ShortFic!
" Uma jovem humana,
dezesseis anos vivendo em
seu inferno particular.
Pais ruins, família desarmonia,
traumas de infância, tela como
objeto de conforto "
Motivo da morte: acidente de carro,
em uma tentativa falha de fuga.
"━─━───...
Quando o assunto é o bem estar e a saúde de uma criança, não concordo que os responsáveis ajam como personas sem autoridade. Se tem que usar tal coisa, vai usar e ponto final. Claro que pode haver uma conversa tranquila, com diálogos leves, a respeito do processo, mas ele tem que existir.
— os músculos da boca não estão sendo estimulados, logo eles inflamam e incham. Eu vou poder passar um remédio, que vai resolver a inflamação e diminuir a dor, mas ela precisa ter um estímulo diário.
Voltei pra minha mesa para buscar a chave do meu mini armazém de medicamentos, e segui até o móvel para procurar pelo melhor inflamatório que tenho aqui.
Antes de aplicar o medicamento tive que fazer toda a higienização comum, e por as luvas cirúrgicas. Sabina me esperava com a filha no colo, sentada na maca.
— abre a boca pra tia — pedi.
— o que vai fazer? — ela perguntou cheia de medo.
— agilize, filha. O quanto antes ela terminar será melhor pra ti.
A criança obedeceu sem que eu precisasse falar mais nada, então busquei pela seringa na superfície de metal, e me preparei para o que viria a seguir. Como o esperado, Sina gritou e tentou me morder assim que sentiu a perfuração na gengiva.
— tô acabando, tô acabando, abre a boquinha querida — pedi mais calma.
Apliquei o medicamento ali e removi a agulha de finura mínima. Sina já chorava como nunca antes, se grudando na mãe e gritando sobre o quanto eu era má.
— me perdoe, anjo — pedi — vira pra tia de novo.
— naaaaaao — ela gritou, mas a mãe lhe segurou.
— não terá mais dor nenhuma, eu lhe prometo. Só preciso fazer uma massagem rapidinha.
Sabina forçou a boca da criança a abrir, e eu fiz uma curta massagem na gengiva sensível usando meus polegare. No mesmo minuto a loirinha parou de chorar, apenas fungando e soluçando.
— ainda sente alguma coisa?
— sim! — seu grito de raiva me atingiu.
— não minta pra mim, se estiver doendo eu terei que tomar mais providências.
— não tá doendo! — ela virou o rosto e se escondeu na mãe.
— vou tirar essas luvas e descartar a seringa, aceita um copo de sangue? — perguntei a mais velha.
— se não for incômodo, aceito sim.
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Mais calma, voltei a minha sala com o copo de sangue em mãos. Confessando que tive que passar algum tempo sozinha para esfriar a cabeça.
— se quiser namorar com ela, vai ter que fazer um contrato que proíbe ações médicas em casa — ouvi uma voz bem baixa.