𝗩【。。】𝘀𝗽𝗶𝗰𝘆 𝗽𝗿𝗮𝗻𝗸

491 88 13
                                    

— É menino ou menina? — perguntou Aaron enquanto enfiava uma colher de macarronada na boca.

— Não dá pra saber ainda idiota! — Yuna respondeu com rispidez, e levou um olhar feio da mãe.

A mesa estava uma confusão só, e Atsumu, apesar de não falar tanto, parecia mais confortável. Aki ainda estava muito quieto, mas pelos olhares menos hostis, ele havia se acostumado com a presença do Miya.

O padrasto de [Nome] estava particularmente calado naquela noite, o que não era nada comum. Ele estava sentado na ponta da mesa, observando todos os outros. Devagar, [Nome] levantou e caminhou até ele.

— Tudo bem, Hoshi? — Ela perguntou, apertando uma mão sobre o ombro dele.

O homem deu um leve sobressalto, saindo de seu transe. Os olhos claros dele observaram [nome] por apenas um segundo antes dele abrir um sorriso.

— Tudo sim, minha flor. — Ele respondeu, chamando-a do apelido que deu quando ela era ainda pequena. — Só estou um pouco chocado que sua irmã está grávida, seu pai vai ficar feliz!

Aquele fato, na verdade, a pegou de surpresa. [Nome] tinha esquecido totalmente que aquela notícia chegaria até seu pai. O homem estava ausente por tanto tempo que fazia com que ela acreditasse que eles viviam em universos diferentes.

Ele e a mãe dela se conheceram na Rússia, quando o homem foi a uma viagem de negócios. Desde aquele momento eles achavam que iam viver uma fantasia, mas aparentemente não foi bem assim.

— Acho que sim. —  respondeu de forma simples. [Nome] não queria preocupar Hoshi.

Ela notou que Atsumu a observava quando começou a voltar para seu lugar, ao lado dele. [Nome] não sabia bem o porquê, mas gostava da sensação de ser observada por ele.

— Quem vai querer a sobremesa!? — a senhora Seishiro entrou perguntando.

O brilho nos olhos de Atsumu quando ouviu aquela palavra foi infantil, mas conquistou um pedaço do coração de [Nome] de uma maneira arrebatadora.

A mãe dela colocou sobre a mesa uma grande torta com cobertura de chocolate, e [Nome] sabia que o recheio era sempre uma surpresa, uma muito boa.

Yuna e os gêmeos se apressaram para pegar um pedaço, e pela cara dos meninos quando olharam na direção de Atsumu, ela já imaginou o que eles estavam tramando. Era uma pegadinha que tinha se tornado uma marca registrada.

— Nem pensem nisso! — [Nome] disse, apontando um dedo para os gêmeos. — Não coloquem pimenta nisso aí.

Os dois pares de íris douradas se viraram para a irmã mais velha, com as sobrancelhas levantadas.

— Como sabia? — perguntou Aaron.

— Eu conheço vocês, ué.

Atsumu parece logo ter entendido o assunto e deu uma risada longa antes de dar uma piscadinha para os gêmeos.

— Eu fazia isso com os namorados da minha mãe, então reconheci de longe. — Ele confessou. — Querem que eu coma com a pimenta? Eu aguento.

[Nome] arregalou os olhos para aquela frase e deu um cutucão nada gentil em Atsumu.

— Tá ficando maluco? Eles usam uma pimenta muito forte. — ela disse, e percebeu o tom da irmã mais velha assumindo sua voz. Aquilo estava acontecendo muito recentemente.

Depois que Emilie saiu de casa e Aki começou a trabalhar muito, [Nome] meio que tentava assumir o papel deles.

— Se conseguir comer a sobremesa com a pimenta, vamos deixar nossa irmã sair com você! — Andrew disse, batendo uma mão confiante sobre a mesa.

A Seishiro do meio arregalou os olhos ao ouvir a frase enquanto Yuna dava risada de toda a situação. O Miya deu um sorriso largo antes de virar o olhar para [Nome].

— Eu aceito, mas preciso saber se vale a pena o desafio… — uma pergunta estava escondida naquela frase. Atsumu queria saber se ela sairia com ele.

