O Iglu de Thomas

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A nevasca era forte, a dificuldade de enxergar maior ainda, as penas da coruja começavam a acumular neve e ela quase sumia meio à paisagem pálida, o vento frio cortava o rosto de henry e congelava seu nariz, a caminhada era de fato arduosa.

- Já estamos chegando? Estou me sentindo mal. - disse Henry batendo o queixo.

"Calma garoto, já consigo avistar nosso destino daqui"

Em meio aquela agitação branca pôde-se ver uma luz laranja de forma circular ao que julgava Henry há uns 450 pés de distância

"Deve ser ali". Pensou o garotinho.

Os passos afundavam mais e mais na neve, a caminhada estava pesada e a visão bastante embaçada, os ossos dele tremiam e a neve que envolviam seus pés deixavam seus tornozelos dormentes de dor. Quando foram se aproximando Henry pode entender melhor o que estava a sua frente, era um iglu que se disfarçava no meio da neve, tinha janelas redondas e era de lá que vinha a luz, deveria haver uma lareira acesa lá dentro.

- Que bom, mais companhia! - exclamou o jovem, tentando se manter otimista frente às adversidades.

Andaram pesadamente por cerca de mais 10 minutos. A coruja com os olhos apertados, quase sumindo, como se não suportasse mais o frio bateu à porta do iglu.

- Ferdinand? É você? - indagou a voz atrás da porta. - Claro, quem mais poderia ser? - continuou.

"Sim, sou eu Thomas e trouxe companhia."

Por um breve momento que mais pareceu uma eternidade houve silêncio. Talvez a voz desconhecida ponderava se era seguro abrir a porta para os dois viajantes. A quietude foi interrompida pelo som de trancas se abrindo. O homem abriu a porta rapidamente e logo acolheu ambos, que estavam quase congelados. Ele era um rapaz alto de cabelos negros e olhos inteligentes, usava uma boina, óculos arredondados, um cachecol alaranjado, vestia um sobretudo verde-musgo e luvas de dedos gastas.

- Ferdinand, quem é esse garoto? Bem não importa, vou preparar um chá e banho quente para vocês.

Ao entrar no iglu Henry teve a mesma sensação de antes, que essa "casa"' se assim podia dizer, era maior por dentro do que por fora, ou melhor podia sim chamar de casa, diferente dos iglus que Henry conhecia por histórias esse parecia bem aconchegante, um verdadeiro e acolhedor lar. Henry pode observar todo o chão de madeira envernizada que brilhava como novo, uma lareira que esquentava todo o ambiente por dentro, viu uma poltrona grande e macia, observou o fogão em que o rapaz esquentava água, viu uma cama um tanto quanto pequena, extremamente arrumada com um edredom de algodão que parecia muito confortável, notou também diversos papéis enrolados, dobrados e amassados sobre a mesa do rapaz, entre eles mapas e plantas de construções dos mais diversos tipos, também haviam engrenagens soltas na mesas e várias peças de construção, Henry pensou que aquele rapaz podia ser um "Inventor" igual seu irmão mais velho e assim novamente sentiu saudade de Thomas, "Ah Thomas, por onde anda você?".  Seu pensamento foi interrompido pelo gentil rapaz voltando com um bule, trazendo uma xícara de chá para Henry e colocando seu cachecol em volta do pescoço da coruja. Um aroma doce de leite, mel e canela inundou o ar, trazendo novamente memórias a Henry, ele amava aquele chá, era o que sua mãe preparava para ele.
Então de repente tudo fez sentido na cabeça do garoto de 6 anos, quase como terminar um quebra cabeça ele solucionou todo o mistério, aquele gentil homem em sua frente era Thomas Wood, seu irmão mais velho há muito desaparecido.

Henry's Tales (Título Provisório)Where stories live. Discover now