especial - de Alfa para Alfa

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-Hm? -Ele pergunta murmurando.

-Que um dia, no parquinho alguém te oferecesse um doce e você fosse atrás, te sequestrassem e eu nunca mais te ver. -Respondo tentando controlar o choro, mas é quase impossível. Ele se desvencilha do meu ombro e olha em meus olhos negando com a cabeça. -Eu me senti a pior irmã mais velha do mundo quando te levaram, Bry... Eu não posso te perder de novo... Dói ver que te forçaram a ser assim, mas já que a metamorfose veio, por que não abraçar a borboleta, Bry? -Ele seca meu rosto com os polegares embora estivesse chorando também. -Eu não posso perder meu irmãozinho... -Respondo o abraçando firme. Ele me abraça de volta firme.

-Alice... Me desculpa...

-Você não tem culpa, Bry. Está tudo bem. Está tudo bem... -Respondo acariciando seus cabelos suavemente. -Eu te amo, tá? Eu te amo tanto... Todos nós te amamos... -Respondo. -Eu quase bati em Alex por que hoje é minha vez de vir te acalmar.

Ele solta uma leve risada. Me viro o deitando na cama. Beijo suas bochechas e testa enquanto o aninho nos travesseiros.

-Eu odeio ela... -Ele sussurra para mim. Olho para ele incentivando que ele fale. Desde que chegou, ele mal falava de Catalina, mesmo depois de meses. Nunca conseguimos saber de fato o que ela fazia com ele ou como era a dinâmica com ela. -Os primeiros anos eu passei no porão. Era escuro e mofado, mas com o tempo virou minha casa, sabe? -Concordo com a cabeça- Até que um dia ela deixou a porta aberta. Eu devia saber que era uma armadilha... -Ele fala chorando, mas prossegue- Quando eu botei a cabeça pra fora, ela tinha um amigo lá... Ele me segurou e abriu a minha boca pra botar uma pílula azul e branca e... Eles me levaram pro andar de cima... -Ele chora mais audivelmente. -Eu achei que eu tinha vermes da comida que ela me dava... Acho que de fato foram vermes algumas vezes, mas... Eu lembro do parto de Vincy... -Sua voz falha. -E quando ele saiu, eu quase apaguei... mas eu juro, Alice... a dor das meninas foi igual. Eu juro, achei que tirar o que tinha que tirar fosse doer tanto quando mais um bebê, mas eu juro Alice, quando você tirou não doeu...

-Bry, pode ter sido a anestesia... -Ele suspira.

-Você tem razão. Eu estou paranoico... -Ele responde sussurrando a última frase, passando o cobertor por cima do corpo. É questão de minutos até que esteja dormindo novamente. Mas o pensamento do que ele me disse ainda percorre minha cabeça enquanto ando em silêncio até a garagem.

Paro ao lado do audi vermelho que recém comprei ainda pensando no que ele havia me dito. Como assim foi tão semelhante com Vincent?

Olhando em volta, reparo que um dos oito carros da casa não estava po ali. Começo a tentar pensar qual está faltando, além do Jeep de Miguel e logo reparo além do Tesla X branco o sumiço do Volvo prateado. Alex.

Suspiro e resolvo entrar no meu carro para ir direto ao hospital. Alex parecia só agora ter se dado conta da ausência de Diana. Os dois estavam junto há 5 anos quando tudo aconteceu e desde então, nunca mais ela foi citada. Talvez ele finalmente fosse vê-la na detenção ou resolveu voltar ao apartamento deles. Mas logo percebo não ser nenhuma das duas opções quando reconheço o carro parado na lateral da pista. Ao passar por ele, seu vidro está abaixado e sua cabeça está no volante enquanto suas costas fazem um movimento de respiração pesada. Abaixo meu vidro e suspiro.

-Alex...? - Pergunto em tom baixo até ele levantar a cabeça e me olhar. O som do carro berra Don't look back in Anger da banda Oasis enquanto seus olhos estão vermelhos. Abaixo os olhos para suas mãos no volante e reparo o quanto estão arranhadas e sangrentas. - O que você socou dessa vez? - Pergunto tirando meu cinto. Ele suspira encostando a cabeça no encosto do carro. Resolvo que não iria ser a irmã babaca, por que isso era papel de Julia, então saio do meu carro e entro no carona do dele. - O que foi? Hm?

Vendido + PerdidoWhere stories live. Discover now