6. Asas. Magníficas... asas

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Arrumo uma desculpa e de repente vejo o que aquela cena pode parecer. Jordan e eu sozinhas na reserva a noite, quando todos já foram dormir. Dessa vez, e só dessa vez, foi razão pra o ciúme de Jake. Apesar de saber que essa seria a última coisa em que meus amigos iam pensar: eu beijando uma garota escondida.

— Eu só tropecei em alguma coisa e caí, não precisa fazer tanto alarde. Não se preocupem, podemos voltar agora — Dito isso e algumas trocas de olhares depois, as pessoas começam a se dispersar, restando apenas eu, Jake, Jordan, Jessica e Hazel. O Senhor Carter toca meu ombro e segue os outros, com a promessa de me examinar no ônibus mais tarde.

Sei bem o que ele quer examinar, e isso me dá repulsas.

— Não é possível que você tenha apenas caído — Jake adivinha — Me conta a verdade, Ally. Você parecia apavorada, fiquei tão preocupado. Falou que ia checar uma coisa e não voltou, eu...

— O que veio fazer aqui, afinal? — Hazel pergunta enlaçado meu braço no seu e me levando para longe. Jogo um último olhar à Jordan antes de seguir com meus amigos.

— Ouvi alguma coisa, achei que fosse o Chase tentando alguma gracinha de novo, mas quando vi já estava longe demais.

— Você é burra ou o quê, amiga? — Clove diz sorrindo — Não assiste a filmes de terror? A loira é sempre a primeira a morrer depois que escuta um barulho misterioso.

Rio e me aninho nos braços de Jake.

– Obrigada pela preocupação, mas eu juro, estou ótima, não aconteceu nada demais — Fora, é claro, o frio que finalmente começa a me consumir.

Já na barraca, segura e a salvo, Jake está deitado atrás de mim, com o braço ao redor da minha cintura. E depois de insistir muito, acabei vestindo seu moletom, o que veio bem a calhar, mas eu já estava achando que daqui a pouco ele viria com uma caneca de chá e um serviço de quarto.

— Ally, eu amo você, e sei que às vezes fala a coisa certa apenas pela aparência, mas... o que houve com aquela garota? De verdade? Sabe que pode conversar comigo, se estiver rolando algo... eu gostaria de saber para podermos resolver, por que você tem andado distraída. Disse que ela te causava arrepios, mas estava com ela no meio da floresta. Tem algo que quer me dizer?

Eu solto uma risada abafada com o que ele está sugerindo.

– Não está acontecendo nada, eu juro que achei que era o Chase. A garota é esquisita, o que ela estava fazendo sozinha no meio do mato? Amo você mais que tudo, Jake, você sabe disso. E estou mesmo distraída, não sei porquê, mas vou melhorar. Não quero mais ninguém além de você há muito tempo.

— Tudo bem — Ele sorri, aliviado — Está nervosa? Deve ter sido assustador.

Relaxo encostada nele, sua respiração faz cócegas na minha nuca, e posso sentir as batidas com passadas do seu coração nas minhas costas.

— Não mais — Fecho os olhos e acaricio sua mão até perceber que ele pegou no sono.

O que Jordan tinha me mostrado teria deixado qualquer um a beira da loucura. Mas não eu. Aquelas duas asas imensas me causaram um efeito contrário. Me fizeram imaginar como seria cortar o ar do Pacífico, e tinham um tom de dourado tão bonito que eu não seria capaz de encontrar em nenhuma paleta de cores. Então, assim como veio, a paz se foi, como um sussurro ao luar. A ideia de eu não ser humana é o que toma o lugar nos meus pensamentos, deixando o fascínio de lado.

Como era possível que eu não fazia parte do mundo que vivi por dezoito anos? Jake, que havia sido meu porto seguro por tanto tempo, agora parecia distante de mim, como se fizesse parte de uma outra realidade, criada pelo meu subconsciente para a chegada desse dia. Me viro e fico de frente para ele, ouvindo sua respiração suave, seus finos cabelos loiros e a boca em uma linha dura.

Flor da meia-noiteWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu