5. Viagens

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"Vamos fugir pra outro lugar, baby! Vamos fugir. Pra onde quer que você vá que você me carregue…"

Até mesmo o lençol já tinha saído do lugar depois de tantas vezes que Bianca virou-se na cama. E não conseguir dormir fazia com que ela chorasse de nervoso e cogitasse várias vezes, durante a longa madrugada, que o melhor a se fazer era desistir da viagem. Levantou-se inúmeras vezes, mexeu no celular por longos minutos, tentou deitar em todas as posições possíveis. Cogitou ligar para Bruno, mas sabia que ele ficaria irritado por ser acordado de madrugada e, afinal, de nada adiantaria, já que às duas horas da manhã, Cris provavelmente estaria dormindo.

Só quase às quatro da manhã é que Bianca teve a ideia de ir ao quarto do bebê e buscar o travesseirinho que ficava em seu berço para que finalmente pudesse dormir abraçada sentindo o cheiro do filho.

No entanto, o despertador do celular tocou às cinco, o que resultou em apenas um pouco mais de uma hora de sono para ela. Levantou-se devagar, tomou um banho rápido e, enquanto se vestia, ouviu o celular apitar uma mensagem.

Rafa Kalimann: Ei, bom dia. Eu tô indo pro aeroporto de carro. Você quer uma carona?

Bianca: Bom dia, Rafa. Olha, se não for incômodo, eu quero sim.

Rafa Kalimann: Incômodo nenhum. Saio em dez minutos, tá bom pra você?

Bianca: Tá ótimo.

E assim, exatos dez minutos depois, ela escutou a buzina, trancou a porta e, depois de colocar as malas atrás, sentou-se no banco do passageiro.

Ver o sol nascer enquanto escutava a calma música no rádio fez Bianca encontrar um pouco da paz que precisou a madrugada inteira. Rafaella pareceu notar isso e falou suave, quase com um medo de estragar o momento de tranquilidade da carioca.

– Se quiser abrir um pouco a janela pra tomar um ventinho, fica à vontade, tá?

– Ah… sim, obrigada – Bianca desencostou a cabeça da porta e apertou o botão para abrir uma pequena fresta da janela. Deixou que o ar lhe preenchesse por completo.

– Você não dormiu tanto, não é?

– Como você sabe? Tá muito aparente? Tô com olheira? – ela perguntava preocupada, já puxando o espelho do teto. – Eu sabia que devia ter passado pelo menos uma base ou um corretivo.

– Não – Rafaella riu um pouquinho. – É que você tá tão quietinha e eu me lembro no BBB que você quase sempre acordava agitada e alegre. Eu gostava disso em você, parecia que ficava feliz em acordar. Eu, como quase sempre acordava, e ainda acordo de mau-humor, confesso que gostava de te ver de manhã e acabava me contagiando pela sua alegria. Mas tinha dias que você ficava calada a manhã toda e parecia ser porque não tinha dormido bem. Minha cama era do lado da sua, então eu te escutava se mexer a noite toda.

– Acho que você me leu direitinho.

– Eu te disse que gosto de observar as pessoas.

Bianca voltou a encostar a cabeça no vidro da janela e devagar soltou um suspiro.

– É difícil dormir sem o Cris e… é confuso. Tudo o que eu pensei a madrugada inteira é confuso. Eu já passei outras noites sem meu filho, mas parece que por eu estar indo viajar fica muito mais difícil. Ao mesmo tempo que eu quero muito essa viagem, que eu quero e preciso descansar, me distrair, me divertir… eu só quero meu bebê. Eu daria meia volta só pra ficar com ele.

Rafaella diminuiu a velocidade e parou no acostamento da rua, antes de entrar na rodovia. Desligou o carro e puxou o freio de mão, o que gerou a surpresa de Bianca.

Por causa de você Where stories live. Discover now