16. Vamos esclarecer as coisas

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— Para. Eu não sou ela.

— Allyson, não pode...

— Ok, cheguei — Hazel abre a porta e nós duas nos afastamos instintivamente — Como está, Ally?

— Com dor.

— Meu Deus, isso tá muito feio, é... é veratrum, Jordan! Como pôde deixar a garota assim? — Ela toca meu rosto e procuro um espelho.

A linha da minha mandíbula cortada pela faca tem um tom bizarro de roxo. As veias ao redor do corte estão escuras e cada vez mais descem pro coração. Noto minha pele ressecando ao redor e grito de dor quando Hazel toca o local.

— O que é veratrum? – Pergunto, alarmada.

— Vem de um mito nórdico — Hazel diz enquanto faz uma lista para Jordan – Balder, filho de Odin era o mais amado dos outros deuses, tanto que eles queriam protege-lo de todos os perigos do mundo. A mãe dele, Friga, fez o juramento da água, do fogo, metal, pedra e todo ser vivo, que eles jamais fariam mal a Balder. E então eles o testaram em uma reunião. Pedras, flechas e chamas, tudo foi atirado contra ele, e nada funcionava. Mas havia um deus que não era tão apaixonado por Balder: Loki, o deus da travessura. Loki descobriu que Friga tinha esquecido de pedir ao Veratrum, uma flor minúscula, e praticamente inofensiva e completamente ignorada. Loki atirou uma flecha com a essência do Veratrum e matou Balder. Friga ficou desolada, ela decretou que a planta nunca mais seria usada como arma. O problema é que Balder teve um filho antes de morrer, como uma nova era de "semideuses". Esse é o mito dos nephilins naquela cultura. Conheço Nephilins na Grécia que tem certeza que é assim que o mundo vai acabar, coberto de veratrum.

— Aqueles desgraçados colocaram veratrum na faca? — Jordan passa as mãos no cabelo andando em círculos, e eu engulo em seco.

— Isso vai me matar?!

— Não, por sorte cheguei a tempo. Toma — Hazel joga um olhar acusatório ao Jason, entregando a folha a ele de um jeito agressivo — Além disso, eu sou ligada a você. Vamos dar um jeito nisso, garota.

As coisas que ela pede à Jordan são plantas que eu nunca vi. Que eu não saberia soletrar nem se minha vida dependesse disso.

Depois de quase uma hora gritando de dor naquele quarto com Hazel passando folhas no ferimento, eu finalmente consegui me acalmar. O sono estava anuviando minha mente, mas a dor já tinha passado, tanto nas minhas costas quanto na cabeça e nas pernas, como se incidente não tivesse existido. Eu dormi e tive outra vez o mesmo sonho.

Estou à beira de um penhasco branco feito de areia. O solo não é firme. O lugar onde estou começa a desmoronar, desfazer-se e cair, cair, cair milhares de metros abaixo de mim, no oceano, que bate e arrebenta contra o penhasco, tanto que parece um ensopado gigante e espumante, todo ele de ondas e águas violentas.

Fico apavorada diante do medo de cair, mas por algum motivo não consigo me mexer ou recuar, mesmo quando sinto o chão se esvair sob mim e milhões de moléculas se reorganizarem no espaço, no vento: a qualquer segundo, vou cair. E, pouco tempo antes de descobrir que não há nada além de ar sob meus pés, que a qualquer segundo sentirei o vento uivando a meu redor enquanto caio na água, as ondas que chicoteiam lá embaixo se abrem por apenas um instante e vejo o rosto de uma mulher flutuando abaixo da superfície, pálido, inchado e com marcas azuis. Seus olhos estão abertos, os lábios separados, como se estivesse gritando, e os braços estendidos para os lados, boiando naquela corrente, como se esperassem me abraçar.

Depois, sonho com Jake, em uma das minhas lembranças favoritas:

Houve uma batida na minha porta, e eu a vi se abrir pelo espelho. Continuei escovando o cabelo enquanto Jake entrou. Ele tirou o tênis e desabou na minha cama com um cansaço exagerado, de braços abertos ao lado do corpo.

Flor da meia-noiteDonde viven las historias. Descúbrelo ahora