39 | Final | Changements

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— Vamos lá então.

— O.k.

Jungkook, tenso, despediu-se de todos com um mero acenar de mãos. Não teve coragem de olhar Jimin e checar qual expressão o namorado acinzentado carregava. Jungkook mesmo considerava suas atitudes insuficientes para pessoas preciosas que estavam ali apenas para vê-lo dançar, apenas para apoiar aquele sonho que antes parecia só seu. Queria dar abraços e beijos. Queria agir como o Jungkook normal. Esperava poder ressarci-los depois.

E, sob o olhar preocupado de todos aqueles que ofereceram uma despedida de volta, Jungkook acompanhou sua mãe para fora do teatro.

-💋-

O restaurante era terrivelmente chique, e Jungkook, um peixe fora d'água. Remexeu-se contra a ponta do estofado coberto por veludo vermelho da cadeira, fingindo que não via os olhares direcionados a si — apesar de ter trocado o figurino do espetáculo para uma roupa de ginástica, nem a roupa de ginástica, nem sua maquiagem dramática cabiam no ambiente.

Seu corpo parecia pronto para fugir. Talvez pelo treino de uma vida inteira evitando olhares para que seus passos, mesmo que lânguidos, não chegassem aos ouvidos dos pais. Era ridículo, seu racional sabia que não precisava fugir porque sua mãe enfim sabia de tudo, mas o costume estava talhado em seus instintos mais básicos.

O caminho até o restaurante fora curto, mas inundado de desconforto. Nenhum dos dois sabia o que falar. Nenhum dos dois se conhecia o suficiente para oferecer um silêncio gostoso. Nenhum dos dois parecia querer estar ali.

Já haviam feito seus pedidos e a falta do que fazer ou dizer deixava a situação ainda pior. O silêncio continuou sendo protagonista até as refeições chegarem; foi coadjuvante enquanto o som dos talheres contra os pratos soavam; voltou ao seu posto como principal quando o jantar estava no fim.

Jungkook e Danbi estavam há quarenta minutos lado a lado e não trocaram nenhuma palavra além de um "saúde" após um espirro.

Danbi pigarreou. Jungkook levantou o olhar até ela.

Mas o silêncio continuou. Jungkook voltou a baixar o olhar.

Danbi pigarreou de novo e, daquela vez, o pigarro se misturou a uma frase, soando como uma tosse fora de lugar, muito destoante de sua aparência requintada:

— Filho, eu não concordo com a sua escolha de carreira.

— Acho que deu pra perceber já. — Jungkook suspirou de volta. Nem sabia se deveria ficar decepcionado. No final, o nervosismo foi trocado por um grande vazio, como se escancarasse seu peito para qualquer merda que viesse.

— Ser artista é algo muito arriscado, sabe?

— Sei, sim.

— Não há nenhuma garantia de sucesso, nem mínimo. Em profissões mais clássicas, mesmo que você não se dê tão bem assim, ainda consegue alcançar o "mínimo" sem tanto esforço.

— Pois é.

— Acho que vai ser bem complicado para você conseguir se sustentar apenas com dança.

— Acho que vai ser complicado mesmo.

Danbi voltou ao silêncio. E Jungkook, de novo com o olhar baixo por ser obrigado a concordar com coisas que já sabia e que já abraçara, voltou a encará-la. Ela mordia os lábios.

E ela voltou a falar:

— Eu não concordo, mas acho que não sou eu quem tem que concordar...

— Quê?! — Jungkook arregalou os olhos e quase perdeu o ar. Porém, logo se recompôs. Por mais inesperado que fosse, a frase ainda não significava nada.

Uma suposta facção de balé • jikookWhere stories live. Discover now