Aparentemente a mulher adulta percebeu que acordei, e com isso sua voz não parecia tanto com os sutis sussurros que antes eram.

— manhê...

— você vai chorar? A mamãe não tá acreditando nisso.

— devolva-me minha bebê — pedi baixinho, mas pelo silêncio sei que as duas escutaram.

— tá vendo? Ela prefere que eu fique no meio.

Abri os olhos e vi a loirinha pular a mãe, voltando pro meio entre nós duas. Eu recolhi minha mão ousada e vi a morena resmungar baixinho. Voltando a criança, Sina se sentou e depois deitou, puxando a coberta para ter acesso a ela também.

— hoje essa criancinha volta pro quarto dela — Sabina resmungou emburrada.

– será que vou ter que eu ficar no meio? — perguntei para garantir, e as duas pararam de brigar por bobeira — ah sim.

Ainda levou um tempo pra minha visão acostumar com as cores, e somente depois desses poucos minutos me obriguei a sentar no colchão macio.

— não Gabiii, deita — Sina resmungou segurando meu braço.

— vou ao banheiro, anjo.

Antes de ir deixei um beijo no rosto de cada uma, e segui pro cômodo ouvindo as reclamações de Sabina.
"não ligo que não escovou os dentes, volte aqui e me dê um beijo direito"
Apenas ri e me isolei, preciso de privacidade pra começar o dia bem.

Sempre me impressiono com os dotes culinários de Sabina, ela, apesar de cozinhar maravilhosamente bem, não tem uma boa relação com a cozinha, então tudo sempre fica uma bagunça

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Sempre me impressiono com os dotes culinários de Sabina, ela, apesar de cozinhar maravilhosamente bem, não tem uma boa relação com a cozinha, então tudo sempre fica uma bagunça.

A mulher diz ter aprendido o mínimo porque a maioria dos restaurantes não entregam nessa localização, e a própria não estava disposta a ter alguém aqui diariamente para cozinhar.

A mesa de hoje está regada de frutinhas típicas da região, geleias, pães e bebidas a base de sangue.

— não tem nada pra fazer nessa casa imensa? - perguntei, duvidando ter ouvido direiro.

O tópico da conversa era o uso excessivo do celular, já que Sina passa a maioria dos dias com o aparelho em mãos.
E toda a conversa se iniciou porque ela queria ver vídeos enquanto mamava.

— ela diz que não e eu não sou um exemplo com argumentação.

— posso propor um desafio? — perguntei.

A criança estava atenta, me encarando enquanto soltava estalos fofíssimos, em meio a amamentação.
E a adulta apenas prestava atenção em mim, deixando as próprias torradas de lado no prato.

— se estiver ao meu alcance — ela deu ombros e me aguardou prosseguir.

— um dia todinho sem telas, ou seja: celular, iPad, televisão, notebook...

No PassadoWhere stories live. Discover now