EPÍLOGO

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ASHLEY

Se passaram três anos desde que flagrei o assistente da minha professora no estúdio de dança e o fiz a proposta mais inusitada e idiota de todas, mas que graças a ela nos trouxe até aqui. Três anos de um namoro intenso, de brigas como, por exemplo, esquecer a toalha no sofá por ter que correr direto para o trabalho, por não impedir de Jack estragar outra almofada, ou decidir a decoração da nossa casa.

Sim, nossa casa.

Henry começou a trabalhar para meu pai assim que voltamos para casa depois dos momentos incríveis na cabana. Ele se matriculou em uma faculdade de contabilidade a quarenta minutos de casa e isso se seguiu durante um ano e meio, até decidirmos comprar uma casa que fosse mais perto do trabalho e da faculdade. A faculdade acaba ano que vem, mas meu namorado já está pensando no que fazer quando a formatura chegar.

Ele tem aquele apego a números que eu nunca entendi, e vê-lo falar com meu pai sobre coisas da empresa em um tom sério e formal em nossos almoços de família só me faz pensar em chutá-lo. Mas nós sempre acabamos transando depois, porque ele é simplesmente irresistível quando sorri de um jeito malicioso e ajeita a gravata, sem contar nas provocações por debaixo da mesa.

Os anos não foram nada fáceis, como aparentam. Foi um longo tempo tentando ajustar nossos horários, algumas das minhas viagens para me apresentar, seja em solo ou em grupo, a faculdade de Henry o fazendo chegar tarde e tão cansado até cair de exaustão na cama, tendo que trocar algumas palavras apenas por alguns minutos antes de termos que sair para trabalhar. Minhas crises quando estive fora do país e ele do outro lado, desesperado sem saber como me ajudar, as sensações estranhas, e então, nós dois dormindo juntos de novo. Nossa vida foi uma montanha russa até aqui.

Eu consigo abrir as portas sem medo, passar por elas sem me lembrar de me certificar que não tem ninguém que se pareça com Marcelo do outro lado. Posso dizer que estou no caminho certo, e com o apoio certo.

— Você está mágica esta noite, baby.

Um sorriso surge imediatamente em meus lábios, é como um imã. Ele surge sempre que ouço a voz de Henry. Giro meus calcanhares, focando no homem de camisa cinza de mangas longas, com uma calça social cinza e sapatos pretos. Os anos caíram bem para Henry, e o tempo na academia só o deixou ainda melhor. Quando Henry me convidou para uma viagem de negócios, prometendo que iríamos jantar e passaríamos mais tempo juntos, não imaginei que seria logo em Chiang Mai. Me vi ajeitando as malas depressa, louca para vir.

— Estou, é? — levanto uma das sobrancelhas, sorrindo.

Seus braços rodeiam meu corpo, é incrível como mesmo depois de tantos anos juntos, eu ainda me sinta derreter quando estamos tão perto assim. Estou sorrindo quando Henry decide beijar meus lábios com doçura e até com uma pitada de sedução lenta.

— Temos um último lugar para ir, então precisamos nos apressar.

Franzo a testa.

— Onde?

Meu namorado sorri, afastando suas mãos para enfiar uma delas no bolso da calça tirando um lenço vermelho, que combina perfeitamente com o vestido que estou usando.

— Surpresa — solta uma piscadela. — Confia em mim?

— Eu deixaria minha vida nas suas mãos, sabe disso.

Ele sorri, aproximando a venda e tampando minha visão. Imediatamente sou tomada pela curiosidade, e mesmo quando sou pega no colo não me contenho em perguntar baixinho para onde estamos indo. Ouço a porta do carro se abrir, e então sinto o couro do banco do carro.

Uma dança para o amor [CONCLUIDA]Where stories live. Discover now