Capítulo 58

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Rafe Cameron narrando 🌪

— E por que você acha que se sente assim? —Lucy perguntou, anotando alguma coisa em seu caderninho. — Hein? — me pressionou após não receber uma resposta. Acho que odeio ela.

Olhei para o relógio e ainda faltavam 15 muitos para a sessão acabar. Revirei meu olhos levemente ao ver que ela ainda me encarava.

— Porque sou uma pessoa horrível. — resmunguei, desviando o olhar para minhas mãos.

— Não seja tolo! Você sabe que não acredita nisso. — ela falou.

— Você pode falar assim comigo? — perguntei ,olhando para ela com os olhos semicerrados.

— Você mesmo me autorizou a falar deste jeito com você. — retrucou. — Responda minha pergunta, Rafe

Minhas sessões de terapia com Lucy já estavam acontecendo há cerca de 2 meses. Ela era dura e não cedia aos meus caprichos, uma parte de mim odeia ela por isso, mas sei que é o que preciso.

— Sinto um vazio porque não recebi afeto familiar. — sussurrei. Lucy fez um movimento com cabeça para que eu continuasse falando. — E porque sinto falta de Katherine.

(...)

O casal falava sem parar sobre como Wheezie era encantadora e que sua personalidade é adorável, como se eu não soubesse disso. Eles são pais da garota que está conversando com Wheezie ao meu lado, as meninas são amiga há algum tempo e vivem juntas.

Era bom ver Wheezie animada com alguma coisa, já que ela estava bem abatida nos últimos meses. Ela falava alegre sobre a mudança e já estava marcando com a garota um dia para se verem em Atlanta no próximo mês.

Fiquei receoso quando sugeri que ficássemos um tempo em Atlanta para mudança de ares, mas isso pareceu ser a primeira coisa que animou Wheezie depois do dia em que papai foi preso.

— Você acha que vai dar conta de cuidar dela sozinho? — a mulher perguntou. Em outras ocasiões eu ficaria irritado por sua pergunta, mas ela não parecia estar me julgando, estava apenas curiosa com a situação. 

O casal, formado por Dean e Lorna, sempre esteve presente na vida de Wheezie e, consequentemente, na minha também. Minha irmã caçula e sua filha são amigas desde o jardim de infância e Wheezie frequentava a casa deles com frequência.

— Eu e Wheezie vamos sobreviver. Obrigada pela preocupação, Sra. Miller. — respondi junto com um sorriso sutil.

O casal continuou conversando entre si, enquanto eu passava meus olhos pelo gramado cheio de pessoas, procurando o homem que eu tinha acabado de ver vendendo algodão-doce. Ao conseguir enxergar o homem que estava a alguns metros de nós, fiz um sinal para que ele viesse até nós e tirei minha carteira do bolso.

Parte dos negócios da família estavam sendo investigados pela polícia, então nossos gastos estavam sendo mais limitados. Estávamos bem graças a uma boa reserva de emergência que estava sendo bem utilizada.

Quando estava voltando meu olhar para o casal, eu a vi. Ela estava sentada no chão ao lado de Kiara e parecia prestar atenção no filme. Apenas uma parte de seu cabelo estava preso, o resto dos fios descia por seus ombros da forma mais natural e linda possível.

Ela estava mais bonita do que qualquer outro dia. Eu vi Katherine apenas uma vez após sair do hospital aquele dia, ela estava saindo daquela mesma cafeteria onde nos encontramos uma vez. Ela parecia tão bem.

— Kat! Oi! — pelo jeito eu não fui o único que percebeu a presença de Katherine, já que Wheezie gritou para a garota antes que eu pudesse terminar de admirá-la por completo.

Uma pontada de irritação brota em meu peito, pois agora a atenção de Katherine está em nossa direção e não posso mais olhar para ela e me odiar sem parar. Mas não posso culpar Wheezie por querer dar um oi para ela, minha irmã acha que terminamos de forma pacífica e indolor.

Katherine se virou em nossa direção e sorriu ao ver Wheezie acenando para ela de longe.

Katherine se virou em nossa direção e sorriu ao ver Wheezie acenando para ela de longe

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Um sorriso doce que se desfez alguns segundos após ela me ver ao lado de Wheezie.

Eu devia parar de encará-la?

— Por que não vai lá, garotão? — O Sr. Miller falou, dando um tapinha em meu ombro. Droga, eu sou mesmo tão obviamente apaixonado por ela?

— Acho melhor a gente ir, Wheezie. — resmunguei, lançando um olhar para minha irmã.

— Mas o filme ainda nem acabou, Rafe. — ela disparou, confusa.

— Ela pode passar a noite em nossa casa, querido. — a mulher falou, me dando um sorriso caloroso. — Elas vão passar tanto tempo separadas, acho que uma noite das meninas seria bom para elas. — disse, após ver que eu não estava tão propenso a deixá-la dormir na casa do casal.

— Você quer, Wheezie? — perguntei, olhando para a pequena. Recebi um aceno de cabeça com um sorriso alegre, então apenas dei um leve sorriso para ela. — Tudo bem, então.

(...)

O estacionamento cheio de carros do parque ainda estava vazio, então andei lentamente entre os carros até chegar no meu. Me encostei na lateral do meu carro e desabei.

Patético e fraco. Era o que eu era.

Eu não estava chorando com tanta frequência, mas ver ela bem me deixava tão feliz e tão triste ao mesmo tempo. Katherine merecia ser feliz e realizada, e eu queria conseguir proporcionar uma parte dessa felicidade à ela.

— Patético. — ouvi alguém falar, como se estivesse lendo meus pensamentos. Passei as costas de minha mão por minhas bochechas, limpando as lágrimas que escorriam e me virei na direção da voz.


𝙎𝙐𝙉𝙉𝙔 - 𝙍𝙖𝙛𝙚 𝘾𝙖𝙢𝙚𝙧𝙤𝙣 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora