Capítulo 6

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Meu corpo grita por um descanso urgentemente, mas ele vai ter que aguentar por algumas horas. A tempestade foi tão ruim quanto eu pensava, não consegui dormir de noite.

Quando já passava das 9:00 da manhã, fui para a casa de Pope ajudar na limpeza. Minha casa não teve nenhum estrago, então não era algo que eu precisava me preocupar.

— A Agatha veio com tudo. — disse a Pope, enquanto limpavamos o deque.

— Sim! — concordou ele. — Como se já não tivéssemos trabalho suficiente.

— Esses jovens de hoje em dia reclamam demais. — disse Heyward andando até nós.

— E pelo jeito, os mais velhos também. — Pope brincou e eu segurei o riso. Eu não estava no clima de perder meu emprego hoje.

Antes que Hayward pudesse responder a brincadeira do filho, nossa atenção foi tirada por grito, e eu sabia perfeitamente quem era.

— Estão sendo chamados para uma reunião de emergência. Entrem no barco! — John B falou com a mão na boca, para que a voz saísse mais abafada.

— Não vai dar, cara, tenho que limpar isso aqui. — Pope disse sem muita animação.

— Vocês não sabem da nova lei? O dia depois do furacão é feriado. — JJ falou com seu olhar em Heyward, tentando convencê-lo.

— Nem pensar! — o mais velho respondeu.

— Pula, vem. — JJ e John B sussurram. Levei meu olhar para Pope não sabendo o que fazer.

— Nem pense nisso, garoto. — ouvi a voz de Heyward, ele não parecia tão bravo.

Pope me lançou um sorriso, então nós dois corremos até a ponta do deque e pulamos no barco.

— Prometo que vou arrumar tudo depois, pai! — Pope disse alto.

— E eu vou ajudar ele, senhor! — falei acenando na direção dele.

— Eu vou matar você, Pope. — foi a última coisa que ouvi antes que John B acelerasse o barco.

Depois de pegarmos a Kie, estávamos todos juntos, como sempre. John B falou que nós iríamos pescar, mas sei que não vai dar certo, nunca dá. Pescar é uma ação que precisa de silêncio, e isso era basicamente impossível com os pogues.

— Bora, John B! Agora vai dar certo. — JJ subiu na borda do barco com uma cerveja na mão.

— Vai dar errado, igual as outras 3 vezes. — Pope sussurrou ao meu lado e eu concordei com a cabeça.

Senti o barco acelerar um pouco e JJ levantou a garrafa na altura do rosto. Eu não sei o que ele pretende fazer exatamente, mas acho que está tentando tomar a cerveja fazendo uma pose bonita, tipo nos filmes.

Obviamente, não deu certo, o vento fez com que a cerveja voasse em todos nós.

— Tá molhando tudo, seu idiota. — Kiara falou se esquivando.
 
Antes que John B conseguisse diminuir a velocidade, batemos em alguma coisa e o barco parou. Meu corpo escorregou para o chão do barco durante a batida e senti Kiara cair ao meu lado.

— Merda... — bufei, enquanto John B me ajudava a levantar.

— Tá todo mundo bem? — Pope perguntou oferecendo a mão para Kie.

Fiquei de pé e fiz uma revisão rápida pra ver se estava tudo bem mesmo. Sem dor no corpo, ótimo.

— Tudo... — respodi olhando para os lados. Pera... — Cadê o JJ?

Ouvi a voz baixa do garoto falando um "aqui" e levei meu olhar para a água, vendo JJ. O garoto boiava na água e estava com os olhos fechados.

— Você tá bem? — Kiara perguntou.

— Acho que meu calcanhar foi parar na nuca... — o loiro abriu os olhos, dando um sorriso. Ótimo, se tá fazendo piada, é porque tá bem.

— O canal deve ter mudado com a tempestade. — John B comentou se sentando na borda do barco.

Enquanto JJ nadava na direção do barco, um silêncio se instalou no barco.

— É um barco! — Pope disse olhando para a água.

— Que? Como assim?— JB perguntou, levantando rapidamente.

— Um barco, porra! — repetiu Pope.

— Puta merda. — xinguei, tirando a blusa.

— Vamos dar uma olhada. — Kiara tirou o short e pulou na água.

Pope e John B pularam na água e depois de tirar o short, também pulei. Respirei fundo e mergulhei. Eu não sabia surfar, mas nadar era uma das minhas melhores habilidades.

Nadei até o barco e me segurei em uma das barras de ferro, para conseguir ficar no fundo. Depois de uns 15 segundos senti meus olhos arderem, então voltei para a superfície.

— Vocês viram essa merda? Eu só posso tá ficando doido. — JJ falou recuperando o ar.

— É um barco novo!

— Um barco desse deve valer uns 500 mil. — John B disse enquanto subiamos no barco.

— Alguém sabe quem é o dono? Será que ele tava no barco? — perguntei.

— A gente vai descobrir agora. — JB tirou a âncora do compartimento e foi para a borda do barco novamente.

— John B...acho que não é uma boa ideia. — disse apreensiva.

— Para de ser medrosa, Kat! — JJ exclamou e logo depois empurrou John B na água. Vi o meu amigo afundar e não tive mais visão do seu corpo. A água do mangue não era tão cristalina como a do mar.

— Se ele morrer, colocamos a culpa no JJ. — Pope falou olhando para a água.

— Combinado! — eu e Kie falamos juntas.

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𝙎𝙐𝙉𝙉𝙔 - 𝙍𝙖𝙛𝙚 𝘾𝙖𝙢𝙚𝙧𝙤𝙣 Onde as histórias ganham vida. Descobre agora