2 - IGOR - PARTE 2

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LIVRO INCOMPLETO. DISPONÍVEIS APENAS 4 CAPÍTULOS PARA DEGUSTAÇÃO.

Depois que os noivos se afastaram, as coisas ficaram mais tranquilas. Há sempre olhares e comentários sobre nós, mas Sury não parece se incomodar por isso. Na verdade, ela conversa com todos. Ignora os olhares atravessados, responde com bom humor quem tenta atacá-la com insinuações a nosso respeito e está verdadeiramente se divertindo. Vez ou outra, seu olhar vagueia entre a decoração, a lagoa, a banda e ela suspira, parece distante. Deve ser bem mais fácil fingir estar bem e feliz do que ignorar de fato que este deveria ser o casamento dela.

— Não sei o que você viu em alguém como ele, mas acho que se livrou quando ele a deixou — comento entre um canapé e outro.

— Já ouvi algo semelhante hoje — ela responde evasiva.

— Então não concorda?

— Concordar ou não, não faz diferença para o buraco que carrego no peito há cinco meses.

— Mas deveria.

— Por que você está aqui?

Olho em seus olhos e sorrio.

— O preço que vou cobrar de você vai fazer tudo isso valer a pena.

Ela me observa de volta com a expressão séria, pensativa, pela primeira vez desde que nos vimos esta noite.

— Eu devo ter medo?

— Se você for esperta...

— Não importa — responde dando de ombros. — Este é o dia mais feliz da minha vida. Você é meu super-herói favorito!

— Vai ser divertido te fazer mudar de ideia, e isso vai levar cerca de dez segundos quando eu te disser o que terá que fazer de volta.

— Desde que isso não me mande para a cadeia...

— Você está falando sério? — pergunto assustado olhando em seus olhos e ela ri alto, levanta-se da mesa e vai dançar na pista de dança, sendo mais uma vez o centro das atenções.

Sury é a alma da festa, e ainda assim, ele não se aproximou de mim em nenhum momento. Não que eu esperasse um cumprimento familiar ou uma demonstração de afeto depois de tudo. Nos últimos meses tenho enfrentado mais do que o luto por causa dele, afinal de contas.

Finalmente ele age, deixa a esposa em uma mesa e aproxima-se de Sury. Então era isso o que estava esperando, que ela ficasse sozinha. Vai falar com ela, não comigo. Eles conversam algo amigavelmente, aparentemente. Sury não parece assustada, ou alarmada. Pouco depois, eles vêm em minha direção, isso sim é mais do que eu esperava. Sury está confusa, mas mantém um sorriso no rosto quando se aproxima.

Silas não estende a mão para apertar a minha, apenas diz:

— Soube que estaria de volta ao país, Igor. Só não sabia que o motivo de sua vinda repentina era uma bela mulher. Parabéns pelo noivado.

— Obrigado.

— Não procure Estela, ela não quer vê-lo.

— Eu não tinha essa pretensão — respondo calmamente, levantando a taça em minha mão em sua direção.

Ele sorri aquele mesmo sorriso gélido e se afasta.

— Ele disse algo que a desagradou? — pergunto aproximando-me de Sury assim que ele some de vista. — Está tudo bem?

— Não, ele foi gentil. Apenas me elogiou, perguntou há quanto tempo eu o conhecia e onde nos conhecemos e disse que gostaria de cumprimentá-lo. Mas ele também disse que se chama Silas Werneck.

— É pelo nome que você está confusa? — Ela assente e seguro sua mão quando meu celular vibra no bolso do terno. — Silas Werneck é irmão do meu pai, Sury. Mas agora temos algo mais importante a fazer. Está pronta para encerrar esta noite e transformá-la na sua noite?

Ela franze o cenho e exibo a caixinha de veludo com a marca da Valentino's nela.

— O que pretende?

— Você queria um noivo mais importante do que seu ex, se queria apenas meu nome e companhia esta noite, escolheu o homem errado. Eu não faço as coisas pela metade.

— O que quer dizer? O que vai fazer?

— Você já vai saber, apenas aproveite o que será, de verdade, o melhor momento da sua vida.

Levanto-me, fazendo com que ela me siga e a levo em direção a ponte sobre o lago. Leio a mensagem de Astolfo confirmando que está tudo certo. Paramos no meio do lugar que possui realmente uma bela paisagem e a abraço apertado para poder sussurrar em seu ouvido.

— Aproveite enquanto estou sendo bonzinho, nunca mais você verá esse Igor. Esta noite não será lembrada como a noite do casamento de Isabela e Oscar Romero, e sim, como a noite do noivado de Sury Ferraz e Igor Werneck.

Ela se assusta boquiaberta e me ajoelho, expondo a caixinha dourada da Valentino's. A caixinha mais rara da rede de joalherias que herdei. Ela indica que a peça aqui dentro é única, feita com pedras raras e jamais foi ou será comercializada. Em toda história da Valentino's, apenas três caixas dessas foram feitas, sendo uma para o casamento da Princesa de Mônaco.

— O que quer que eu te diga agora, não será ouvido por ninguém lá dentro ou aqui fora, estamos distantes o bastante nesta ponte — digo a ela, ajoelhado à sua frente, sua expressão surpresa e meio boba é perfeita para alguém sendo pedida em casamento. — Este anel que colocarei em seu dedo custa mais do que todos os órgãos do seu corpo juntos então não o perca.

— Não estrague o clima, tente ao menos ser agradável. Você não disse que está sendo bonzinho?

— Não fale, este é o momento de o noivo falar! — ralho. — Tudo bem, o que posso dizer a essa estranha que acabei de conhecer e já me deu mais dor de cabeça do que eu poderia suportar? Bem, você me surpreendeu esta noite, e nem foi por estar vestida como uma fada erótica. — Ela ri alto e gosto do som de sua risada. — Levando em conta o relacionamento que estamos encenando, esperei que fosse fingir e bajular sua ex-amiga e o ex-noivo. Mas você foi sincera. Foi sincera na maior parte do tempo. Entendi que caiu em uma armadilha e que é péssima em escolher namorados e amigas. Mas é uma boa pessoa, Sury. É por isso que estou aqui, porque você é boa.

— Agora diga que me ama.

— O quê?

— A pessoas poderão ler isso nos seus lábios. Diga devagar e claramente para que todas elas leiam.

— Eu jamais disse isso a uma mulher.

— Não será de verdade, não seja dodói.

— Isso é mesmo necessário?

— Você quer estragar um momento de Igor Werneck de joelhos diante de uma mulher com uma caixa dourada da Valentino's por não querer dizer uma pequena mentira? Não seja covarde.

Respiro fundo, olho nesses olhos que estão mais escuros com a iluminação dessa ponte e digo claramente, num tom mais alto possível e devagar para que todas as fofoqueiras que nos olham agora possam ler meus lábios:

— Sury, eu te amo, case-se comigo.

— Sim! — ela praticamente grita.

As pessoas gritam também, aplaudem. Levanto-me e coloco o anel em seu dedo e não há outra coisa a fazer agora, antes que a parte B desse plano entre em ação e tenhamos que sair correndo em grande estilo.

— Está pronta para o gran finale? — pergunto.

— Para o quê?

Não há tempo para explicações. Meus dedos se infiltram entre os fios negros e macios de seus cabelos, minha mão se firma em suas costas e a trago de encontro ao meu corpo, no segundo seguinte, nossas bocas se encontram quando beijo Sury.

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Um ótimo final de semana pra vocês, amores.

Até terça.

DEGUSTAÇÃO - UMA PROPOSTA PARA O BILIONÁRIOWhere stories live. Discover now