Capítulo 16

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Dormindo de conchinha.

Sim, eu acho que prefiro mil vezes acompanhar caras, do que me humilhar o dia inteiro para pessoas, ou seja, entre um emprego "decente" e ser acompanhante de luxo. Eu vou sempre escolher a segunda opção. Pedro colocou na cabeça, que além do dinheiro que ele está me dando, pelo namoro, é bom eu me ocupar em um emprego. Recebi o primeiro salário ontem, mas não me sinto bem com esse dinheiro. Não tem o mesmo prazer que é gastar dinheiro, é como se esse dinheiro, fosse realmente sujo, por isso deixo ele na conta e não mexo. Até a CNH estou pagando com outro dinheiro, já que dinheiro é o que não me falta mais.

— Você realmente parece meu namorado, hein? — Brinco, enquanto ele me leva até onde tenho uma entrevista de emprego. — Está até chato como tal. — Acrescento emburrado.

— Significa que eu me preocupo com você. — Responde estacionando o carro de frente a um dos hotéis da Embraed. Já vim tantas vezes aqui com seu pai, que já perdi as contas.

— Eu já estive como cliente aqui. — Deixo escapar e me arrependo. — Acho que não vai querer saber como é e nem com quem. — Dou um sorrisinho diabólico e ele revira os olhos. — A pessoa fez desse mesmo jeito. — Provoco-o e recebo um soquinho no braço.

— Vai lá! — Ele me expulsa do carro.

Basicamente o cargo é para ser anfitrião. Eu terei que recepcionar as pessoas que chegam. Engolir a falta de educação desses ricos mesquinhos. Sorrir a todo momento e vestir um uniforme social, além de receber um salário de R$ 2.500,00 por mês, fora hora extra. Nada que eu não consiga receber em uma noite só. O horário, infelizmente, bate com minha faculdade: 14h às 22h. É até interessante, a não ser pelo filho do dono do hotel. Henrique é um riquinho mimado, que eu conheço de outros verões, tipo de uma noitada que transamos e foi a pior transa da minha vida.

— Gostei muito de você, Isaac. Você faz o perfil do cargo, além de ser bonito e simpático. — Jonathas, o responsável pelo prédio, me elogia. Henrique está ao seu lado e me olha com um sorrisinho de canto.

— Iria ser um prazer trabalhar com você, Isaac. — Ele fala e eu sinto ânsia.

— Muito obrigado, Jonathas. — Agradeço e ignoro o outro, que apenas me olha de canto e morde a tampa da caneta.

Ele tentou ser sexy, mas pareceu mais um louco comendo uma tampa plástica. Minto para Pedro, dizendo que o cara me esnobou e que eu não fazia o perfil do cargo. Minto mais ainda, dizendo que me senti humilhado e que só quero ir embora. Ele fica putasso e quer descer do carro e acabar com a raça do filha da puta - como ele mesmo disse - com as próprias mãos. Não o deixo fazer isso e seguimos para casa. Antes de chegar em casa chega uma mensagem de um cliente e é Pedro o primeiro a ver. Finjo não ter visto a mensagem, mas vi e sei quem é.

— Quer sair à noite? — Pedro pergunta antes de parar de frente a minha casa.

— O que eu ganho com isso? — Brinco sem o encarar. Sei que ele só está me convidando para eu não sair com Felipe, o cara que mandou a mensagem.

— Minha companhia não te basta? — Se finge de ofendido e eu gargalho de sua cara.

— Eu aceito, seu idiota. Nada de jantar. Vamos curtir uma praia? Eu, você e a Amanda? — Sugiro e ele sorrir.

— Com música ao vivo? — Ele se empolga e eu sorrio mais ainda. — Eu levo meu violão. Às 19h eu passo aqui com Amanda para irmos. Se preciso eu falo com seu pai...

— Não precisa. Eu sou responsável por mim mesmo, mon cher. — Interrompo sua fala e ele faz cara de deboche.

— Eu já te disse, né? Que você fica sexy falando francês... Se continuar assim...

Uma Droga Chamada Amor.Where stories live. Discover now