Jordan uma vez me falou sobre amor verdadeiro. Que só existia um no mundo inteiro. Se o Jake não era meu amor verdadeiro, então o que foi aquilo que a gente viveu? Porque eu o amava, o amava tanto que era difícil respirar sem ele. Mas agora refletindo sobre tudo, enquanto eu ainda era Allyson Hale, me fez pensar que talvez ele tenha sido apenas uma preparação para o que ainda estava por vir, algo grande.

Sem o Jake eu me entregaria à Jordan, e isso não seria nada bom. Sabia que era só uma questão de tempo agora. Por causa do elo.

— Ok, Ally, pode sentar ali — Adam aponta para uma sala entre muitas depois de vários corredores. Aquele lugar era um labirinto sem fim.

A sala era escura, fria e vazia. Tinha uma única cadeira de metal no centro, daquelas que usam para tirar sangue em clínicas, e uma mesa pequena com uma seringa posta no meio. E se na verdade ele me transformasse mesmo em outra pessoa? E se eu acabasse me tornando irreconhecível para os meus amigos e família? E se eu desaparecesse?

Senti meu coração bater um pouco mais rápido e me sentei antes que eu me arrependesse da decisão.

Peter entrou, olhou para mim como se pedisse permissão e balancei a cabeça, assentindo.

— Se lembra de tudo o que eu te falei? — Balancei a cabeça novamente — Adina está dentro de você, tente lutar, vai ser meio difícil manter as duas na sua cabeça. Ela ficou escondida por muito tempo, mas confie em si mesma, lembre-se de quem você é e tudo ficará bem.

— Me lembrar de quem eu sou.

— Isso, e... Allyson, não tem volta, vai ficar mais forte, mas vai ser como um farol ainda mais brilhante.

— Quero fazer isso.

— Tudo bem, relaxe.

Ele pegou a seringa, colocou dois dedos no meu pescoço para sentir minha veia e então veio a picada junto com a dor.

A última coisa que me lembro antes de apagar completamente era de encarar bem fundo os olhos de Jordan pelo vidro.

Memórias. Memórias invadiam minha mente a milhões de quilômetros por hora. Me senti tonta e inconscientemente agarrei os apoios da cadeira.

Uma parte de mim acordou mais forte, com sede, com fome, mas não de comida, de guerra, de sangue, de justiça. Enquanto a outra parte se contorcia com a dor, com o medo de falhar, de não ser boa o bastante, com medo do sangue.

Adina queria se libertar. Eu, Adina, queria me libertar, queria sair daquele aperto e correr pela floresta, sentir o vento no rosto, não via a hora de me sentir invencível de novo. Seria esse corpo invencível?

Mas eu, Allyson, queria voltar para a escola, terminar o ensino médio, ir na entrevista da faculdade e fugir para bem longe dessa cidade. Fugir dos Lobisomens, dos Vampiros, das Bruxas, dos monstros.

Finalmente consegui abrir os olhos. Senti minha respiração ofegante e me concentrei nos meus sapatos antes de qualquer coisa, um detalhe por vez antes de encarar muito e ficar tonta de novo. Eles eram horríveis. Não, eles eram lindos e confortáveis. Onde está minha bota? Que cabelo é esse? Não, meu cabelo só precisava de uma boa chapinha. Eu estava usando uma saia listrada e uma blusa de frio fina. Quero meus vestidos.

Então eu vi. Jordan. Ela estava sorrindo para mim, mas seus olhos tinham uma sombra de preocupação. Não consegui pensar direito, mas senti que meus pés se moviam em direção a ela, logo eu estava correndo. Jordan. Precisava de uma boa dose de Jordan.

— Allyson! Não! — Peter disse.

Ficamos nos encarando e, sem ter a intenção, mas depois tive intenção e um desejo voraz tomou conta de mim, me aproximei dela. Ela hesitou, mas estendeu um dos braços, me segurou pela nuca e me puxou em sua direção.

Flor da meia-noiteWhere stories live. Discover now