a minha barriga estava começando a aparecer, eu não tinha outra opção a não ser chamar Oliver de canto e estourar essa bolha.
E a minha mãe estava certa sobre ele. Ele me largou e em uma semana começou a sair com a mesma garota com quem ele me traiu meses antes de eu descobrir a gravidez.
Foi difícil superar o término e o fato de que eu teria que ser mãe solteira mas por sorte, mamãe estava do meu lado, o que me fez sentir um pouco melhor.
No dia do parto, eu estava exausta pois tive contrações a noite toda. Minha menininha só veio a nascer ao pôr do sol do dia seguinte.
Horas depois, lá estava ela. Uma linda bebezinha loira de olhinhos azuis.
— Ela é linda! — disse mamãe admirando a beleza da minha filha.
Foi quando eu pensei no nome perfeito para dar a ela.
— Eu já sei qual vai ser o nome dela! — eu disse acariciando as macias bochechinhas daquele lindo bebê que repousava nos meus braços.
— Qual?
— Lindinha!
De início, mamãe não gostou muito da minha escolha mas logo se acostumou pois a bebê fazia jus ao seu nome.
Os meses iam se passando e Lindinha se desenvolvia cada vez mais, o que me dava muito orgulho da minha menininha.
Eu a amava tanto que por muitas noites fiquei no quarto da pequena apenas a observando enquanto dormia.
Mamãe me ajudava a cuidar de Lindinha em cada detalhe, foi maravilhoso tê-la ao meu lado. Éramos só nós três e para ser sincera, eu não consigo pensar em nada melhor.
Após o nascimento de Lindinha, eu passei a enxergar a vida com outros olhos. Apesar de ter começado com um erro cometido por dois jovens irresponsáveis, se tornou a chave para que eu percebesse que mesmo com as circunstâncias que rodeavam o nascimento da minha filha, eu estava feliz com a minha vida.