Capítulo 41

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LAILA HÉRNANDEZ

- Cunhadinha, o que temos aqui? - Javier aparece, no exato momento que ponho o bolo de cenoura com calda de chocolate na mesa.

- Um bolo. Acabou de sair do forno, quer um pedaço? - ofereço, já observando ele se sentar na mesa. Pego um prato e ponho um pedaço bem generoso - Por que está aqui à essa hora?

Olho para o relógio digital na parede, que marca quase cinco da tarde. Esse horário os meninos ainda estão no escritório trabalhando ou nas ruas resolvendo algum problema. Já estou casada com Asier à algumas semanas, mesmo que eu e ele não somos tão próximos, sempre gosto de entender sua rotina de trabalho.

- Estou com a cabeça na lua. - responde, pegando um pedaço com o garfo e levando até a boca - Isso aqui tá perfeito. Onde aprendeu à cozinhar?

- Depois que os meus pais morreram, sobrou apenas algumas coisas para recordar, uma dessas é um livro de receitas, escritas pela minha mãe.

- Você o têm ainda?

- Não. Depois que o seu irmão me trouxe pra cá, ele continuou na casa do meu padrinho.

- Lamento - me olha com pena, deixando seus olhos azuis mais intensos.

- Não é algo que eu fique lamentando. Aliás, eu lembro de todas as receitas naquele livro. - abro um sorriso, observando ele acabar com o pedaço de bolo e pegar mais um. - Essa sua cabeça na lua, tem nome?

- Nome e sobrenome - resmunga - Megan voltou para o Estados Unidos.

- Você já estava ciente disso, não é?

- Claro que eu estava. Mas eu não imaginei que ela iria mesmo. - volta a me olhar - Ela negou meu pedido de casamento, você sabe.

- E você também sabe o motivo da negação. - arqueo uma sobrancelha pra ele, quando ele ia pegar mais um pedaço de bolo da travessa, eu puxo a mesma na minha direção - Me ouça.

- Você não era mandona assim - faz um bico fofo - Está ficando malvada, como o meu irmão.

- Não mude de assunto, Javier Savóia Hérnandez. - pouso minhas mãos na cintura, olhando para o loiro à minha frente - Me diga, por que Megan o rejeitou?!

- Ela quer alguém que à ame, mas eu não posso dar isso à ela.

- E por que não?

- Não fui criado pra amar, Laila. - responde, sério - Eu sou uma máquina de matar, não posso ter sentimentos por ela.

- Até agora você deu motivos do porque não pode amar, não porque você não quer amá-la. - toco em sua mão, traindo a atenção dele - Sabe o que eu acho? Que você à ama.

- E por que têm tanta convicção?

- Você transparece sua preocupação, atenção e carinho por Megan. Isso é o essencial para um relacionamento dar certo, principalmente, o amor.

- Não posso acreditar.

- Então não acredite, apenas tente. O amor pode ser construído com o tempo, não surge de uma hora para outra. - abro um leve sorriso - Você quer amá-la, mas tem medo que isso mude muito a sua vida.

- É a mesma coisa que pensa sobre o meu irmão?

- Perdão? - pergunto, sem entender.

- Você ama meu irmão. - sinto uma bola se formar na minha garganta - Mas têm medo que ele à machuque, da mesma forma que ele à machucou quando tirou tudo que tinha.

- Isso não..

- Vai me dizer que nesses quase quatro meses, você nunca sentiu atração pelo meu irmão?

- Atração e amor são coisas diferentes, Javier.

- Tenho total ciência disso. O amor você constrói por vontade própria, se já existe atração, porque não ir atrás do amor?

- Isso serve pra você também.

- Não, cunhada. - se levanta, passando o braço pelo meu ombro - Isso é lição para nós dois.

Vendida pra ti Where stories live. Discover now