28. A última dança

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— Não se pode salvar alguém que já está bem demais. Adam ajudou você e olha como agradece.

— Não devo nada ao Adam, devo a você.

— Ótimo — Ficamos em silêncio de novo e eu penso se falo ou não sobre a lembrança da Adina, ele devia saber dessas coisas. Ele sempre sabe.

Noite do Baile
Hazel

— Zack! — Grito com todo o ar que consigo juntar nos meus pulmões e corro — Zack, onde você está?

— Hazel — Escuto sua voz fraca saindo de uma sala escura e vazia.

Sigo o som e o encontro jogado em cima de uma carteira. Ele está sangrando, mas permanece sentado, olhando para a lousa atrás de mim. Então me viro.

"Surpresa! Bem-vinda ao nível 2"

Era o que estava escrito, apenas isso, com a caligrafia da Allyson. Sinto a raiva crescer dentro de mim e corro em direção ao humano, tirando ele de lá e o colocando no banco de trás do carro.

— Eu não vou conseguir te curar — Digo em prantos depois de longos minutos dirigindo pela noite — Sou inútil pra você agora.

— Não se preocupe comigo, você chegou a tempo.

— Como sabe?

— Biologia é a única matéria que eu sou bom — Rio pelo nariz e estaciono o carro — Allyson é esperta.

— Sim, muito esperta — Resmungo enquanto abria a porta com Zack escorado em mim.

Eu estava fervendo de raiva por dentro, com raiva da Allyson, e do que ela tinha se tornado. Queria matá-la, mas precisava lembrar que aquela não era minha amiga de verdade. Era tudo culpa do Adam, era ele quem eu deveria matar, e destruir tudo o que ele já tinha feito pra mim.

— Caramba, isso tá doendo.

— Eu sei, amor, eu sei — Seco as lágrimas enquanto corro pelos armários a procura dos meus remédios caseiros. Eu poderia entregá-la a polícia, ela seria levada presa e até acharmos um jeito de reverter a situação, ela não podia tramar joguinhos – Ainda não entendi, por que deixar você vivo? Por que me dizer onde estava? Tá muito fácil.

— Talvez lá no fundo ela ainda esteja lutando.

— Talvez.

Deixo tudo em cima da mesa e começo a limpar o local machucado, embora minhas mãos não parassem de tremer. Eu mal sabia o que estava fazendo, as lágrimas embaçavam minha visão, mas consegui terminar e cobri tudo com a gaze.

— Ah Hazel... — Zack percebeu que eu chorava baixo e pegou minha mão.

— Você não tem nada a ver com isso, absolutamente nada, e olha o que aconteceu. Eu nunca deveria me envolvido assim, você é humano, onde eu estava com a cabeça?

— Não é culpa sua.

— Tem razão, a culpa é do Adam — Me levanto limpando a mão em um pano e me aproximo um pouco mais dele sorrindo, que já vestiu a camisa novamente, encaro seus olhos pela primeira vez depois que o peguei na escola, e estava pronta para beijá-lo.

Então um frio sobe pela minha espinha.

— O que foi, Hazel? — Ele está sorrindo, mas não movo um músculo sequer — Não gostou da nova cor?

— Não... você também não.

— Obrigada por cuidar de mim, mas agora eu tô no jogo — Zack aperta a mão em volta do meu pescoço e eu perco o ar. Ele me empurra de encontro ao balcão — Quem diria, morrendo pelas mãos de um simples humano, tantos anos pra acabar assim, não é mesmo?

Flor da meia-noiteWhere stories live. Discover now