Parte 4 - A Dança do Fogo

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O deserto estéril. 

A noite eterna. 

O mundo... falso.

"Uma imitação barata de Hueco Mundo..." 

Foi como Yamamoto definiu o lugar, nos primeiros minutos depois de ter atravessado a fenda e pisado no território inimigo. O comandante já estava tremendamente irritado por terem demorado tanto para encontrar a localização dos Vasto Lordes. Os esquadrões que formavam a Gotei eram, sem sombra de dúvida, formados por shinigamis poderosos e habilidosos combatentes. No entanto, faltava muito para que pudessem ser considerados "completos". 

O general sabia que era preciso dividir melhor as áreas, separá-las por qualidades específicas. Se houvesse uma divisão responsável pela inteligência, planejamento e experimentos envolvendo a energia espiritual e suas diferentes formas de manifestação, com certeza a situação teria sido resolvida com maior eficiência. Talvez, ele sequer tivesse precisado dar-se ao trabalho de pisar naquela terra asquerosa. Mas ele admitia que seria preciso surgir algum pioneiro para implementar tais mudanças. Não era do feitio de Yamamoto envolver-se nessas coisas. Já fora muito trabalhoso treinar e comandar milhares de shinigamis, tornar-se seu líder. Uma responsabilidade imensurável caía sobre seus ombros, e o tempo, assim como as experiências que passara, tratavam de torná-lo um guerreiro cada vez mais rígido, inflexível e orgulhoso.

— Espero que sejam realmente fortes — comentou Unohana, caminhando calmamente ao lado do comandante. Seus passos deixavam pegadas efêmeras na areia. O vento, naquele mundo, parecia uma entidade irritada, lançando sopros enfurecidos no rosto daqueles que pelas dunas se aventuravam.

— Se seu desejo é uma luta sangrenta, por que não me desafia? — perguntou Yamamoto, com tom casual.

A pergunta pegou-a de surpresa. Uma ideia excitante passou pela cabeça, mas logo ela voltou a si e respondeu com cautela:

— Não sou tola. Você pode olhar para mim e enxergar nada além de uma fera violenta, mas ambos sabemos muito bem que o verdadeiro demônio é você.

— Espero que o tempo lhe ensine o valor do respeito — queixou-se Yamamoto. — É uma capitã, deve dirigir-se a mim com mais apreço.

— Sou a Kenpachi — gabou-se ela, com um tom que beirava o sadismo. — Tenho uma reputação a zelar, não posso subordinar-me tão facilmente.

O general apenas bufou, e ambos continuaram o caminho. Andaram por horas sem ninguém a importunar-lhes. Até que, mais ao fundo, atrás de dunas e florestas mortas de árvores secas, avistaram as ruínas. Pilares e muros rachados, restos do que um dia fora uma abóboda de mármore, escadarias incompletas... 

Mas por que alguém se daria ao trabalho de criar um mundo falso, para depois recheá-lo de ruínas?

Algo gigantesco serpenteou sob o deserto. A areia se moveu, dunas foram desfeitas em segundos. Um forte tremor, e então as criaturas surgiram por trás das árvores mortas. Algumas delas saíam por entre muros e pilares semidestruídos. De repente, os dois estavam cercados. Dezenas, talvez centenas de hollows ansiavam devorá-los.

— Menos... — balbuciou Unohana. — Gillians, em sua maioria, mas há alguns Adjuchas.

— Livre-se deles —  ordenou Yamamoto, observando um dos inimigos cujo tamanho era maior que um arranha-céu.

— É tedioso... não é trabalho para mim.

— Não me faça repetir.

Uma expressão de descontentamento surgiu em seu rosto, mas Unohana acatou as palavras do comandante e partiu para cima dos inimigos. 

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⏰ Last updated: Jun 15, 2017 ⏰

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