BUTTERFLIES - obx.

8: O farol.

John B tinha certeza de que o pai estava tentando lhe mandar uma mensagem através da bússola.
O garoto ficou um tempão pensando em o que aquele Redfield
significava e agora está nos levando para algum lugar, onde ele acha que vai ter uma próxima mensagem do seu pai, ou alguma pista... Sei lá.
JJ, Pope e Kiara acham que ele está só em negação, não quer aceitar que o pai morreu. Eu entendo meus amigos, é estranho mesmo a história do Big John. Mas eu sei como dói não ter um pai presente, ainda mais quando só se tinha ele na vida.
Então, eu vou ajudá-lo até ao fim.

- Olha só, eu não preciso da terapia de vocês, tá bom? - ele falava para os amigos, exceto Scarlet, que não tinha nem aberto a boca ainda.
- Não estou viajando!

- O problema não é viajar, cara. Acontece que... - JJ é interrompido pelo amigo.

- O meu pai está desaparecido, tá?
Desaparecido.
Nenhum de vocês sabe o que é um pai desaparecer, e não ter ideia do que aconteceu.

Scarlet não iria tocar no assunto, ela apenas baixou a cabeça pois ela sabia sim, o que era isso. E de um dia para o outro ele não estar mais lá, nem no dia seguinte, nem no seguinte, nem no seguinte, e nunca mais.
Ela sabe que o seu pai está vivo, mas parece que ele não faz questão de saber se a filha está viva.

- Faz quase um ano. - Kiara sussurra para John.

- Aí, será que ele foi sequestrado?
—JJ pergunta.
- É uma possibilidade.

- Pode estar num submarino soviético sendo interrogado pela...

- É! Ou em Atlântida.

JJ e Pope se interrompiam tentando achar qualquer explicação para o desaparecimento do pai do amigo.

- Redfield... o farol de Redfield.
— John B diz estacionando.

- Tá, vamos fazer o seguinte.
Você fica aqui vigiando para a gente, ta bom? — John diz se virando para JJ.

- Peraí.. porquê eu?

- Porque você não vai. - Pope diz simples.

- Porquê?

- Olha JJ, existem variáveis dependentes e independentes, e você é uma variável independente.

- Cala a boca! CALA ESSA BOCA!
- O loiro começa a gritar com Pope.

- Você é imprevisível! - Pope continua.

- Chega! - John B grita.
- Escuta, JJ. Você vai ficar aqui com o Pope e a Scarlet.
Scarlet se encarrega de não deixar eles se matarem. - John B diz sério.

- Vou dar o meu melhor.
- ela diz brincando.

- Se a gente se desencontrar, vão pra casa do JJ. - Routledge continua dando as ordens.

Ele sai com Kiara.

- Vou trabalhar na minha redação para a bolsa de estudos. Estou tentando reduzir meus delítos ao mínimo. — O moreno falava enquanto caminhava para a Kombi.

- Será que dá pra calar a boca?
- JJ pede enquanto faz embaixadinhas com uma pequena pedra.

Scarlet bufa por estar ali com os dois garotos que não estavam se suportando no momento, e senta no chão encostada em uma árvore, pensando nos últimos acontecimentos da vida dela.
Nas vezes que quase morreu, no que o JJ ouviu no outro dia em casa dela, no porquê dele a odiar, no seu pai...

- JJ... - Scarlet chama fazendo o garoto se virar para ela.

- Quê?

- Ah... esquece. - Scarlet queria falar sobre o que aconteceu em sua casa naquela noite, mas ficou sem coragem no momento.

- Agora fala.

- Não, é só que... - Ela pensava em qualquer outro assunto.
- JJ? Seu nome é JJ mesmo? Não é possível que os seus pais tenham escolhido esse nome. - ela ri fraco.

- Vai se fuder, Scarlet. - JJ volta a se virar, segurando para não rir também.
- Merda. - Diz ao se ouvir uma sirene da polícia.

Corremos até à kombi onde estava Pope e ele dá partida. Agora, só restava rezar para que o John e a Kie não sejam pegos.

Fomos para casa do JJ como combinado.
Ao chegar lá noto o garoto meio tenso, mas não temos intimidade o suficiente para eu perguntar o porquê.

- Esperem aqui só um segundinho.
— O loiro diz entrando na casa e voltando um tempo depois.
- Podem entrar, não reparem na bagunça.

O cheiro de álcool entra rapidamente pelas minhas narinas quando dou um passo para dentro de casa.
Tem umas garrafas de cerveja espalhadas e algumas caixas de remédio em cima da mesa.
JJ pega tudo aquilo jogando no lixo.
Isso não era dele.

. . .