A mulher, na verdade, nem sabia realmente o que poderia vir a sentir pelo loiro. Com certeza sentia algum tipo de atração, como se ele fosse um imã que a atraísse para perto, sair com ele podia ser uma boa oportunidade para descobrir isso, e se ambos queriam o mesmo, porque não tentar?

[Nome] apenas deu um sorriso e um menear de cabeça em resposta, o que fez com que o sorriso do Miya aumentasse e seus olhos desaparecessem.

Ele comeu a primeira colherada da sobremesa apimentada.

[...]

O resultado daquele desafio foi um pouco catastrófico. Depois que todos saíram da mesa, Atsumu finalmente deixou transparecer sua verdadeira reação sobre a sobremesa, correndo até a pia e enchendo diversos copos enquanto parecia tentar arrancar a ardência de sua língua à força.

[Nome] tentava conter a situação enquanto pensava na quantidade de louças que teria que lavar, era engraçado como isso sempre sobrava para ela. 

— Tenta parar com isso! — ela disse. — Vou pegar uma jarra de água gelada.

Atsumu ainda estava com a cabeça enfiada na pia quando murmurou um "obrigado" para a mulher, que caminhou rapidamente até ele com a água. O Miya ergueu o rosto para encará-la, e [nome] pode ver os olhos avermelhados do loiro, na verdade, o rosto dele inteiro estava vermelho. 

Ele encheu um copo d'água e tomou de uma vez, repetindo a ação mais 3 vezes depois. A Seishiro levantou a mão e encostou na testa do homem, ele estava quente. Talvez o excesso de pimenta tenha tido um efeito realmente muito ruim.

— Você está com febre. — ela disse, suspirando em seguida. — Parece que sempre acaba em problemas quando está comigo, devia se afastar. — ela brincou.

Atsumu, que agora estava encostado contra o balcão, deu um sorriso leve antes de responder:

— Sou persistente, posso aguentar algumas paneladas na cabeça e sobremesas apimentadas. 

Ela devolveu o sorriso antes de caminhar até um dos armários, pegando um termômetro e uma caixa de medicamentos. Atsumu analisou a cena por um instante e então caminhou até o outro lado da bancada, sentando-se sobre ela.

— Isso aqui te trás lembranças? — ele perguntou.

— Sim, mas não quero mais machucar você. — ela confessou. — Se eu fizer isso, como vamos poder ir ao nosso encontro?

Atsumu arregalou os olhos brevemente, e [Nome] teve a impressão de que suas bochechas admitiram um tom mais vermelho do que o que estava antes. Ele sorriu e ela se aproximou.

A Seishiro colocou o termômetro na axila do rapaz e aproveitou para trocar o curativo que fez na testa dele. Dessa vez ela estava conseguindo alcançar, tanto pela altura de sua bancada quanto pelo esforço do Miya de se inclinar um pouco na direção dela.

Ela retirou a bandagem com cuidado, devagar, e mesmo assim, o Miya soltou alguns resmungos de dor. A ferida estava fechada e com certeza muito melhor,  porém ainda havia uma marca roxa no local. [Nome] se virou, pegando uma pomada em seu kit.

[Nome] afastou os fios claros de Atsumu da testa, liberando acesso para aplicar o produto, e pareceu que aquele toque teve um efeito sobre o homem, que estremeceu um pouco. Ela colocou a substância cremosa sobre o ferimento e afastou o rosto para verificar.

Atsumu desceu da bancada assim que [Nome] afastou as mãos, a surpreendendo. A distância entre eles era mínima, e a Seishiro teve que levantar a cabeça para conseguir ver os olhos do loiro.

— Quando podemos sair? — ele perguntou, sua voz assumindo um tom mais baixo. — Não sei se consigo aguentar esperar muito. 

[Nome] não sabia bem o que dizer, não tinha pensado em nada ainda.

— Posso vir te buscar na sexta às 20h?

— Eu trabalho nesse horário então-

— Tudo bem, então venho pela manhã, vou passar o dia com você, te roubar um pouquinho do meu irmão.

Quando ela achou que o Miya ia se aproximar ele deu um passo para trás, se despedindo com um aceno e saindo pela porta. Enquanto isso, uma Seishiro perplexa foi deixada para trás.

𝐈 𝐋𝐈𝐊𝐄 𝐌𝐄 𝐁𝐄𝐓𝐓𝐄𝐑; atsumu miyaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora