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Raylla

Minha vida sempre foi fácil, afinal, meu pai é um grande empresário no ramo dele. Então, sempre tive tudo o que eu quero. Afinal, tudo o que peço, ele me dá. Posso até parecer mimada, mas não sou,eu só deixo ele fazer isso...

Medicina sempre foi meu sonho. Minha mãe atuava nessa área até o acidente que tirou a vida dela. Meu pai ficou arrasado. Eu tinha 17 anos na época. Depois disso, ele se dedicou a me criar e dar o melhor para mim, que sou a filha única dele. Eu deixo ele me mimar, por isso amo ele. Mas ele não gostou quando disse que ia fazer Medicina igual a ela. Acho que ele tem algum receio de que o mesmo aconteça comigo. Mas fiz uma promessa a ele de que nada iria acontecer comigo, e então ele me deixou fazer a faculdade. Ter meu pai me apoiando é muito bom. Quero dar esse orgulho para ele.

Termino de me arrumar para ir deitar, pois amanhã tenho um compromisso importante para fazer.

Quinta-feira, 06:00 da manhã.

Levanto com meu celular despertando. Me sento na cama, esperando a alma voltar para mim. Olho para a cadeira pensando em como esqueci de separar minha roupa para hoje, vou ao banheiro, tomo meu banho e escovo os dentes. Quando saio, vou ao meu guarda-roupa e vejo o que vestir para hoje. Já que é um dia importante, pego um vestido preto com brilho nas pontas e decote nas costas, e uma sandália de salto médio também preta. Coloco um brinco em formato de gota e um colar do mesmo modelo. Passo perfume e olho a maquiagem rápida que fiz.

Desço a escada e papai está me esperando na sala, vestindo um terno azul escuro. Ele continua bonito, agora na casa dos quarenta anos, mas parece ter trinta. Saímos e, quando chego no carro, percebo que esqueci minha bolsa em cima da cama.

- Pai, esqueci minha bolsa. Já volto, é coisa rápida. - Entro correndo em casa e subo as escadas. Chego no quarto, olho em cima da cama e não vejo a bolsa.

- Será que deixei em outro lugar? - Olho rapidamente pelo quarto e vejo minha bolsa caída perto da porta do guarda-roupa.

- Que estranho, não me lembro disso. - Pego e desço de novo correndo porque estamos atrasados
Quando entramos no carro, o motorista dá partida e começo a mexer no meu celular, falando com Estella. Estou conversando com ela quando meu pai chama minha atenção com uma coisa absurda.

- Raylla, preciso falar algo importante com você. Eu arranjei um casamento para você. Você vai se casar depois que se formar.

Paro de mexer no celular para ouvir atentamente o que ele acabou de dizer. Eu acho que acabei ouvindo errado, porque não é possível um negócio desses.

- Como é, papai? O senhor disse o quê? Que eu vou me casar com quem? Como o senhor pode decidir isso por mim? Já passamos dessa época. O senhor não pode mais decidir com quem eu vou casar. Quando eu me formar, ainda tenho minha residência para fazer. Como o senhor quer que eu me case logo depois de me informar?

- Pai, desculpe, mas isso não será possível. Eu não vou me casar só porque o senhor quer.

- Raylla, já está tudo acertado com a família Salvati.
Eu ouvi direito? A família Salvati? Não acredito nisso! Eles são as pessoas mais ricas que conheço

- Pai, não posso me casar com alguém deles. O senhor esqueceu que estou namorando o Alan?

- Não, não esqueci. Mas você vai terminar com ele, pois isso não vai pra frente. Daqui a um mês, você vai se casar com Marco Salvati - ele diz como se não fosse nada. Eu amo o Alan, como meu pai pode fazer isso?

Olho para ele desacreditada com o que acabei de ouvir. O carro para e chegamos ao nosso destino sem que eu perceba, pois ainda estou em choque com o que meu pai acabou de dizer para mim. Desço e vou direto para a lápide de minha mãe.

Hoje é o aniversário da morte dela e eu não consigo pensar em mais nada, só no que meu pai disse: "me casar" com um completo desconhecido, um cara que é arrogante e mesquinho como Marco. Todos o conhecem por ser frio, eu nunca o vi pessoalmente, ele nunca vai aos eventos.

E também não é muito de tirar fotos. Às vezes me pergunto se ele existe mesmo.

Mando uma mensagem para Estella marcando nossa saída hoje à noite para uma despedida de solteira de nossa amiga que vai casar amanhã.

E quem sabe eu esqueço essas coisas que meu pai me disse...



Sombras do DestinoWhere stories live. Discover now