Quando em Aspen

cap 23.

Mark.

Flashback on.

13 de janeiro de 2012.

00:43 am

Um mês antes do casamento.

Bufo impaciente enquanto esfrego as mãos no rosto tentando afastar o cansaço, respiro fundo me alongando na cadeira do escritório e afrouxo a gravata um pouco mais antes de retomar com as contas.
Meu celular apitou com mais uma mensagem, provavelmente de Leigh ou Lisa me perguntando que horas eu chegava, mas o aparelho estava perdido em meio à bagunça e eu não estava afim de procurar.
Algumas folhas se iluminam de repente com o sinal de vida do telefone enquanto ele vibra com mais uma ligação por baixo dos papéis.

Solto um grunhido de nervoso tentando me concentrar e finjo não me importar com o ruído novo no silencioso andar inteiro do escritório de administração.
A tela se apaga e eu volto a focar na papelada, mas minutos mais tarde tudo volta a se repetir e eu largo a caneta irritado afim de desligar o telefone finalmente.
Tateei pela mesa a procura dele, abri a tela e vi que a última mensagem era da Lisa, como também todas as demais 100 anteriores.

Desisto de responder a mensagem por hora e ameaço largar o telefone de lado outra vez, até que ele toca ainda nas minhas mãos e eu sou obrigado a atender.

— oque você quer? - bufo impaciente e minha voz acaba saindo grave demais.

— nossa, oi pra você também.. - Lisa reclama.- achei que já devesse estar em casa essa hora, sabia que estou te ligando a horas?

Esfrego uma mão no rosto enquanto seguro o celular contra o ouvido e respondo sem ânimo.

— sim Lisa, eu sei. Estou a horas tentando me concentrar no que precisa ser feito e não consigo terminar justamente porque VOCÊ não para de me ligar. oque foi?

Agora é ela quem bufa irritada do outro lado da linha.

— argh! você está agindo feito um imbecil sabia?! eu só estava preocupada! você nunca demorou tanto assim para me responder, eu…

— Lisa..LISA! - a interrompi.- eu estou trabalhando okay? estou extremamente ocupado aqui, e se não for estritamente importante gostaria que esperasse até amanhã. 

Ela ficou em silêncio por um momento e então concordou.

— ta bom.

Nem de longe parecia que tinha acabado, mas por hora ela decidiu que não compensava mais insistir, então eu teria algumas horas em paz.

— nos falamos depois então, boa noite.- desliguei e joguei o celular numa gaveta logo depois de colocar no modo avião.

Eu sabia que tinha exagerado com ela, mas ainda sim precisava ser mais forte ou jamais daria conta de tudo sozinho.
Desde que meus pais se foram, eu me sinto pressionado a fazer tudo dar certo e ter que cuidar da empresa e da Leigh não era oque eu me imaginava fazendo agora.
Pelo menos não antes de concretizar outros planos com a Lisa.

Mas esses planos mudaram no dia que soube da morte deles, no minuto em que me vi contra a parede tendo que escolher entre o negócio da família e viver uma vida mais leve, mais livre de responsabilidades.
Eu não tinha escolha, aquilo era o legado do meu pai, era tudo oque me restou dele. Foi a única coisa que deixou pra mim, então eu tinha que insistir, tinha que continuar.
Eu precisava ficar na empresa e manter o sonho dele vivo, ou nunca me perdoaria por não estar lá quando ele teve que partir.

…….

Acordei com um cutucão nas costas e me remexi sentindo dolorido.
Olhei em volta e percebi que havia dormido em cima da papelada de novo. Levantei a cabeça da mesa e vi Dorothy parada bem ao meu lado segurando uma pequena garrafa de café.