Sobre a natureza intangível das coisas

23- Papo de coveiro

As profissões de coveiro e garçom
São estranhamente parecidas,
Todo cemitério tem um quê de lanchonete.
O garçom serve comida aos vivos,
O coveiro serve lanche aos vermes.

A morte é a única coisa que iguala todos,
Um mesmo fim para cada um de nós.
Pouco importa se é um rei ou indigente,
Se o caixão é enfeitado ou uma caixa,
Isso só decide se o lanche é gourmet ou não.

Sou coveiro e preparo banquete aos vermes,
Até que um dia a iguaria serei eu.

Ser devorado
Talvez não seja um destino ruim,
Nenhum cliente meu voltou para reclamar.