Depois do colégio vou pra casa e encontro minha mãe já arrumada pra formatura de Steven sentada no sofá.

- Vai logo, quero chegar cedo pra tirar várias fotos com ele. - ela diz ajeitando sua maquiagem, certamente pela décima vez

Não demoro muito pra tomar banho, ponho o vestido azul que minha mãe separou e calço um salto branco para completar. Não me esforço numa maquiagem e só coloco um rímel.

- Minha flor! Já tá pronta? - desço as escadas em seguida
- Não chora quando ele fizer o discurso. - digo rindo ao ver ela já esboçando lágrimas ao sairmos de casa
- Já tá pedindo demais. - ela brinca e entramos no carro

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Chegamos no evento no momento em que Steven sobe ao palco, o trânsito nos atrasou mas conseguimos arranjar lugares ao lado de Laurel, Belly e Taylor.

- Ele já vai começar. - Laurel sussurra para nós quando sentamos ao lado dela
- Por que você já tá chorando? Ele nem começou mãe. - pergunto assim que vejo lágrimas escorrerem em seu rosto
- Eu não sei! - ela usa um dos lenços que trouxe para limpa-las
- Podemos conversar depois? - Belly me cutuca e diz só pra eu escutar
- Claro, Bel. - digo em resposta e Steven começa sua discurso

É emocionante e descontraído, ele é a única pessoa que consegue juntar sua personalidade em só um texto e mesmo assim conseguir transformar isso em algo bom, que faz com que todos se vejam naquela posição; de medo do que vem e saudade do que veio.

Ao final do discurso todos já estão com os olhos encharcados, os lenços da minha mãe já se esgotaram na segunda estrofe e agora ela seca seu rímel a prova d'água borrado com sua roupa branca, é fácil imaginar essa catástrofe.

- Arrasou em! - nos encontramos fora do lugar e abraço ele assim que o vejo
- Fazer o que se sou maravilhoso? - ele debocha e rio
- Convencido. - digo com um sorriso e minha mãe se aproxima ainda aos prantos. - Daqui a meia hora você deve tá disponível. - brinco quando ela abraça ele em lágrimas
- Oi. - encontro com Belly logo que saio de perto de Steven
- Ah, oi. - estamos ambas desconfortáveis porque as duas se lembram da última troca de palavras entre nós, não houve nada demais nela, só foi um momento difícil
- Não nos falamos desde...
- O enterro da Susannah.

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Todas memórias desse dia são borradas, doloridas e desconfortáveis.

Não era como normalmente se sente dor, você só sentia o que todas a sua volta estavam sentindo.

O pedaço de sua alma que faltava estava sendo enterrado e você não podia fazer nada.

Diversos estranhos soluçavam, discursos de desconhecidos emocionavam, músicas irritavam os ouvidos, tudo naquele momento me incomodava. Se pudesse decidir, teriamos ficado todos em silêncio apenas aceitando nossa própria dor até que conseguíssemos imaginar nossa vida seguir a partir daquele momento.

A coisa que me deixava mais incomodada ali era que a pessoa mais sensível e emocionada que eu conhecia não chorava, três lágrimas escorreram por seu rosto durante o dia inteiro. Minha mãe fora a guerreira que eu queria ser.

Consegui passar pelo enterro sem muita dor, só me concentrando no que sentia e pararia de sentir. Mas a pior parte começou na casa dos Fisher, quando vi a dor de cada um de perto.

𝗧𝗛𝗜𝗦 𝗦𝗨𝗠𝗠𝗘𝗥 | Jeremiah FisherKde žijí příběhy. Začni objevovat