c a p í t u l o ✿ 7 2

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E, bom, apesar de a parte do sexo ser indiscutivelmente boa — "e errada!" obrigou-se a lembrar. Um erro incontestável... mas absurdamente gostoso —, ele também gostou de quando os dois simplesmente concordaram que não haveria mais como saírem do quarto dele sem serem zoados e ficaram lá apenas conversando por quase uma hora.

Era libertador agora que ele podia pelo menos admitir que a amava. Não tinha mais sentido em mentir para si mesmo depois de ter admitido para Zoe (e para a própria Bianca, mesmo que ela estivesse dormindo).

Ele amava passar tempo com ela, amava poder conversar sobre absolutamente tudo, amava o fato dela ser seu maior ídolo... e amava as vezes em que ela dizia que ele era o dela. Eram delírios, claro; havia muito mais para se admirar em Bianca do que nele, mas ela nunca falhava em deixá-lo feliz. Aliás, ele também amava isso sobre ela.

— Você vai me agradecer quando deixar de ser um frango. — Daniel ainda estava sentado na cama, tentando sintonizar, quando Henrique pegou uma camiseta do seu armário e atirou na cara dele.

No começo, enquanto era obrigado a correr na esteira antes de Bellini lhe passar um cronograma inteiro de treino de adaptação (nem a porcaria do professor estava lá no domingo...), ele passou a maior parte do tempo querendo matar o amigo.

Porém — e Daniel não admitiria aquilo nem morto —, havia algo esclarecedor em fazer seu corpo suar com um pouco de esforço físico. Era como se recebesse um poder especial e conseguisse pensar com mais clareza em coisas que normalmente sua ansiedade atrapalharia.

Por exemplo, passou a maior parte da noite acordado, rolando de um lado para o outro na cama, pensando justamente sobre a realização de que amava Bianca. E nas coisas ditas na tarde anterior.

Ok, a parte em que ele deixou escapar como gostaria que todos soubessem que ela era "só dele" foi apenas tesão, mas quando admitiu o ciúmes, havia sido sincero. Não que ele fosse realmente possessivo ou coisa assim... só queria ter motivo para sentir as coisas que sentia com relação a ela.

Queria ter algo a mais, essa era a verdade. Ele havia sido um hipócrita aquele tempo todo. Por medo, insegurança, por sentir que não merecia alguém tão bom quanto ela, mas agora... bom, todas aquelas coisas continuavam, só que ele não conseguia mais fingir que eram maiores do que os sentimentos bons que inundaram seu coração na tarde passada.

Por isso foi meio doloroso ouvir Bianca tratando o que fizeram como um "erro". E se agora, quando ele finalmente tivesse encontrado a coragem para lidar com seus sentimentos, ela não quisesse mais nada com ele? Bom, ele provavelmente mereceria, mas não tornava mais fácil de suportar.

— Cara. — Daniel repentinamente parou e colocou o halter no chão. — E se eu pedir a Bianca em namoro?

A princípio Henrique pareceu meio confuso pela fala inesperada, mas acabou abrindo um sorriso:

— Olha aí, você ergueu 10 minutos de peso e já parou de ser um idiota. — Riu da própria piada enquanto secava o rosto suado com a tolha de rosto. — Já pensou em me agradecer mais?

E Daniel realmente saiu de onde estava e caminhou até Bellini. Então segurou o rosto do amigo e deu um beijo estalado em sua bochecha.

— Cara, você realmente tem ideias boas! — Talvez Daniel nem tivesse percebido o que fez, perdido em pensamentos. Definitivamente não percebeu como Henrique ficou meio vermelho e voltou a se concentrar no seu exercício como se a vida dependesse disso. De qualquer maneira, começou a divagar: — Só que não dá pra ser do nada... e eu preciso descobrir se ela aceitaria, óbvio. Acho que a Zoe resolve essa pra mim. Puta merda, esqueci que eu tenho tryout esse final de semana, não posso me distrair! Aliás, eu deveria aproveitar e ir treinar...

CamelliaWhere stories live. Discover now