CAPÍTULO 25

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HENRY

Quando penso na noite em que Ashley me encontrou dançando, me pergunto se ela notou que aquela era a minha última dança. Dançar sempre me conectava à minha mãe, todas as minhas lembranças com ela pareciam aos poucos sumirem, e dançar tornava tudo doloroso demais, me fazendo sonhar com coisas que jamais teria.

Aquele encontro nunca deveria ter acontecido, mas aconteceu. E porra, ainda bem. Quem eu continuaria sendo se não fosse essa mulher? Quem um dia eu chegaria a ser?

É pensando nisso que deixo que minha mão escorregue até a sua sobre a mesa, deixando a vista para o casal e as crianças. Soube que Emma não poderia vir, o que preocupou um pouco Ashley, que prometeu que ligaria mais tarde.

Henrique olha a minha mão junta a da sua filha, mas mal parece se incomodar desta vez. A partir do instante em que peguei todas as minhas poucas coisas em casa, Henrique tomou uma atitude diferente comigo, como se não precisasse apertar os olhos e se incomodar a toda vez que olhasse para mim. Durante a viagem ele foi gentil, diferente de todas as outras vezes em que nos encontramos.

Como se eu fizesse parte da família.

Claro que Ashley perguntou o porquê das minhas coisas todas estarem aqui, e claro que prometi que lhe daria uma resposta mais tarde, quando todos fossem embora. Apesar da curiosidade explodindo em seus olhos, a loira se conteve com um acenar de cabeça e um abraço confortante.

Gostava dessa nova vida que estava por vir. Do apoio que sabia que teria, dos momentos românticos que eu podia planejar sem culpa, do planejamento de levar Ashley para assistir as lanternas flutuantes de verdade, porque sei que ela ficaria linda olhando para elas.

Amá-la é fácil demais, conhecê-la e adorá-la é quase tão inevitável quanto respirar. Você precisa disso, necessita disso para viver.

Ashley Miller é o meu oxigênio, e de um jeito nada tóxico.

— Por que está me olhando assim? — sussurra, trazendo seus olhos perfeitos para mim.

Não consigo segurar um sorriso caloroso ao vê-la assim tão perfeita ao meu lado. Eu me sinto exposto, e não ligo porque mesmo que pareça perigoso demais, estar vulnerável para ela é perfeito. É preciso. Não há como amar alguém e não se deixar ser vulnerável. O amor é assim.

A arma mais perigosa e perfeita.

— Estou sempre olhando para você, Miller. Sem exceção.

Ela sorri, olhando em direção a mãe. Isabela é uma cópia mais velha de Ashley, dona de uma beleza pura e coração cheio de amor. Seus olhos brilham ao olhar para a própria filha, é como uma mensagem silenciosa que só as duas entendem, eu gosto disso.

O jantar decorre por mais um tempo, até a hora da sobremesa chegar. Ashley me ajuda a colocar a louça suja na pia, o que agradeço com um beijo em sua testa e logo seguro a torta de limão, levando com cuidado até a mesa.

— Isso é o que eu chamo de uma boa tentativa de impressionar o futuro sogro! — exclama Isabela, já ajeitando o espaço na mesa.

— Ele quer dar beijos na minha irmã? Por isso fica dando comida para o papai? — Saulo perguntou, olhando fixamente para a mãe.

— Não seja bobo, Saulo — disse Nicole. — Todo mundo conquista alguém com alguma coisa. Minha amiga Abby diz que a mãe só casou com o pai dela porque ganhou ele pelo estômago.

O garoto pensou, flexionando um pouco os lábios.

— Mas e se você não quiser comida? — perguntou a irmã. — Eu ganho o que?

Uma dança para o amor [CONCLUIDA]Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang