Maya Allen 🌹

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Olho para as pessoas que vêm e vão pelas ruas movimentadas de Londres, cada um com seus compromissos, correndo contra o tempo para conquistar seus objetivos, fazendo de tudo para aproveitar seus dias nessa vida, enquanto a mim, fico aqui sonhando com o dia que vou finalmente poder sair daqui e viver uma vida como a destas pessoas.

Hoje é domingo, e pela manhã gosto de ficar observando as pessoas na rua em cima do telhado do orfanato, aqui é um lugar de paz, ótimo pra quando quero pensar ou apenas relaxar, e para ficar sonhando acordada.

Sabe, sonhar é algo comum entre nós seres humanos, cada pessoa tem um sonho diferente e um objetivo de vida diferente, e eu não sou diferente dessas pessoas, meu sonho é me tornar de maior logo e sair do orfanato, não porque não goste daqui ou seja mal cuidada, muito pelo contrário aqui sou bem cuidada assim como todos os órfãos do orfanato, as freiras são muito atenciosas e nunca nos falta amor e carinho, também vamos a escola como todas as crianças e adolescentes, então não tenho do que reclamar, mas quero viver minha vida e busca a realização dos meus sonhos.

Faltam apenas duas semanas para o meu aniversário de dezoito anos, mal vejo a hora desse dia chegar, e quando ele chegar vou finalmente sair do orfanato, e conhecer novos horizontes.

Estava deitada no telhado pensando quando ouvi a voz da freira Margareth me chamar, desço o mais rápido possível, pois se ela me ver aqui em cima vai brigar comigo.

Margareth _ Maya onde você está? _ grita a mais velha.

Maya _ já vou! _ gritei descendo _ tô aqui! O que foi? _ perguntei a mulher que usava um hábito.

Margareth _ onde você estava? _ ela arqueia uma das suas sobrancelhas grossas desconfiada.

Maya _ é é eu tava… _ penso por alguns segundos em alguma desculpa _ eu tava na cozinha! _ espero que ela acredite.

Margareth _ na cozinha tem certeza? Se eu pegar você em cima do telhado vou ter que comunicar isso a madre _ diz séria.

Maya _ não será preciso! Eu garanto! _ sorri de nervosismo, essa foi por pouco, se ela tivesse adiantado o passo teria me visto descendo do telhado.

Margareth _ assim espero! Agora vamos que está na hora de irmos à missa _ avisa.

Maya _ tá bom! Já estou indo _ acompanho a mais velha até o ônibus que vem nos buscar todas as manhãs de domingo para irmos à missa.

Depois que a missa terminou voltamos para o orfanato, já era hora do almoço, e todos vão para o refeitório para almoçar, pego meu prato e me sento em uma das mesas vazias.

Não tenho muitos amigos, na verdade tinha uma que eu considerava minha irmã do coração, mas agora ela não mora mais no orfanato, ela se chamava Catarine, era mais nova que eu 4 anos, sempre a tratei como minha irmãzinha mais nova, todas as noites ela vinha dormir comigo, pois tinha medo de dormir sozinha em sua cama.

Nós prometemos uma para outra, que nunca iríamos nos separar, então toda a vez que alguém se interessava em nos adotar, fazíamos de tudo para passar uma má impressão e um mau comportamento, para que as pessoas perdessem o interesse em nos adotar.

Só que um dia, uma família veio e disse que queria adotar Catarine, de começo tentamos fazê-los desistir da ideia, mas foi descoberto que Catarine tinha um irmão um ano mais novo, que já tinha sido adotado pelo mesmo casal que queria adotar ela, eles falaram que os irmãos tinham sido separados ainda pequenos, e por isso nem Catarine e nem seu irmão sabiam da existência um do outro.

A madre pediu que se fizesse um exame de DNA para ter a certeza que a história era verdadeira, e depois do resultado foi confirmado que eles eram realmente irmãos, e então ela decidiu ir com eles, eu fiquei muito triste, mas conversando com a madre, entendi que não poderia fazer nada se ir com eles era o desejo dela, e sim ficar feliz pela sua felicidade.

Prometi a ela que quando saísse do orfanato iria lhe visitar, assim combinamos de ficar conversando por telefone, uma ou duas vezes na semana ela liga e conversamos, mas ainda sinto muito a falta dela, só que estou muito feliz com a nova vida dela com sua família.

Depois do almoço vou ajudar na limpeza da cozinha, e à tarde fico lendo alguns livros para passar o tempo, à noite jantamos e fazemos nossas obrigações.

Já era hora de dormir mas não estou com sono, ultimamente tenho tido insônias causadas pela ansiedade, dormir se tornou como um desafio para mim, fico pensando em minha vida, assim como muitos aqui, perdi meus pais muito cedo, e pelo que me contaram, nós sofremos um acidente de carro onde somente eu sobrevivi, como nenhum parente apareceu para ficar com a minha guarda, acabei sendo trazida para este orfanato.

Eu tinha três anos quando meus pais morreram, então não me lembro de nada dos meus pais, a única coisa que tenho para ter como lembrança deles é um pingente em formato de coração com a foto dos dois, na foto mostrava um casal jovem apaixonado, na foto minha mãe estava grávida de mim, eles sorriam um para o outro, dava pra notar o quanto estavam felizes.

Tenho os cabelos loiros como os de minha mãe e seus lindos olhos azuis anil, eu tento imaginar como seria a minha vida se meus pais não tivessem morrido, com certeza seríamos uma família feliz, fico pensando até pegar no sono.

Duas semanas depois.

O alarme tocou anunciando a todos que já é hora de acordar, não queria levantar da cama, pois estava com muito sono, já que na noite anterior não tinha dormido quase nada, senti meu cobertor ser puxado por alguém.

Flora _ tá na hora da nossa aniversariante acordar! _ diz uma das freiras mais velhas _ hoje é seu dia! _ seu tom animado me faz abrir os olhos.

Maya _ bom dia Flora _ bocejei sonolenta _ pera aí! Hoje é meu aniversário? _ perguntei dando um pulo da cama.

Flora _ sim querida é hoje! _ ela se senta na cama me abraçando bem apertado _ meus parabéns minha querida! Muitos anos de vida, saúde e paz! _

Maya _ obrigada irmã! _ sinto uma sensação estranha, não sei se estou feliz ou triste _ nem acredito que fiz dezoito anos _ encarei a freira em minha frente.

Flora _ nem eu minha querida, parece que foi ontem que você chegou aqui tão pequenininha _ seus olhos negros ficam marejados _ vou sentir tanta falta de você _ ela começa a chorar e eu também.

Maya _ anh! Eu também vou sentir falta de todos vocês! Minha família querida! _ a abraço mais forte.

As outras freiras vieram me parabenizar junto com as crianças, depois disso, tomo meu café e faço minhas obrigações diárias.

Agora estou indo até a sala madre porque fui chamada por ela.

Maya _ madre! _ chamei batendo na porta, ouço um entre _ estou aqui madre _ abro a porta entrando.

Maya _ bem Maya acredito que já sabe porque te chamei aqui _ ela parece triste _ você completa hoje dezoito anos e como já é obrigatório que todo morador do orfanato que fica conosco até seus dezoito anos tem que sair e seguir sua vida com seus próprios pés _ ela faz uma pausa mostrando um semblante entristecido.

Maya _ já estou ciente disso _ minha voz sai baixa quase como um sussurro.

Madre _ amanhã você deve sair do orfanato pela manhã _ ela se levanta de sua cadeira indo até um armário retirando uma caixa de madeira _ o orfanato não pode cobrir todas as suas despesas, mas é separado uma quantia em dinheiro para os jovens como você que não são adotados _

Madre _ não é muito, mas serve para você ir cobrindo suas despesas até encontrar um emprego _ ela retira um envelope e me entrega _ use de maneira cautelosa, aqui estão seus documentos pessoais também! _

Maya _ obrigada madre! _ pego o envelope de suas mãos _ prometo usar com cautela! _

Madre _ mais uma coisa Maya, o mundo lá fora é muito difícil e cruel, por favor tome muito cuidado em quem confiar _ vejo seus olhos lacrimejando.

Maya _ vou tomar cuidado! E mais uma vez obrigada por tudo que a senhora e as irmãs fizeram por mim _ não consigo conter minhas lágrimas _ nunca me esquecerei de vocês! _ a abracei bem apertado, ela retribuiu.

Madre _ jamais esqueceremos de você, pequena Maya! _ ficamos alguns segundos abraçadas até nos separamos _ agora vá se preparar, amanhã você terá um dia muito importante! _ apenas concordei com a cabeça, me despeço da mais velha saindo de sua sala.

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