O Resgate

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Num dia claro, uma brisa suave batia na folhagem de uma imensa árvore solitária num canto, uma pequena figura estava encostada no tronco lenhoso, era uma criança, cabelos longos loiros, usando algumas roupas brancas rasgadas, nas costas, uma enorme cicatriz de corte estava aberta e sangrava, o pequeno era franzino, desgrenhado, estava desnutrido e mal tinha forças para se mexer. Constantemente a barriga dele roncava alto, fazendo o garoto gemer baixinho por essa dor.

Alguns passos pesados se aproximaram dele, o som da grama quebrando chamou a atenção da criança, que tentou em vão se esconder mais atrás da árvore. Ficando exposto para o adulto parado ao lado dele, usando um jaleco branco e botas de couro e uma bolsa marrom em uma das mãos, fitou o garoto por algum tempo.

-O que tá fazendo aqui sozinho?

-Me... escondendo... dos soldados.

O homem pensou nessas palavras, até que se lembrou dos agentes do governo que havia notado alguns quilômetros atrás.

-Por que eles estão atrás de você, garoto? – Disse se ajoelhando ao lado da criança, abrindo a bolsa e tirando alguns lanches e frutas de dentro, entregando para a criança, que atacou tudo com os olhos brilhando. Comeu sem nem deixar restos, tudo isso com o olhar paciente do homem, aguardando pela resposta.

-Eu era de um orfanato... pensei que ia ser adotado, mas aqueles homens chegaram, me obrigaram a comer uma fruta esquisita. – A criança falava com naturalidade agora, com mais energia depois de comer um pouco, mas aquelas palavras fizeram os olhos do homem arregalarem.

-Você comeu uma Akuma-no-mi então? Eles deviam querer te treinar desde cedo. Como fugiu?

-Não sei bem, eles me bateram muito, só lembro de parecer estar voando. Eles vão me achar, moço? – O garoto perguntou com lágrimas nos olhos, se encolhendo um pouco próximo ao tronco da árvore.

O homem não conseguiu se conformar, como eles podiam fazer isso com um garoto tão pequeno assim, aqueles monstros o machucaram e provavelmente fariam coisas piores apenas para futuramente ter um forte agente a favor do governo. Ele não ia deixar isso acontecer.

-De jeito nenhum, não vou deixar o Governo te levar, garoto. - Estendeu a mão para cumprimentar a criança. – Meu nome é Professor Piaget Jean Malachi, mas pode me chamar apenas de Malachi.

-Sou Backes Goorak. – A criança estendeu a mão timidamente para o cumprimento.

Os dois se levantaram depois de alguns minutos que permaneceram na grama, o homem segurou a mão da criança, saindo andando tranquilamente pelo campo com o garoto.

-Me diga, qual seu sonho, pequeno?

-Eu queria ser um pesquisador para fazer todos saberem da verdade.

-É um sonho nobre, até muito complexo para uma criança. Mas bom, eu te ajudarei a ser um pesquisador, futuramente você vai poder até ser um professor como eu.

-Eu adoraria... Malachi. – A criança deu um sorriso grande, agora, dando para reparar que um dos dentes da frente do garoto estava faltando. A brisa fresta daquele dia passava pelo rosto dos dois como se fizesse um suave carinho.

O professor acorda assustado, dando um pulo e se levantando, uma fisgada de dor no ombro pelo movimento brusco, ele olha ao redor, está na praia, está amanhecendo com uma brisa gelada, um pouco a frente dele uma fogueira, em volta da fogueira várias figuras sentadas ou deitadas em camas improvisadas na areia, uma delas era o capitão, estava desacordado também, todo enfaixado. Goorak teve um sonho, mas não um qualquer, sonhou com seu passado, como conheceu o rei, ele coçou a cabeça, ele percebeu que estava enfaixada, assim como seu ombro e seu corpo, subitamente as memórias da batalha que antecedera retornaram a ele, o fazendo estar ciente da derrota que sofreram.

One Piece CrystalWhere stories live. Discover now