19. Um baile de máscaras é sempre um bom lugar para expor alguém

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— Preciso me entregar – Jessica diz de repente.

— Jess, volte a dormir – Eu digo.

— Não, eu cometi um assassinato, gente, não dá pra encostar a cabeça no travesseiro e esquecer de tudo.

— Certeza que não se lembra de mais nada? Nem daquele dia? – Hazel estreita os olhos.

— Já falei tudo. Não, não sei quem fez isso comigo, só me lembro da sensação da... faca na minha mão e do sangue escorrendo. Ally, me desculpe, por favor. Nem me lembro de estar lá de fato.

— Se foi mesmo a Jess, por que Jordan disse que foi o David?

— Alguém mudou o resultado do exame de última hora pra proteger a Jessica – Hazel explicou – Mas era o sangue dela lá. Vai ver o David queria despistar.

— Tudo bem, faz sentido – Digo, começando a ficar com sangue nos olhos – Olha, não foi sua culpa, ok? Vamos pegar o David amanhã no baile de máscaras da Lissa. Se ele for quem achamos que é, vai estar lá mesmo sendo uma maldita presa.

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O vestido que eu usaria essa noite estava pronto e esticado sobre a cama, como Hazel havia dito que faria. Não era lá uma ocasião muito especial, mas o vestido, branco cintilante, digno de uma noite de gala, fez meus olhos brilharem. E ele também contava com compartimentos escondidos para as minhas facas. Adina disse que era mais familiarizada com o arco, mas convenhamos que eu entrar com flechas na festa não seria bem uma missão secreta. Facas eram meu tipo de arma favorito no momento. Elas eram rápidas, pequenas e certeiras. Peguei um apego especial por elas. Hazel me surpreendeu com cada mínimo detalhe para a noite sair sem furos.

A tiara de flores estava ao lado do vestido junto com a máscara dourada. Era tudo magnífico, tudo ao estilo Allyson Hale. Eu estava enjoada por ter que fazer aquilo, enjoada por ter que fazer aquilo sem o Jordan do meu lado, enjoada de toda aquela situação em que eu fui me meter. Mas ao mesmo tempo sentia que precisava fazer aquilo, precisava agir logo ou mais coisas ruins aconteceriam, e eu precisava de um prato bem cheio de vingança.

Me vesti com o maior desânimo possível. Há algumas semanas, essa festa era tudo o que eu esperava. Ano passado? eu e Jess passamos horas planejando a roupa e a máscara, e com quem ela iria. Lissa vinha na minha casa pelo menos duas vezes na semana para pesquisar decorações.

Mas agora eu tinha um pressentimento ruim, muito ruim. Alguma coisa ia acontecer. Comigo e com David Barney.

Jordan havia destruído qualquer prova contra a Jessica e usou algo chamado Persuasão nos policiais para esquecerem do caso por um tempo, mas a gente sabia que de um jeito ou de outro, precisavam de um assassino. E o senhor e a senhora Miller precisavam de alguém para culpar.

— Ally, está pronta? — Meu pai entrou pela porta, me virei e sorri passando as mãos pelo tecido delicado.

— O que achou?

— Você está realmente muito bonita.

— Obrigada, pai.

— Vem, eu te deixo lá.

Allyson (20:03):
Tô saindo, encontro vocês lá dentro.

Mando a mensagem para o grupo das meninas e devolvo o celular para a bolsa. Pego a máscara, a tiara e desço as escadas, ouvindo as pontas do salto fazerem um barulho oco contra a madeira. Vamos lá, garota, foco.

A decoração parecia ter saído de um conto de fadas, toda a casa foi reorganizada e transformada em um palácio do século XVIII. Acho que por isso logo me senti no meu habitat natural. Vamos, Allyson, agora é com você, rainha do baile.

Flor da meia-noiteWhere stories live. Discover now