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Selina Narrando.

Paraisópolis - 07:00 am

Mais um dia que começa nessa minha vida, mas agradeço a Deus por me permitir mais um dia de vida, apesar dos pesares sou grata pela minha vida, por ser uma pessoa saudável e poder viver.

Me levantei, meu irmão não estava em casa, senti um frio em minha barriga como de costume como toda vez que ele some, a preocupação é rotineira, mas Deus sabe de todas as coisas, espero que um dia meu irmão hà de encontrar sua salvação, pois eu o amo.

Coloquei a água para ferver para mim fazer meu café, enquanto ele esquentava fui ao banheiro fazer minhas higienes e colocar meu uniforme de serviço, eu trabalhava no mercado da comunidade, era pequeno, mas era muito movimentado.

A água ferveu e fui fazer o café e junto comi pão com manteiga, escovei meus dentes, passei meu perfume e apenas coloquei um colar simples, não gostava de me maquiar.
Antes de sair dei uma organizada na cozinha e sai fechando a porta.

Desci o morro sentido ao mercado, seu Antônio já tinha abrido e tinha poucas pessoas já comprando algumas coisas, especificamente pão e leite para o seu café da manhã.
Abri o caixa e comecei a passar as compras do pessoal, sempre sendo muito simpática com todos.

Incrivelmente essa comunidade é enorme, é praticamente uma cidade dentro de outra cidade, aqui hà 100 mil habitantes é muita gente mesmo.

Hoje era sábado, então ia dar movimento, Rafinha logo chegou em meu caixa com uma garrafa de whisky e algumas latas de enérgico e algumas cervejas, ele era traficante, todos sabiam disso e ele não ligava em demonstrar que era contra lei, tinha várias tatuagem com apologia ao crime e eu achava elas muito feias, ele já foi preso 2 vezes e saiu de lá pior do que quando entrou, mas ele não era o tipo que se achava, respeitava a todos e era simpático, aqui os traficantes não podem desrespeitar ninguém muito menos um cachorro, aqui eles não andam armados e muito menos vendem drogas pra todo mundo ver, eles são bem discretos.

Rafinha: Bom dia Selina - disse sorrindo, ele já havia dado em cima de mim algumas vezes mas eu ignorava, mas era simpática com ele.

- Bom dia

Passei as coisas deles, por um milagre ele não deu nenhuma indireta, mas fiquei desconfortável com a maneira que ele me olhava, ele não fazia meu tipo, aliás nenhum homem faz meu tipo, a minha meta é colocar meu irmão em uma clínica de reabilitação e conseguir uma casinha pra nós.
E homens como o Rafinha são extremamente perigosos, não quero estragar minha vida me relacionando com traficante que amanhã pode acabar sendo morto ou preso, sem contar que eles matam, roubam e agridem quem deve pra eles, já perdi a conta de quantas vezes meu irmão já apanhou deles, era horrível ver, eu ficava desesperada.

Sim, meu irmão é usuário, ele fuma maconha, pó e as vezes usa crack e quando ele usa crack ele some por dias, como dói ver ele nessa situação eu me sinto uma inútil em saber que sou falha e não consigo ajuda-lo, meu irmão merece ser feliz e sair dessa prisão que é a droga.
Eu já paguei várias dívidas dele, na verdade eu não, eu colocava em um envelope e entregava para um amigo meu levar na boca, o Douglas ele é um amor de pessoa sempre me ajuda nesses quesitos, morro de vergonha até de passar na frente de uma boca de fumo.

Já era 12h meu horário de almoço, peguei minhas coisas e subi para minha casa, abri a porta e ele não estava lá, meu coração doeu. Fiz um miojo e tomei um suco, lavei o que tinha sujado e fiquei deitada na cama até dar a hora de voltar a trabalhar, eu gostava de trabalhar lá, seu Antônio me tratava bem, e a maioria dos clientes eram educados.

As 13h30 subi novamente para o mercado e assim se foi mais um dia exaustivo de trabalho...
Quando deu 19:00 fechamos o mercado e demos uma organizada, então sai as 19h30, quando estava saindo encontrei minha amiga Malu, doidinha que só ela

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