Renata
02:12 da manhã e eu ouvi alguém tocar a campainha da minha casa, com certeza deve ser moleque querendo me tirar de tempo uma hora dessa. Tá com tempão que meu filho saiu daqui e não é possível que alguém ainda vem me visitar.
Tocaram de novo e eu fui andando devagar pra janela, afastei um pouco a cortina e vi um homem encapuzado. Saí rápido quando percebi que ele tava virando, me abaixei e fiquei caladinha ali no chão.
--- Renata?! - chamou cantarolando, batendo na janela. - Renata, meu amor. Abre a porta pra mim. - essa voz eu conheço bem, mermo depois de anos eu nunca consegui esquecer a voz desse verme, só não sei como ele descobriu onde eu moro. - sério que vai continuar fingindo que não tá aí? Eu só quero trocar idéia contigo.
Por uns minuto tudo ficou em silêncio e parecia que ele tinha ido embora, levantei e fui olhar novamente, mas dei de cara com ele e pelo susto acabei caindo. Meu coração acelerou tanto que parecia que ia sacar pela boca.
Ele esmurrou a grade da porta e eu levantei rápido indo pro meu quarto. Vesti uma jaqueta, colocando meu celular no bolso dela. Abri a porta da cozinha e corri pro quintal, pulei o muro e saí correndo pelo beco, indo pra casa da minha irmã.
Renata: Simone?! - chamei alto, esperando que ele não ouvisse, mas num deu outra, quando olhei já tava vindo correndo na minha direção.
Simone: Quem é?
Renata: Sou eu, Simone. Abre aqui, rápido.
Ela mal abriu a porta e eu entrei correndo, quando tentei fechar ele empurrou a porta, colocando a mão pra dentro, Simone bateu forte na mão dele com um bagulho de ferro que ela tirou não sei da onde. Ele gritou de dor, tirando a mão e só assim consegui trancar a porta.
Simone: Quem era? - perguntou baixo e assustada.
Renata: Grego. - tentei regular minha respiração.
Simone: E quem contou pra ele onde tu mora? - passou a mão no rosto, nitidamente preocupada.
Renata: Não faço idéia. - Simone pegou o celular, parecia ligar pra alguém. - coé?
Simone: Tô ligado pro Santos. - peguei rápido o celular, encerrando a chamada. - qual foi, Renata? - perguntou sem entender e eu fiz cara feia pra ela.
Renata: Tá maluca? Falar uma coisa dessa pra Igor ele vai querer tirar satisfação com Grego e nós vamo se complicar.
Simone: Mais ainda? - ironizou sorrindo sem ânimo, cruzando os braço, olhando pra outro canto. - acorda, amiga. Nós já se complicou. Falava logo de uma vez e aí Santos ia saber quem o tio dele é de verdade.
Renata: Nem pense nisso. Eu não tenho certeza que era ele, ouvi só a voz mermo, não vi o rosto. Aí vá que não seja ele? - neguei com o dedo. - melhor nós num arriscar muito.
Simone: Mas e se for?
Renata: Vamo deixar isso pra lá, morô? Tenho caô o suficiente pra eu resolver. - balancei de leve os ombros dela, abraçando ela.
Não sei o que Grego pretende fazer, mas com certeza coisa boa é que não é.
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O Morro e Eu
FanfictionFamiliarizado com perdas, desde novo eu ando correndo. Não entende porque eu odeio surpresas, não entende porque eu odeio ter tempo. |Continuação de "Eu, o morro e ela".