PARTE I

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20 anos atrás

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20 anos atrás...

Não poderia dizer que estava surpresa em receber aquele telefonema, mas com toda certeza ele me abalava e chateava. Como nem tudo na vida eram flores, muito menos a maternidade, peguei minha bolsa e fui cumprir minha obrigação de mãe.

Cheguei à escola e me dirigi diretamente para a diretoria. Já no corredor, avistei Apolo sentado em uma das cadeiras e o outro colega a duas cadeiras de distância dele. Meu filho estava intacto, bem como eu imaginava, mas o outro menino tinha marcas no rosto.

— Mãe, eu posso expli...

— Você com certeza deve, mas agora não, Apolo. – o cortei e entrei na sala da diretora.

— Dona Estela. Bom dia!

— Bom dia, diretora. – retribuí seu cumprimento de mãos e sentei na cadeira a frente que indicou.

— Lamento ter que chamá-la até aqui em uma situação como essa, mas nesses casos a escola realmente tem que tomar medidas.

— Tudo bem. O que aconteceu exatamente?

— Nenhum dos dois quis explicar exatamente como tudo aconteceu, mas houve algum desentendimento entre os dois e o Apolo começou a agredir o colega. Os seguranças tiveram certa dificuldade para conseguir impedi-lo e depois que se acalmou, veio para minha sala e conversamos um pouco, já que ele não falou muito. Mas ao questionar sobre onde ele aprendeu a golpear daquela forma tão particular, ele me respondeu que em casa, com a família dele e confesso que essa informação me trouxe certa preocupação, dona Estela.

— Sim, ele têm aulas de modalidades de diversas lutas em casa, mas aprende de cada uma delas para sua proteção.

— Mas acredito que não seja bem para isso que elas estejam servindo. Ele apresentou um comportamento extremamente violento e talvez esses aprendizados possam estar o influenciando ou colaborando para isso.

— Esses aprendizados estão o preparando para o necessário...

— Eu compreendo as questões da sua família, dona Estela, mas acredita mesmo que isso faz bem para ele?

— Sim, eu acredito e defendo isso. E não, diretora, você não compreende as questões da minha família.

— Ele treina para a própria segurança, dona Estela?

— Exatamente.

— E como fica a segurança de quem está ao redor dele? Nem todo mundo tem o mesmo preparo para saber se defender de um possível ataque dele.

— Ataque? Do que está chamando meu filho?

— Por favor, entenda que...

— Entenda você que eu não irei permitir que tire meu filho para cristo com todas essas insinuações.

— Essa jamais será a minha intenção...

— Não? E onde está a mãe da outra criança lá fora?

CONTO - OS DEZ DIAS (sem Apolo Ferrari)Where stories live. Discover now