| CAPÍTULO 1

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MBAPPÉ

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MBAPPÉ

    Observo a ponta dos meus dedos ficarem cada vez mais roxo a medida que continuava a cravar minhas unhas em cada um, sentido a dor tomar todo o espaço de tudo o que estava sentindo um segundo atrás. Fecho os olhos com força até sentir um encômodo nos dois e respirei fundo.
Agora eu não estava sentindo nada, se fizesse esforço poderia até esquecer onde estava. Tudo que sentia agora é dor. Uma dor boa. Uma dor que alivia.

    Tento pensar em qualquer outra coisa, mas se nem a dor poderia me ajudar muito naquele momento, é improvável que eu consiga pensar em qualquer em outra coisa.

    Ouço os passos do meu pai cessarem. Agora ele vai olhar pra mim interessado para saber o motivo que até agora eu não me levantei e  peguei o objeto mais próximo, que por acaso é o celular dele, e ainda não joguei contra uma parede próxima. Tenho certeza que ele deve achar que eu jamais faria algo com um objeto tão importante para o trabalho dele, que continha informações que levaria meses para recuperar novamente. E ele está certo, eu não jogaria contra parede nenhuma.

    Eu partiria em pedaços com as minhas próprias mãos.

    Respiro fundo mais uma vez porque de repente a ideia tornou-se incrível de uma hora pra outra e me condeno mentalmente por ter passado isso pela minha cabeça.

    Meu pai retoma a sua caminhada irritante. Não preciso abrir os olhos para saber que ele está caminhando de canto em canto daquele escritório com uma mão na cintura e a outra no queixo enquanto passa a ponta do dedo indicador na parte inferior dos lábios. Naquele momento está se passando diversas ideias, consequências, e também não é nenhum esforço incluir um espacinho só para armazenar os mais diversos insultos e xingamentos para mim, que tenho certeza que vai utilizar cada um daqui a pouco.

    Wilfried Mbappé é a cabeça responsável por fazer nossa família e minha carreira funcionar. É o homem que eu mais amo e respeito no mundo, não apenas por ser meu pai, mas por tudo o que fez e faz por mim.
Ele está sempre do meu lado, em qualquer situação. É ele que sempre arruma uma saída racional para qualquer situação que eu me meta. Eu sei que ele se eleva ao máximo pra aguentar o meu jeito, o que não é qualquer um que faz. Mas eu também o conheço o suficiente para saber que ele já chegou no limite.

— você ouviu tudo o que eu lhe falei, Kylian? — não precisa ser nenhum Deus pra saber que ele estava se esforçando para não explodir. Eu não respondo. — bom, não importa. Ele está já chegando. — aquela nova informação despertou uma onda de curiosidade em mim. Diminuo a pressão das minha unhas sobre a pele, abro meu olhos e finalmente olho diretamente para ele. Meu pai estava um pouco longe de mim me olhando fixamente, acompanhando todos os meus movimentos. Ele leu a pergunta que estava explícita no meu olhar. — vamos tratar dos últimos negócios. Eu o conheço faz alguns anos e é uma boa pessoa...considerando o tipo de gente que ele é e o que faz. Passamos esses últimos dois meses conversando e ajustando nossos negócios. Vai beneficiar tanto ele quanto a você. — mal espero a última palavra sair da boca dele, salto da cadeira e caminho em sua direção. Ele não se surpreende. É óbvio que não.

 SANS COEUR | MBAPPÉ Where stories live. Discover now