normal days in this Island

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Já fazia uma semana desde que Pac não via o ex-namorado, ao lado do filho foi calmamente em direção a casa no pé da favela determinado a tirá-lo do buraco ao qual se enfiou, era engraçado como mesmo após o término se davam extremamente bem, tentaram reatar o relacionamento no início para cuidar de Richarlyson mas logo perceberam que era uma ideia bastante problemática, terminaram amigavelmente e viviam caçoando como se tivessem partido um o coração do outro, se eu pudesse usar uma frase pra descreve-los seria “Se eu não lembro, eu não fiz”, o perdão sendo a chave pra que depois de anos pudessem viver em harmonia e aproveitar das boas coisas que poderiam fazer juntos.
Nem mesmo o barulho do elevador foi capaz de atrair a atenção do rapaz, mas a voz sempre tão calma o xingando de todos os nomes possíveis foi, logo arrancando de si um sorriso sincero.

— Você tá achando que uma perna realmente vai me fazer deixar você apodrecer nessas cadeira mal construída?!  - a voz era séria mas as ofensas n...talvez também fossem

— Oi pra você também Pac - riu da indignação do amigo - e não, tô tentando decifrar essa frase da desgraça do pato, pode ser algo relacionado aos ovos - meio que um como um acordo geral, todos chamavam as crianças por ovos, já que na teoria eles nem teriam nascido ainda.

— Cell, não me faça te arrastar daqui pela orelha - a troca de olhares era intensa, um desafiava o outro.


Ele fez.

Pac arrastou o moreno dali sem ao menos se preocupar com a bagunça que a caneca de café derrubada no chão faria, simplesmente não permitiria que isso durasse nem um segundo mais.
Por sorte o dia estava calmo e boa parte das crianças estavam reunidas no campinho da favela brincando, os pais observavam encantados enquanto conversavam alheiamente, Feelps que estava a alguns dias sumido logo se juntou ao grupo de pessoas que debatiam qual maderia era melhor, Dark Oak ou Spruce.
A discussão não era sobre um assunto realmente importante, mas os adultos tratavam como a coisa mais importante que poderiam estar debatendo em suas vidas, quem visse de fora se perguntaria se os ovos não eram os reais responsáveis.

— Feelps, preciso te contar umas coisas, você perdeu muita maluquice nesses últimos tempos - disse o detetive atraindo a atenção do amigo.

O pequeno de camiseta do Brasil logo se pôs atrás dos adultos, sempre pela fofoca, os três se encontraram em frente ao lago da favela e o moreno passou a contar tudo o que lhe aconteceu, como Feelps era o amigo mais antigo que tinha, se sentiu na obrigação de lhe contar cada detalhe dos terrores que vinham assolando a ilha.

— Cara isso é maluquice, tem certeza que você não sonhou com isso? - disse claramente desacreditado.

— Claro que não! Porque diabos eu estaria sonhando com isso? - pra cabeça do ex-presidiario tal hipótese era totalmente sem nexo.

— Ah, sei lá, você foca tanto nas teorias que as vezes...- deu de ombros deixando o assunto de lado.

Ao longe um único ruído da serra pode ser ouvido, não o suficiente pra nenhum ser humano comum, mas o necessário para que Cellbit virasse devagar até se deparar com o maldito sorriso em sua frente, fazendo um churrasco, atraindo seu filho como um predador atrai a presa.

— SAI DAQUI SEU URSO DESGRAÇADO! - se aproxima quebrando a churrasqueira, a criança como tão pequena quanto era ficou chateada pela ação do pai.

— Para com isso Cellbit! Olha o que você fez! - o urso tinha uma feição triste, falsa, com um típico sorriso de canto quase imperceptível, saia de lá aos poucos planejando seus próximos passos.

Enquanto o cacheado permanecia indignado, o detetive relembrava a seu filho o quão perigoso o animal era, que só queria protegê-lo e que faria agora mesmo pra ele um churrasco no topo de sua residência.
Subiu junto ao ovo e começou a preparar as coisas, estavam tranquilos esperando a carne assar enquanto conversavam, mas paz nunca seria o forte de Cellbit.
O Maldito barulho retornou e ao procurar a origem se depara com a pelugem branca bem nos pés de sua casa, lhe encarando com o sorriso mais sonso que tinha, portando uma serra, a mesma serra com resquícios de seu sangue.
O seu olhar acompanhou cada passo do ser que mais odiava enquanto o mesmo o rodeava, os olhos tremelicavam em puro ódio, a criança já se preparava pro que viria.
O adulto desceu a rampa correndo sendo acompanhado, reuniu todos os itens que tinha e foi até sua bancada, não era o melhor na construção de itens mas não errou se quer um passo da montagem, vendo o que seu pai fazia, para ajudar fez um bloco de carvão como combustível, e o mais velho simplesmente explodiu.
Correu o mais rápido que pode até o andar de cima, mataria aquele ser desgraçado com sua própria arma, o barulho da serra agora era seu aliado.

— APARECE SEU MERDA! - um pedaço do piso de sua casa foi danificado - VEM SEU MERDA APARECE!

Pac que ia de encontro com o amigo  acaba presenciando  seu surto assim que chega próximo da porta.

— APARECE NA MINHA FRENTE SE VOCE TEM CORAGEM SEU BOSTA! - já estava fora da casa sem ao menos reparar nos arredores - VEM, VEM, CADE VOCE SEU DESGRAÇADO!? APARECE NA MINHA CASA VEM!

— Eu tô cansado de todos os seus joguinhos! Eu vou decifrar cada parte desse seu enigma de merda! - a adrenalina já não era o suficiente pra manter seu grito a plenos pulmões, o volume diminuiu um pouco mas não a intensidade de suas palavras.

— Eu vou destruir sua vida, eu tô cansado! Você não vai chegar perto do meu filho, você não vai chegar perto dos meus amigos, você não vai chegar perto de ninguém! - se alguém o olhasse nos olhos agora, poderia enxergar as lágrimas seguradas.

Aos poucos a calma o tomava novamente, o loiro chega por trás e coloca a mão em seu ombro, o dono do surto olha pra trás e vê o amigo com o filho um pouco retraído.

— Me desculpa filho, não queria te assustar - se abaixou na altura da criança lhe dando carinho.

— Você precisa de um tempo disso tudo, tá te enlouquecendo - disse suspirando - e além do mais, nosso neném  tá crescendo, e você tá perdendo tudo isso.

— Você tá certo - encarou o pequeno que já não se demonstrava mais acanhado. - vou tomar um tempo.

Bem, talvez depois de seguir o cucurucho que levava seu amigo pra algum lugar longe dali. Enquanto o faziam estando mais atrás, contou todo o ocorrido ao ex .

— É, acho que a prisão foi o menos dos nosso problemas moço  - comentou rindo desacreditado.






Dividi o capítulo em duas partes :)

Próx cap (Betrayal?)

"Cicatrizes" - Guapoduo (QSMP)Where stories live. Discover now