Capítulo XXIII

981 96 82
                                    

≈Amanda•

Antônio passa a manhã fazendo exames e monitoramentos, verifico os resultados com Fernando e conseguimos enviar ele para o quarto na hora do almoço. Falo com a mãe dele algumas vezes para tranquiliza-la mas só desço depois da hora do almoço quando a visita é liberada. Encontro dona Wilma aflita caminhando em círculos pela recepção.

— Dona Wilma? - chamo me aproximando.

Ela sorri fraco ao me ver e se aproxima apertando as mãos.

— Amanda...

— Ele dormiu boa parte da manhã e até agora a pouco por causa dos medicamentos. O enviamos para o quarto, mas ele terá que ficar aqui por no mínimo 7 dias, que é o período do remédio. A febre foi alta demais, a infecção está agressiva por causa da baixa imunidade dele.

Ela concorda me olhando.

— Mas ele estava tão bem, não entendo... como isso tudo aconteceu em apenas algumas horas?

— Infelizmente é assim mesmo. Talvez ele já estivesse com a infecção mas o corpo tentou reagir, como os glóbulos brancos dele estão frágeis, quando decaiu, foi rápido demais. Vou levar a senhora até ele.

Caminhamos até o quarto em silêncio e ela se emociona ao entrar e encontrar ele conectado aos aparelhos.

— Filho!

— Mãe, me desculpa pelo susto.

— Ai, filho. - vejo dona Wilma se emocionar e dou privacidade aos dois.

Caminho até a UTI para verificar o plantão, ainda faltavam 2 horas para eu assumir. Quando entro vejo todos correndo e levo alguns segundos para entender que Michelle está tendo uma nova parada cardiorrespiratória.

Corro para auxiliar Alice na massagem cardíaca, trabalhamos por minutos que pareceram horas mas não conseguimos reverter.

— Hora da morte, 16h22.

Encaro a médica por alguns minutos e depois a paciente desacordada.

— De madrugada, próximo da manhã, ela teve episódios de terror noturno, se debateu algumas vezes murmurando algo que parecia o nome "Antônio" "desculpa". Demos um calmante mas mesmo assim ela não parou, quase conseguiu arrancar o acesso. Ela devia estar tendo alguns pesadelos.

Sinto meu corpo balançar e minha pressão cair.

— Amanda? Você está bem? - Alice me segura e me leva até o quarto de descanso médico. - o que houve?

Sinto minhas mãos tremerem levemente.

— Eu ainda não comi, acho que minha pressão caiu. - respiro fundo e sinto Alice me olhar com carinho.

— Quem é a Michelle, Amanda? - Alice me questiona com razão.

— Michelle é a ex do cara com quem eu tô saindo.

— Ele é o Antônio?

Balanço a cabeça e vejo Alice levar a mão a boca.

— Agora entendi o motivo de você querer trocar.

— Não achei certo cuidar dela nessa situação, ela foi extremamente abusiva com ele e eu sei de algumas situações que, por mais que eu tentasse ser extremamente profissional, poderiam impactar no meu julgamento de alguma forma.

Alice balança a cabeça e aperta a minha mão.

— Você fez o certo, foi extremamente ética.

Sorrio de leve.

A Curaजहाँ कहानियाँ रहती हैं। अभी खोजें