O Poder do Elmo

4 1 15
                                    

Uma caixa fora trazida para a sala, era grande o suficiente ao ponto de ser necessário dois dos comandantes para carregá-la. Depositaram-na mesa que antes acomodava o mapa.

Possuía bordas arredondadas, escondendo qualquer insinuação de emendas, apenas uma fina linha dava a indicação de separação entre a tampa e o resto da caixa. Seus nódulos formavam longos anéis que circundavam toda a peça. A madeira fora escurecida pelo verniz que reluzia a luz ambiente.

Como moscas atraídas para a luz, os cinco do conselho aproximaram-se, formando um arco às costas do general.

Em uma das faces da peça havia um círculo que se destacava apenas por seu leve entalhe. Arlan deu um passo e o pressionou, um clique seco foi ouvido e a tampa ergueu-se levemente.

O general ergueu a tampa e o vermelho do veludo que revestia todo o interior da caixa saltou pela sala.

No meio da caixa sob o tecido macio repousava o elmo, Arlan levantou-o e todos puderam vê-lo. Uma peça terrível aos olhos, parecia ser grande demais para qualquer um dos presentes. Sua viseira era duas órbitas arregaladas, escura pela falta de um portador, possuía uma bocarra com longos dentes afiados.

O elmo fora forjado em metal negro e opaco, gasto pelo passar dos anos. Possuía vários arranhões, alguns profundos. Em sua fronte parecia haver uma runa.

— Durante toda a existência de Elmor nós tivemos um grande inimigo, os pele preta, selvagens, que só entendem a violência como fala. — Arlan pousou a peça sob seu braço. — Durante esses mais de mil anos ganhamos e perdemos batalhas, matamos e perdemos nossos reis. Isso teve fim quando Heri o Antigo regressou de seu exílio.

Dois homens foram trazidos, grilhões os prendiam.

— Consigo ele trouxe o elmo, desde então todas as batalhas que travamos contra nosso inimigo vencemos. Isso nos trouxe a estabilidade de que precisávamos. Ganhamos terras, encurralamos os Maza para o canto do mapa, hoje eles não nos são ameaça. Vocês verão o porquê dessa peça ser a responsável pelo nosso êxito. E saberão que com ela nem os generais de ferro de Hakon serão capazes de deter-nos — Arlan ordenou que fossem trazidos os prisioneiros para perto de si.

Soltou os grilhões de um deles e colocou-o em sua frente.

Chegou próximo ao ouvido do homem e disse:

— Você fora aprisionado por roubar o rei. — Os olhos de Arlan fitavam os de Marcius. — E passou muito tempo apodrecendo nas masmorras desse castelo. Ora, o que roubara?

O homem fitava o chão, tremia ao som da voz grossa do general.

— Roubara uma porcelana. — Disse Arlan. — Sabe, também acho isso injusto.

O encarcerado permanecia de cabeça baixa e o general continuou.

— Dou-lhe a oportunidade de fazer valer a justiça da espada. — O metal frio raspou a bainha de couro.

Gestur sacou sua espada em reflexo e se pôs entre o rei e o general.

— O que tem que fazer é pegar o elmo e brandir minha espada, depois disso nenhum homem poderá deter-te.

— Se tocar nesse elmo morrerá pela minha lâmina. — Gritou o comandante de Casco.

Mais espadas foram desnudadas, e os homens de armas postaram se em guarda.

O homem que até então chorava e tremia olhou para Gestur, seus olhos faiscaram.

Tomando pela coragem pegou o elmo da mão do general e o encaixou na cabeça. Arlan estendia sua espada, antes de tocá-la, o homem fora ao chão.

Suas veias saltaram pulsante enquanto ele tentava retirar o elmo. Rapidamente começou a gritar em agonia e debater-se debilmente, como se o metal o queimasse.

Os movimentos frenéticos foram ficando mais brandos até o homem ficar imóvel.

O segundo prisioneiro tentou fugir mas ainda estava preso e os homens de Arlan o seguravam.

O general aproximou-se do corpo do prisioneiro e retirou-lhe o elmo.

— Que tolo usaria uma coisa que o levaria à morte tão rapidamente? — Ouviu-se dizer Gestur olhando o cadáver.

Arlan ergueu a peça e a desceu em sua própria cabeça. Instantaneamente seus olhos ficaram negros como um poço de negrume e mesmo assim permaneceu de pé.

O general fora até o encarcerado restante, e o agarrou pelo pescoço. Com apenas um dos braços, Arlan o ergueu acima de sua cabeça.

O prisioneiro, esmurrava o braço que lhe afligia, guinchava em desespero, mas como o homem que morrera ao colocar o elmo, seus movimentos foram minguando, sua pele se tornando pálida e em pouco tempo seu corpo era apenas um peso que foi largado ao chão.

— Para a guerra contra o norte eu convoco Casco, e pelo Tratado dos mil anos vínculo-os ao Conselho dos onze. — Berrou ferozmente — Em breve teremos a armadura completa e estaremos prontos para a guerra.

You've reached the end of published parts.

⏰ Last updated: Nov 29, 2023 ⏰

Add this story to your Library to get notified about new parts!

O Elmo de Blake - O conto dos EsquecidosWhere stories live. Discover now