— Ai, eu tô morrendo de vontade de comer um Burger King!

— Claro, vamos lá.

Bianca fez seu pedido e, enquanto estava procurando a carteira na bolsa, Bellini já tinha entregado o cartão para a atendente. Ela tentou protestar, mas ele casualmente a ignorou e a puxou pela cintura para o balcão de retirada.

— Agora você é minha propriedade — debochou, e Bianca ameaçou dar uma joelhada de brincadeira no saco dele: — Calma, tô brincando, tô brincando! — Então, trancou o riso. — Quer dizer, não é como se você conseguisse alcançar, com esse metro e meio.

— Idiota! Já me arrependi de ter vindo! — Ela fingiu irritação, mas estava se divertindo. Seguiram fazendo piadinhas enquanto esperavam o lanche e Bianca só percebeu que havia algo errado quando Bellini se sentou de frente para ela, sem nenhuma bandeja. — Calma, você não vai comer nada?

— Não posso. Eu tô numa dieta para ganhar massa. Comi antes de vir.

Nada?! Nem uma batatinha? — Bianca questionou, incrédula, só agora entendendo por que ele não tinha aceitado a pipoca no cinema. — Eu te dou minhas batatinhas...

Bellini riu, achando-a uma graça.

— Obrigado, gata, mas não posso.

— E o que você pode comer?

Bianca fez uma careta ouvindo sobre a dieta que envolvia uma quantidade assustadora de ovos e misturas pouco tragáveis de Whey. Já estava acostumada com Lisa tentando replicar dietas e exercícios de idols coreanos (felizmente ela sempre falhava, nada daquilo era muito saudável), mas ela nunca teve interesse em tentar seguir nada daquilo. A sua relação com o corpo não era impecável, mas jamais abdicaria de sair para comer algo gostoso com os amigos toda a semana.

E, enquanto ouvia Bellini contando sobre seu treino novo, percebeu que, afinal, eles não tinham muito em comum. Quer dizer, Henrique era extremamente legal e a fazia rir sem muito esforço (e ela definitivamente ficou toda arrepiada quando apertou seu bíceps, embora nunca admitiria), mas Bianca não tinha muito a adicionar em conversas sobre exercícios e esportes. Se divertiu genuinamente enquanto ele contava história sobre os campeonatos de futebol que participou pelo Cruz e Souza, mas se sentia meio estranha comendo sozinha.

Foi impossível não lembrar do dia em que ela e Daniel estavam indo para a lan house e pararam para comprar milkshakes. Ela não conseguia decidir entre dois sabores, então no fim ele escolheu um e ela outro, e trocaram seus copos na metade — e depois uns beijos, enquanto esperavam os amigos no sofá da lan house. Então Bianca fechou os punhos com tanta força que cravou as unhas nas palmas. Não! Estava tendo um date ótimo e não ficaria pensando nele.

— Ei! — Bianca se empertigou, quando terminou de comer. — Você quer ir no fliperama jogar alguma coisa?!

Bellini ergueu uma sobrancelha.

— A gente já não joga sempre? — brincou, bem-humorado. Então a viu murchar e imediatamente se corrigiu: — Vamos sim, gata, claro.

Ela abriu um sorrisinho. Antes de se levantar, tirou uma selfie rápida para postar no Twitter (Bellini recusou aparecer, sob a alegação de que os fãzinhos dela eram meio loucos e iriam tentar casar eles, e ela concordou) e comentou o quanto tinha amado o filme. Então levaram a bandeja dela até a lixeira e foram lado a lado para o fliperama.

Bianca destruiu Bellini no Air Hockey e nas duas partidas de Street Fighter que jogaram, mas o problema não era exatamente aquele. A Conceição adorava competir, ganhar e, sinceramente, até perder, desde que a disputa fosse boa. Henrique, por outro lado, claramente gostava apenas de ganhar. Sempre ficou evidente nas partidas de LOL que jogavam juntos, e ainda mais escancarado quando o grupo fez uma disputa de um contra um e Bianca ganhou dele usando o campeão que ele mais jogava.

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