A Chegada

514 2 10
                                    

- Oito, nove, dez! Prontos ou não, lá vou eu!

- Sai Henry, eu já tô escondido aqui.

- Henry, aqui só cabem dois, procura outro lugar.

- Droga, preciso me esconder rápido!

A cozinha foi o único lugar que sobrou, Henry então no desespero olhou para o fogão que estava vazio e pensou: "Aqui é perfeito!", se escondeu lá dentro e fechou a tampa.

- Que estranho até agora o Calvin não me achou.

- Já sei! Foi o ótimo esconderijo que achei hehe, mas... Mas eles estão demorando muito e aqui tá muito escuro, escuro até demais... e também está...frio? Fogões não costumam ser frio desse jeito. - pensou.

Então Henry olhou ao seu redor e viu pontos brilhantes na escuridão profunda que residia, estranhou muito aquilo e pensava que pareciam estrelas, inclusive jurou ver uma cadente rasgar o suposto céu, que de céu não tinha nada, afinal ele estava num fogão e disso estava certo.

- Passou tempo demais, acho que a brincadeira acabou. Vou sair daqui agora mesmo!

Henry não conseguiu achar a tampa do fogão para abrí-la, inclusive não se sentia apertado dentro daquele pequeno espaço, seria o fogão da mamãe maior por dentro do que imaginara? Henry perdeu a noção de quanto tempo passara. Então foi quando ele sentiu uma leve brisa no cabelo e se perguntou o que estava acontecendo. Um frio na barriga tomou conta dele, que sensação estranha era essa? A brisa se tornando ventania e a barriga agitada como se estivesse em queda livre, afinal ele estava!

-Socorroooo! Estou caindo! Alguém me ajude, alguém me tira daqui!

Henry em sua juvenil mente de uma criança de seis anos não conseguia assimilar o que estava ocorrendo diante de si, momentos atrás se escondera no fogão e agora estava em queda livre? Enquanto Henry caía podia ver silhuetas de criaturas correndo de um lado para o outro como se estivessem a brincar, mas isso estava longe, muito longe e de fato isso não era uma preocupação para agora pois estava caindo e logo chegaria ao chão. Henry conseguia ver o chão se aproximando cada vez mais e então pensou que era o seu fim.

*Plof*

-Aaaaaaaai.

Exclamou, mais por força do hábito do que por dor, pois seu impacto com o solo doera menos que a picada de uma formiga, aliás fora uma queda tão macia que pareceu estar deitado no travesseiro de penas de ganso da mamãe.

- Ué isso não doeu, que bom que estou bem, pensei que eu fosse morrer.

- Mas agora, onde estou? Hmmm esse lugar não me é nada familiar.

Olhou ao redor e se viu numa zona de intercessão de cenários, de onde acabara de cair para trás era uma escuridão profunda como se houvesse uma noite densa, mas de onde estava em diante era uma paisagem ensolarada de uma cidadezinha, salpicada com casinhas coloridas nos mais diversos formatos. Foi se aproximando da cidadezinha e não soube porquê mas aquilo lhe dava uma sensação inexplicável de alegria somado a nostalgia, podia sentir o cheiro do pasto e o ar fresco que rodeava aquela cidade, se sentia feliz lá e por um breve momento se esqueceu de toda a loucura que havia acabado de acontecer com ele. Apesar de bonita a cidadezinha parecia deserta, não conseguia ver uma viva alma por lá e aquilo o assombrou.

- Cadê todo mundo? - disse querendo chorar, rapidamente se lembrou de tudo que acabara de ocorrer e sentiu saudades da mamãe, dos amigos, de Calvin e também do Papai que estava trabalhando no sítio de escavação e ficou longe de casa por bastante tempo. Também sentiu saudades de Thomas, seu irmão mais velho, que já não via há tanto tempo que a imagem de seu rosto começava a se esvair de sua mente. Enxugou a lágrima dos olhos e foi andando de casa em casa em busca de respostas

Henry's Tales (Título Provisório)Where stories live. Discover now