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link da playlist da fic na bio do meu perfil!

não revisado, boa leitura!

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7 anos e 8 anos

Soobin agachou e tirou uma pedrinha de seu sapato, as mãos gordinhas tendo dificuldade em amarrar o cadarço novamente. Sua mãe nunca havia o ensinado isso, ela sempre fazia os laços bonitos sem olhar para a cara dele.

O garoto fez biquinho, se sentindo impotente, mas voltou a correr pelos quarteirões como se não fosse nada. Um cadarço desamarrado não atrapalharia demais.

O vento batia em seu rosto, que possuía um sorrisinho fofo. Soobin era um pouco diferente dos garotos violentos de seu bairro, ele gostava de passarinhos e flores coloridas, e todo dia ele procurava flores bonitas para sua mamãe. Os outros eram teimosos, sempre se jogando no chão e fazendo birra para suas mamães.

Eu nunca seria assim! Soobin afirmava para si mesmo, fazendo biquinho e franzindo as sobrancelhas sem nem perceber.

Não notou quando deixou de correr e ficou pensativo, parado na frente de uma casinha azul clara, pequena e fofa. Soobin não escondeu o brilho nos olhos quando viu lindas florinhas, de muitos tipos e cores.

Mas, antes de sequer conseguir colocar as pequenas mãos no jardim, ouviu um grito vindo de uma janela da casa.

— Ei, menino! — Era, provavelmente, o dono da casa aquele menino feioso que amassava a cara no vidro da janela, e emburrava furiosamente. — Sai daí!

Soobin devolveu a cara feia, cruzando os braços e batendo o pé.

Mostrou a língua para o outro garoto, correndo várias ruas de volta para sua casa, agora sem vontade nenhuma de procurar as flores para sua mãe.

Soobin fingiu que não sentiu as lágrimas nascendo nos olhinhos, porque ele tinha que ser um garoto forte.  Era isso que sua vovó dizia quando ele chorava porque os meninos grandes tiravam sarro de seu jeitinho, e ela sempre dava um beijinho em seu rosto e um prato com um pedaço de bolo de chocolate.

Pensando em sua vovó, um sorrisinho surgiu em seu rosto, mas ele ainda estava muito triste com o garoto desconhecido.

— Mamãe, não consegui pegar umazinha flor pra você! — Soobin reclamou, mais tarde, à mesa de jantar, para sua mãe, que suspirava cansada enquanto colocava comida no prato de seu filho.

— Que pena, filho.

E, enquanto comia arroz frito, Soobin concluiu que deveria voltar na casa do menino chato e conversar com ele.

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Soobin continuava repassando na cabeça suas falas sobre ser educado e como falaria com o menino chato. Ele variava o peso entre um pé e outro e torcia os dedos em ansiedade.

Pelo menos estava usando seu macacão jeans favorito, e ele dava sorte em dias ruins.

Quando virou a esquina que se lembrava ser a da rua da casa do garoto estranho, ele congelou, incapaz de dar mais passos e avançar. Poxa, e se o menino for daqueles valentões que dizem "se eu te ver de novo vou te quebrar"? Soobin morria de medo deles.

Pensou, pensou e pensou mais uma vez. Sua vovó não ia gostar mesmo que ele fosse medroso desse jeito, ela gostava que ele fizesse tudinho que tinha medo para perceber que nem tudo é o que parece.

Soobin achava sua vovó muito, muito sábia.

Com isso em mente, ele caminhou corajoso até a casinha azul, forçando o melhor sorrisinho que pôde.

Dois corações em um Onde as histórias ganham vida. Descobre agora