°Prólogo

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minhas pernas estão cansadas de tanto correr. Não tenho mais forças. Já faz, eu acho, dois ou três dias que não como e nem bebo nada porque estou fugindo deles. Já se passaram umas três horas e não sei por que me trouxeram para o meio do mato e nem sei onde estou. O celular que peguei escondido tem pouca bateria e está sem sinal. Tenho que encontrar um lugar alto para subir e ver se consigo falar com alguém. Olho para trás e não vejo mais eles. Será que consegui despistá-los? Não paro para ver se sim.

Continuo correndo, mas acabo tropeçando em um galho e caio com tudo no chão. Mas não ligo, levanto e continuo a correr. Não quero dar tempo para eles me acharem. Olho para o céu, ainda bem que está escurecendo, assim consigo subir em uma árvore para ter sinal.

Meu Deus, que ele esteja procurando por mim, porque se não, eu posso acabar morta de fome e sede.

Escurece de vez, olho para trás e não vejo mais ninguém e nem ouço nada. Paro de correr para descansar um pouco, pois minhas pernas precisam. Olho em volta e procuro uma Árvore alta. Vejo uma que tem e começo a subir nela. Estou tão cansada que quase não consigo subir. Meus braços estão feridos pelos galhos pelos quais passei. Estou com fome e sede e não tenho nada, só o bendito celular que desliguei para não descarregar mais rápido. Olho em volta procurando alguém, tentando ouvir algum barulho de passos.

Nada, simplesmente nada. Só o absoluto silêncio. Nem os animais estão fazendo barulho, como se soubessem que algo está acontecendo.

O celular finalmente liga e eu deixo a tela o mais escuro possível. Levanto o braço para ver se consigo sinal.

Finalmente, tem um pouco. Mando uma mensagem para ele, falando o que aconteceu e que não sei onde estou, mas que mandaria a localização para que ele tentasse me encontrar o mais rápido possível.

Nenhuma resposta, nada. Será que ele desistiu de mim? Será que não se importa mais?

Continuo ali naquela árvore até adormecer. Levanto no meio da madrugada quando ouço passos por ali, por perto. Tento ficar o mais imóvel que consigo, nem respirar alto, até que Ouço alguém falando:

- Ela não está por aqui, ela já deve estar longe.
Paro de respirar para ouvir melhor.
Droga, são eles. O que eu faço? Fico aqui ou desço e vou embora?

Decido ficar, não arriscar ser pega.
Quando, de repente, ouço:

- Mas que droga, como vocês perderam ela? Vocês sabem o quanto ela é importante para o chefe.

Como é possível ele estar aqui? Ele morreu! Como está vivo? Meu Deus, todo esse tempo ele está vivo.
Olho para baixo e vejo ele, mas ele não me vê porque está escuro, mas eu vejo eles.

Eles passam por mim sem olhar para cima, ainda bem, se não iam me ver.
Ainda em choque por vê-lo.

O que ele quis dizer com "ela é importante para o chefe"?

Passa um tempo, vejo que eles seguiram em frente. Desço da árvore e pego outro caminho para não dar de cara com eles.

Olho para minha perna, minha calça está rasgada, meu joelho esquerdo ferido. Estou toda suja e, para piorar, estou sem forças para nada.

Caminho mais um pouco até que chego a um riacho e, quando estou bebendo água, ouço passos atrás de mim.

Cansada demais para começar a correr de novo, olho para trás e me deparo com ele, que eu pensei que não fosse ver nunca mais, a pessoa que pensei que gostava de mim, que eu amei de verdade, mesmo não querendo. Ele tinha uma parte de mim.

Vou dando passos para trás, me afastando dele, enquanto ele vem em minha direção. Eu realmente pensei que ele estivesse morto.

- Você estava morto. Como é possível que esteja aqui? Depois de tudo o que você me fez, depois de todo o sofrimento que me causou, mesmo eu te amando muito, você me fez sofrer.

Ele me olha de um jeito estranho que nunca fez antes, ou se fez, eu não percebi. Mais a forma como ele me olhava era de ódio, rancor e tristeza também. Continuo me afastando dele até que chego na beira de onde estou, olho para baixo e vejo que é uma cachoeira. Volto a olhar para ele e penso em tudo que aconteceu até aqui. Se tudo isso foi para eu morrer aqui, então que assim seja.

Até que ele diz isso:

- Te achei, Raylla. Agora podemos voltar.

- NÃOOO!

E a última coisa que eu escuto antes de pular desse precipício é tudo escurecer e eu não ver nem ouvir mais nada, pois bato com tudo em alguma coisa.

Resolvi reescrever espero que gostem dessa nova versão ❤️

Sombras do DestinoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora